Adriano Lima, coach executivo: O novo mercado de trabalho exige uma reinvenção dos profissionais de RH, que precisam se tornar agentes de transformação e inovação para garantir o sucesso da empresa e o bem-estar dos funcionários (AL+ People & Performance Solutions/Divulgação)
Repórter
Publicado em 26 de maio de 2024 às 08h00.
Última atualização em 26 de maio de 2024 às 13h50.
O que tira o sono dos RHs hoje? Para buscar essa resposta, a AL+ People & Performance Solutions, agência de treinamento de C-levels, fez um estudo com 117 startups e grandes empresas do Brasil que mostrou que 'liderança preparada' e 'saúde mental' são os principais desafios dos executivos que atuam com Recursos Humanos. Os dados foram compilados em abril pelo coach executivo e palestrante Adriano Lima, fundador da empresa.
“Tenho participado de muitas discussões com executivos de RH e senti a necessidade de fazer uma pesquisa para entender o que mais os preocupam. Elenquei dez temas e pedi para eles escolherem três temas que são os mais desafiadores”, afirma o executivo
“Segundo uma pesquisa da Gallup, no mundo 28% do time está engajado na empresa, ou seja, o restante trabalha pela metade ou já pediu demissão silenciosamente e continua na empresa. A principal causa desse desengajamento é a baixa capacidade de liderança dos gestores, que só sabem controlar e não sabem inspirar, e consequentemente causam transtornos mentais”, diz Lima que compartilha o ranking dos desafios mais temidos pelo RH.
O levantamento foi realizado de forma online e revela que entre os principais desafios nessa área estão:
Para 76,9% dos participantes, o desenvolvimento de líderes que estejam preparados para os desafios atuais e futuros das organizações é o principal fator de preocupação.
"Infelizmente, como mostram os números, a maioria dos líderes dentro das empresas não está preparada para lidar com os desafios. E quando isso ocorre, a consequência pode resultar na estagnação da companhia”, diz Lima, que atuou em empresas como Minerva Foods, Neon, Dasa, ItaúUnibanco, MasterCard, Unilever e Amil.
Desenvolvimento de líderes é algo que começou há décadas, mas segundo o executivo, após a pandemia isso ficou muito mais exposto. “Vimos que muitas empresas tiveram dificuldades de deixar os líderes próximos das equipes durante a pandemia, mas as empresas que souberam fazer isso tiveram melhor desenvolvimento e por isso esse tema ganhou força nos últimos anos”.
Para 46,20% dos executivos, a saúde mental é o principal motivo de preocupação. Um relatório anual sobre "Estado Mental no Mundo", encomendado pela Sapien Labs, organização sem fins lucrativos, apontou que o Brasil tinha, em 2023, o terceiro pior percentual de pessoas angustiadas no mundo, em uma lista com 71 países. Apenas África do Sul (2º) e Reino Unido (1º) apresentam índices piores.
"Ansiedade e depressão, para ter como exemplo dois dos transtornos mentais mais comuns, impactam diretamente na produtividade e custam à economia global cerca de US$ 1 trilhão por ano", afirma Lima. "Em 2030, esse valor deve estar próximo a US$ 6 trilhões, segundo estimativas recentes".
Faz parte das iniciativas para melhorar o clima da organização, estimular o bom relacionamento entre os funcionários, promover o reconhecimento e a valorização individual e criar um ambiente de trabalho diverso, acolhedor e seguro.
“O sucesso da empresa depende da boa saúde mental dos funcionários, e isso passa por um diálogo aberto, criação de projetos de apoio e um clima organizacional saudável, mas tudo isso só é possível se houver uma liderança preparada para lidar com estes desafios", diz Lima, que também chama a atenção para os 'gatilhos institucionais'.
"Nas organizações, a pressão por resultados e metas aumentam quase que diariamente, resultando em jornadas exaustivas e metas abusivas para os gestores e seus times. A falta de reconhecimento e autonomia são outras possíveis causas de afastamentos ligados à saúde mental”, diz.
Outros fatores que tiram o sono dos RHs, ainda segundo o levantamento da AL+ People & Performance Solutions, incluem:
“O novo mercado de trabalho exige uma reinvenção dos profissionais de RH, que precisam se tornar agentes de transformação e inovação para garantir o sucesso da empresa e o bem-estar dos funcionários, que com o trabalho à distância podem estar em diferentes lugares do mundo”, afirma Lima.
Após deixar o corporativo, o executivo reforça que sua nova missão agora é transformar gestores em líderes inspiradores. “Quero ajudar tanto as empresas quanto as pessoas. No caso das empresas, quero ajudá-las a terem os melhores líderes no presente e no futuro, e no caso dos funcionários busco melhorar a questão da saúde mental e o engajamento no trabalho”.