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Ele deixou a área de formação para criar uma empresa de tecnologia e hoje fatura milhões nos EUA

Daniel Deivisson trabalhou com jornalismo na época em que começou a internet e acabou migrando para o mundo digital. Hoje, ele prevê faturamento de mais de 2 milhões de dólares em 2025 com a empresa Begen. Saiba mais sobre essa transição de carreira que resultou em empreendedorismo

Daniel Deivisson, fundador e CEO da Begen: "Empreender jovem foi um MBA da vida. Agora, com 50 anos, estou mais maduro para tomar decisões estratégicas” (Begen/Divulgação)

Daniel Deivisson, fundador e CEO da Begen: "Empreender jovem foi um MBA da vida. Agora, com 50 anos, estou mais maduro para tomar decisões estratégicas” (Begen/Divulgação)

Publicado em 8 de dezembro de 2024 às 08h07.

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Na era em que o jornalismo entrou para as plataformas digitais, o comunicador Daniel Deivisson trabalhava no primeiro jornal brasileiro online, o Jornal do Brasil Online. Era 1995, início da internet no Brasil e eu era um garoto da bolha.com", afirma.

Na época, com 25 anos, Deivisson já havia dado um passo importante rumo ao empreendedorismo, lançando o "Guia Local", uma espécie de precursor do Google Maps que reunia informações sobre estabelecimentos, eventos e serviços em diferentes cidades. "Tínhamos uma redação para mapear cidades naquele tempo. Esse projeto deu tão certo, que fomos adquiridos pela Telefônica, da Espanha", conta ele.

O então aprendizado no processo de M&A (fusões e aquisições) foi o pontapé inicial para a transição de carreira da comunicação para o empreendedorismo no mundo digital. 

A transição para o marketing digital e as startups

Como muitos empreendedores, Deivisson sentiu o gosto amargo de fechar uma empresa. No início de 2000, ele precisou fechar seu primeiro empreendimento, o Guia Local, por causa da "bolha.com".

"Como muitas .com, acabou não terminando bem. Foi um grande aprendizado, porque o M&A foi o meu MBA. Aprendi muito com isso", afirma o executivo que hoje está com 50 anos.

O jeito foi migrar para o mundo das startups. Entre elas, se destacou a primeira operadora GSM do Brasil, que mais tarde viria a se tornar a "Oi".

"Saí de lá em 2005 como diretor de marketing na área de internet, e foi nesse período que decidi voltar a empreender", conta Deivisson.

Nos anos seguintes, fundou uma agência digital, a Frog, no Rio de Janeiro, e focou em tendências emergentes como redes sociais e mobile. "Sempre tentei antecipar os movimentos de mercado. Quando o social explodiu, já estávamos lá", comenta.

Após sair da sociedade da Frog, em 2017, Deivisson fundou a Benext, consultoria que auxilia empresas na aceleração da digitalização de negócios. Foi essa empresa que abriu o caminho do empresário para o universo da inteligência artificial.

"Em 2017, a Benext entrou no mundo da inteligência artificial, especialmente em IA de voz. Desenvolvemos muitas aplicações para a Amazon Alexa, e isso nos preparou para o que veio depois, como os modelos de linguagem avançados que surgiram em 2022”, afirma o executivo que reforça que foi essa preparação que abriu caminho para projetos como o “Begen”.

Begen: IA aplicada ao e-commerce e publicidade

Em 2023, Deivisson fundou mais uma empresa, em uma sociedade com três amigos, que possuem diferentes especialidades: André Uchoa, especialista em tecnologia, Mário Pereira, consultor de negócios nos Estados Unidos, e Rafael Marques, especialista em finanças. O novo empreendimento recebeu o nome de “Begen”, e foi criado nos Estados Unidos, no Vale do Silício. A empresa americana possui operações comerciais nos Estados Unidos, mas é no Brasil que está o principal capital humano – que se resume em 22 funcionários que desenvolvem em home office soluções de IA generativa para e-commerce e publicidade.

"Mantemos nossa estrutura no Rio, porque o Brasil tem profissionais altamente capacitados em IA. Nosso objetivo é gerar impacto local enquanto expandimos globalmente", afirma o empresário.

Um dos diferenciais da Begen está em sua capacidade de gerar ativos digitais de maneira escalável. "Imagina uma indústria de moda que precisa mostrar um tênis de todos os ângulos. Nossa plataforma transforma 3 ou 4 fotos em até 100 imagens ou vídeos, reduzindo drasticamente os custos de photo shooting, que muitos conhecem como sessão de fotos", conta.

A Begen também atua no mercado de publicidade digital, oferecendo ferramentas para desdobramento de campanhas em diferentes formatos. "As agências enfrentam dificuldades para criar peças em todos os formatos necessários. Nós automatizamos esse processo, aumentando a eficiência e o retorno sobre o investimento", afirma.

Como exemplo, Deivisson cita uma campanha de marketing para um carro. A agência cria o design principal do anúncio, chamado de Key Visual (KV). A Begen utiliza da tecnologia para transformar esse KV em dezenas ou centenas de formatos diferentes, como banners horizontais para sites de notícias, banners verticais para aplicativos de celulares e até anúncios em formato quadrado para redes sociais como Instagram e TikTok.

"O designer, no final do dia, está ali para criar o KV, o Key Visual, que é a peça original da campanha. A nossa IA não elimina o papel do designer; pelo contrário, ela automatiza os desdobramentos repetitivos, como transformar uma peça horizontal em uma vertical ou criar variações de tamanho e formato. Assim, o designer pode se concentrar em criar algo, em vez de gastar tempo ajustando formatos”, diz Deivisson.

O impacto e expansão global

Atualmente, a Begen atende grandes clientes nos Estados Unidos e no Brasil, como Santander, JBS e B3, e está integrada à plataforma de ads do Google. "Participamos de uma concorrência global e conquistamos um contrato com a HP, uma empresa americana gigante. Foi um marco para validar nossa tese de negócios", conta Deivisson.

Com um faturamento projetado de 2,5 milhões de dólares para 2025, a Begen busca se consolidar como uma solução inovadora em SaaS (modelo de entrega de software em que as aplicações são hospedadas na nuvem e disponibilizadas aos usuários pela internet).

"Empreender jovem foi um MBA da vida. Agora, com 50 anos, estou mais maduro para tomar decisões estratégicas. O aprendizado nunca para, especialmente em setores dinâmicos como IA", afirma o empresário.

Para quem deseja um dia fazer uma transição de carreira, o executivo compartilha uma dica.

“Eu sempre sonhei em trabalhar com a minha área de formação, mas me interessei por outra área. Uma coisa que sempre falo é que nunca é tarde para migrar de profissão, mas para isso é muito importante entender as tendências do mercado junto com o seu perfil. Foi assim que pivotei o meu negócio e junto a minha nova carreira”.

 

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