Carreira

Ele já faturou R$2 bilhões e agora tem uma nova mina de ouro

Empresário Fabio Gaia, que faturou bilhões com a Officer, agora aposta na ciência de dados e lança empresa que "lê pensamento"


	Fábio Gaia: seu novo mote é transformar informações em oportunidades de negócio
 (Divulgação)

Fábio Gaia: seu novo mote é transformar informações em oportunidades de negócio (Divulgação)

Camila Pati

Camila Pati

Publicado em 8 de agosto de 2016 às 15h00.

São Paulo – Por 28 anos, Fabio Gaia comandou a Officer, distribuidora de equipamentos de tecnologia da informação fundada por ele. Sob suas rédeas, a empresa chegou a faturar 2 bilhões de reais como a maior empresa de seu segmento em toda a América Latina.

Em 2013, Gaia deixou o comando da Officer passou a investir no segmento de alimentos naturais - é dono de uma fábrica e gerencia três marcas no segmento, entre elas a Svelte - e também na área de comércio eletrônico. Desde o ano passado, é CEO da Atma, que desenvolve plataformas de comércio eletrônico para empresas.

Agora, acaba de se lançar em mais uma empreitada. Na semana passada, colocou em operação a Biggy, uma startup com uma missão para lá de ousada: usar algoritmos que leem pensamentos para aumentar a vendas no comércio eletrônico. Depois do microcomputador na década de 1980, o big data é sua nova mina de ouro. Confira trechos da conversa que o empresário teve com EXAME.com:

Exame.com: A sensibilidade para perceber as oportunidades de negócio parece ser um dos segredos do seu sucesso de carreira.

Fabio Gaia: eu acho que sim porque eu sempre fiquei muito ligado naquilo que mostrava uma perspectiva de crescimento. Quando a gente começou a Officer, lá em 1985, o microcomputador já dava sinais de que seria uma nova oportunidade de negócio. Software para microcomputador se mostrava que seria também uma grande oportunidade. Foi isso também que pautou a minha vida inteira dentro da Officer, sempre buscando novas oportunidades.

Exame.com: O que foi determinante para a tomada de decisão no que investir após a sua saída da Officer?

Fabio Gaia: na minha saída da Officer, quando olhei em termos de investimento, olhei também áreas que tivessem oportunidades de crescimento mais exponenciais, áreas que crescessem em percentuais maiores do que o próprio mercado. Então, vi, por exemplo, mercado de alimentos especiais e vi também na questão do comércio eletrônico uma oportunidade. Tenho certeza absoluta de que nos próximos anos a gente vai acompanhar uma explosão muito grande na questão do comércio eletrônico.

Exame.com: Mas você não mirou o consumidor final?

Fabio Gaia: é nesse segmento de empresa fazendo negócio para empresa que eu acredito na oportunidade de ter negócio nos próximos anos. A Biggy, que é a empresa que a gente está lançando, uma startup dentro da Atma, é dentro da filosofia de se fazer cada vez mais um e-commerce personalizado. O nosso mote lá na Biggy é transformar informações em oportunidades de negócio.

Exame.com: A informação é a mina de ouro dos negócios?

Fabio Gaia: a informação, sem dúvida nenhuma, sempre foi o grande diferencial, mas hoje as ferramentas que você tem para chegar à ela são muito mais dinâmicas e trazem a resposta de mudanças de comportamento muito mais rapidamente para o gestor tomar uma decisão. As pessoas retroalimentam o ambiente digital com dados o tempo todo sobre o comportamento delas, seja nas mídias sociais, seja na maneira como interagem com o e-commerce. A capacidade de extrair o dado, transformá-lo numa informação relevante e esta em oportunidade de negócio é o que motivou a gente na Biggy e é nisso que estamos antenados.

Exame.com: A Officer chegou a faturar 2 bilhões de reais por ano. Acha que vai chegar a esta marca impressionante com a Atma ou a Biggy?

Fabio Gaia: o objetivo é sempre construir uma empresa relevante, reconhecida por seus consumidores. Uma empresa nunca tem um objetivo relacionado a faturamento, ela tem um objetivo relacionado à importância e relevância. Quando fundei a Officer o objetivo era ter uma empresa de distribuição transformadora e a gente conseguiu fazer. Com a Atma e a Biggy, a minha ideia é exatamente a mesma. Aonde ela vai chegar? Aí, a determinação é o quanto ela vai ser relevante e importante para o seu grupo de consumidores.

Exame.com: Por que trabalhar com ciência de dados é um campo tão promissor na sua opinião e por que aposta nisso?

Fabio Gaia: ajudar um gestor ou a pessoa que vai tomar a decisão em relação a sua empresa com comportamentos baseados em dados é fundamental. O mundo hoje criou algoritmos por conta das características de se analisar dados, criou algoritmos para você determinar comportamentos. É um mercado que veio para ficar porque o ambiente está cada vez mais favorecido do ponto de vista de infraestrutura de equipamentos mesmo para processar dados em tempo real.

Exame.com: Você fala que a Biggy tem algoritmos que “leem pensamentos”. Como seria isso?

Fabio Gaia: o que chamamos ler pensamento é ler uma tendência. Uma pessoa que goste de determinado tipo de roupa ou de calçado, livro ou revista tem uma tendência a mostrar que tudo aquilo que faz parte deste universo interessa para ela. A gente se propõe a aproximar coisas que fazem parte desse ambiente de comportamento do indivíduo.

Exame.com: O que foi fundamental para o seu sucesso?

Fabio Gaia: sempre fui uma pessoa muito determinada e nunca tive medo de fazer coisas novas porque nunca tive medo de errar. Eu acho que errar faz parte de um processo da busca por um caminho. Então fiz muitas coisas, fiz coisas erradas. No processo de experimentar, de testar, de buscar, de inventar coisas novas, você tem que estar preparado para as duas coisas: para acertar e para errar. E, muitas vezes, não desistir. Tenho certeza absoluta de que muitos sucessos aconteceram depois de vários fracassos e, muitas vezes, se a pessoa tivesse desistido depois de um determinado fracasso não conseguiria transformar aquilo num sucesso.

Exame.com: Em linhas gerais, determinação e não ter medo de errar são seus conselhos para deslanchar a carreira em negócios?

Fabio Gaia: sim, em qualquer negócio. Primeiro a gente tem que buscar a inovação, a diferenciação, buscar ser relevante para o nosso cliente, ser um diferencial para ele. Essa determinação é talvez aquilo que separa as pessoas que atingem determinados resultados das outras. E  também essa resiliência de você enfrentar essas indas e vindas, principalmente no Brasil, um país onde o ambiente de negócio é tão difícil para um empresário. As maneiras de lidar com financiamento, com mercado, com a estrutura de impostos, com a burocracia exigem muito mais do que em outros lugares. Costumo falar que o empresário de sucesso no Brasil seria empresário de sucesso em qualquer lugar do mundo porque um dos lugares mais difíceis de o empresário sobreviver é o ambiente brasileiro de negócios.

Exame.com: Como seleciona quem trabalha com você? O que acha importante em um jovem profissional?

Fabio Gaia: tenho que ter respeito muito grande por duas coisas e a primeira delas é o caráter, a maneira como essa pessoa encara as coisas no dia a dia da vida, com relação a tudo. Esse dinamismo e essa coragem, por exemplo, de enfrentar e buscar coisas novas e não ter medo em relação a buscar esse tipo de coisa. E, acima de tudo, ser uma pessoa positiva. É muito importante você trabalhar com pessoas positivas, pessoas otimistas porque, no fundo, se você olhar a história de sucesso das empresas sempre você vai encontrar em todas elas uma pessoa com esse tipo de pensamento.

Acompanhe tudo sobre:Big datacarreira-e-salariosEntrevistasTecnologia da informação

Mais de Carreira

Como responder 'Como você lida com fracassos?' na entrevista de emprego

7 profissões para quem gosta de cuidar de crianças

Será o fim da escala 6x1? Entenda a proposta que promete mexer com o mercado de trabalho no Brasil

Amazon, Meta, HSBC.... As reestruturações podem desanimar os funcionários?