Carreira

Ele trocou o mercado financeiro pelos negócios da família: ‘Herança sem preparo é um risco’

Rafael saiu do mercado financeiro e foi para a agência de luxo da família. Anos depois, voltou a estudar para liderar decisões de empresas que vão do turismo ao cimento

Guilherme Santiago
Guilherme Santiago

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Publicado em 21 de maio de 2025 às 12h00.

Última atualização em 4 de agosto de 2025 às 17h26.

Por trás de um legado, há sempre uma decisão. No caso de Rafael Atalla Buffara, essa decisão foi abrir mão do mercado financeiro para assumir o risco — e a responsabilidade — de ajudar a transformar os negócios da família. Não como coadjuvante, mas como protagonista de um novo capítulo empresarial.

Formado em Administração e com passagem pelo Citibank, Rafael traçava uma carreira promissora no sistema financeiro. No entanto, em 2007, atendeu a um chamado do pai para apoiar a Sete Mares Turismo – até então uma agência de viagens com foco em eventos médicos e corporativos. O que era para ser uma ajuda pontual transformou-se em uma reestruturação e posicionamento.

“Entrei em 2007. Percebi que a empresa tinha uma visão míope de gestão, muito focada no curto prazo. Eu comecei a notar gargalos financeiros”, explica.

Ao assumir a liderança, Rafael redesenhou o modelo de negócio e posicionou a empresa para o segmento de viagens de luxo. O resultado foi expressivo: a Sete Mares tornou-se uma das poucas agências brasileiras certificadas pelo selo americano Virtuoso, referência internacional no turismo de alto padrão.

 O despertar do conselheiro

A pandemia de Covid-19 revelou limitações em modelos de negócios baseados apenas em serviços. Diante desse cenário, ele optou por deixar a operação executiva e direcionar o foco para outro braço da família: o setor industrial.

Foi nesse momento que Rafael entendeu que, para participar dos conselhos das empresas familiares de seu lado materno – entre elas a CIPLAN Cimento, uma das maiores do setor –, seria preciso mais do que bagagem executiva. Era necessário dominar a gestão financeira e se aprofundar na governança. 

“Não tinha como participar sem entender o mínimo”, conta.

O retorno à sala de aula

Aos 42 anos, ingressou na primeira turma do FECC – Finanças Estratégicas para CEOs e Conselheiros, um programa da EXAME e Saint Paul criado para aqueles que desejam impulsionar organizações a novos níveis de rentabilidade.

"Voltar a estudar depois de 15 anos foi estratégico para estar alinhado aos temas tratados em conselhos"Rafael Buffara, sócio-diretor Sete Mares Turismo

O programa trouxe mais que uma atualização técnica. Reacendeu o domínio da contabilidade e introduziu ferramentas de valuation – fundamental no dia a dia do negócio – com maior precisão. “Além disso, o networking é latente e diferenciado na Saint Paul”, diz ele. Para Rafael, o FECC foi um divisor de águas. 

Primeira turma do FECC, da EXAME e Saint Paul (Arquivo Pessoal)

Legado com consistência

Hoje, Rafael ocupa posição em quatro conselhos. Além da Sete Mares Turismo e da CIPLAN Cimento, que hoje é controlada pelo Grupo francês Vicat, ele é conselheiro na Vertuos, uma investida de economia circular do fundo GK Partners, do empresário Eduardo Mufarej, e na holding familiar do Grupo Atalla. Ele é o único da terceira geração envolvido diretamente na gestão dos ativos familiares.

Mais do que manter a herança, seu foco é dar continuidade com inovação e propósito. Para ele, a responsabilidade de liderar não se mede por sobrenome, mas pela capacidade de transformar conhecimento em impacto duradouro.

“Herança sem preparo é um risco. Liderança sem repertório é um desperdício”, defende.

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