Criar um negócio e levá-lo adiante pode ser uma experiência incrível. Mas devemos encarar as dificuldades sem nos desconectarmos do propósito (Rafael Quick)
Da Redação
Publicado em 3 de julho de 2015 às 17h07.
Comecei a empreender em 1993. Passei em um concurso do Banco do Brasil para contínuo, mas nunca fui chamado. Com mais quatro amigos, comprei um computador 386, que tinha menos capacidade de processamento do que o celular mais simples de hoje.
Criávamos logotipos, convites de festas, composites de fotos para agências de modelos e cartazes para lojas. Foi sensacional. Entendi que minha missão era criar empresas. Já foram nove de lá para cá.
Nesse tempo, fui testemunha do boom da internet no início dos anos 2000 e da explosão da bolha meses depois. Mais recentemente veio a onda das startups e dos novos astros da tecnologia. Mark Zuckerberg (Facebook) e Elon Musk (Tesla) e os brasileiros Romero Rodrigues (Buscapé) e Fábio Porchat (Porta dos Fundos) são ídolos populares.
Mas empreender é difícil no Brasil. Há pouco apoio ao pequeno negócio inovador. A China vai dominar a manufatura. Israel, Inglaterra, Chile e Alemanha entenderam a mensagem: investem em inovação radical e criam empregos de alto impacto.
Os programas públicos nacionais de incentivo à inovação são uma piada de mau gosto. Dados do Dieese indicam que 99% dos empregos criados entre 2006 e 2014 são de até dois salários mínimos e meio. Empregos que nos próximos anos serão substituídos por tecnologia.
Sem uma cultura empreendedora forte, perdemos a conexão com o propósito, aquele item que deveria ser o mais importante para os empreendedores. Isabella Prata, criadora da Escola São Paulo de Economia Criativa, desabafa: “Empreendi, cresci e não gostei”.
Em um texto que toca nas feridas dos que lutam para empreender, ela lança: “Para todos os meus amigos jovens que ainda sonham e devem ouvir todos os dias que empreender é o caminho, faço uma pergunta: empreender para quê?” Faça essa pergunta a você mesmo.
Ela é fundamental para quem deseja tirar sustento de um negócio. Não pode ser só pelo dinheiro. Se for assim, você se pegará fazendo coisas que não sabe e não gosta.
Por que eu empreendo? Eu continuo com meus sonhos da era do PC 386. Porque acredito que a tempestade passará e que os inovadores serão os últimos a entrar em uma crise econômica e os primeiros a sair.
Porque espero ajudar a criar uma nação inovadora, do século 21.
E você, vai empreender para quê?
* Gil Giardelli escreve sobre inovação digital para a VOCÊ S/A. É professor do Centro de Inovação e Criatividade da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e da Miami ad School e presidente da Gaia Creative