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Elas são melhores gerentes

Pesquisas apontam que as mulheres têm faro mais aguçado para o negócio e para a gestão de pessoas. Saiba por que elas levam vantagem

Beatriz Alves Cricci, de 42 anos, proprietária da BR Goods, que produz cortinas antibacterianas e produtos hospitalares.  (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

Beatriz Alves Cricci, de 42 anos, proprietária da BR Goods, que produz cortinas antibacterianas e produtos hospitalares. (Omar Paixão / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2013 às 10h36.

São Paulo - As mulheres têm, por natureza, algumas características que as fazem sair na frente na administração do negócio e no gerenciamento da equipe. “A capacidade de gerar bons resultados não é uma questão de gênero, mas as mulheres que exploram suas habilidades femininas na gestão têm facilidade de ir mais longe”, diz Caroline Marcon, gerente de pesquisas corporativas da consultoria Hay Group.

A executiva foi responsável pelo Estudo de Mulheres CEOs, sigla em inglês para presidente de empresa, em que foram entrevistadas dez líderes no Brasil para descrever as características que elas têm em comum, e por outro levantamento que comparou vários executivos, homens e mulheres, para saber se o estilo de gestão de cada gênero faz a diferença na administração.

De acordo com os estudos, o homem é mais competitivo e menos agregador. Já a mulher é mais colaborativa e consegue engajar as pessoas. “A mulher não precisa ser a última a dar opinião, mas quer participar de todo o processo até a tomada de decisão”, diz Caroline. 

Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor, as mulheres já representam 51% dos empreendedores brasileiros, sendo 20% delas jovens com idade entre 25 e 30 anos. De acordo com os dados da Endeavor, organização não governamental que dá suporte a empreendedores, elas não só estão à frente dos negócios como também estão fazendo dinheiro e criando ambientes de trabalho mais sadios.

A Endeavor ouviu, em novembro de 2010, gestores de 52 empresas consideradas de alto crescimento — elas crescem 20% ao ano, há pelo menos três anos. Metade dessas companhias é administrada por mulheres, e um destaque foi que elas conduzem seus times com mais facilidade do que os homens.

Cerca de 60% deles admitiram ter dificuldade com questões ligadas à área de recursos humanos. Os homens, em outras palavras, dão menos importância às pessoas e são mais focados nos processos e na atividade principal da organização. “Normalmente a empresa gerenciada por uma mulher acaba sendo menos turbulenta”, diz Juliano Seabra, coordenador de educação e políticas da Endeavor. 


Segundo Juliano, o crescimento feminino à frente dos negócios é uma consequência do melhor gerenciamento das pessoas e dos clientes. Elas são mais atenciosas com a qualidade dos serviços que prestam. Já o sucesso das empresas administradas por homens está relacionado à inovação do produto e à conquista de novos mercados.

“O desempenho financeiro acaba sendo similar no final das contas, mas por razões distintas. São maneiras diferentes de administrar.” Mas há pesquisadores de negócios e gestão que afirmam que, no fundo, as mulheres são mesmo melhores. A consultoria Rizzo Franchise, que faz o gerenciamento de marcas de franquias, constatou que as mulheres conseguem faturar até 32% a mais do que os homens, considerando o levantamento feito neste ano com 380 franquias de 23 setores.

“Eu acredito que elas conseguem essa performance porque entram em um negócio querendo aprender, enquanto os homens entram achando que já sabem tudo”, diz Marcus Rizzo, sócio da consultoria.

A explicação para o melhor desempenho financeiro vem, de novo, da melhor gestão das pessoas. De acordo com Marcus, elas formam melhores equipes (têm um dedo para selecionar bons funcionários) e mantêm um ambiente de trabalho de maior satisfação. Como efeito, a rotatividade costuma ser menor. 

O segredo é descentralizar

A principal qualidade das mulheres, mostram as pesquisas, é a habilidade para engajar a equipe e trabalhar de forma colaborativa. Esse é o caso da engenheira civil Sibylle Müller, de 51 anos, proprietária da Acquabrasilis.

Em uma viagem para a Alemanha, ela conheceu novas tecnologias voltadas ao meio ambiente e trouxe o know-how para o Brasil. No começo teve muita dificuldade para que todos comprassem sua ideia, mas não teve medo de se expor. “No início eu mesma prospectava o negócio.


Visitava clientes, batia de porta em porta”, lembra. Hoje, ela administra uma equipe em sua empresa de estações compactadas de tratamento de esgoto descentralizado. “Sou aberta a sugestões e, por isso, meus funcionários vestem a camisa”, afirma. Olhando todos esses estudos e casos como o de Sibylle, fica a pergunta para os executivos de RH: “Por que elas ainda ocupam menos de 10% dos cargos de alta gestão nas empresas do Brasil?”. 

3 em 1

Por natureza, a mulher é multitarefa. “Ela nunca abandonou a função de dona de casa, mãe e esposa, mesmo estando empregada. É da natureza feminina gerir várias coisas ao mesmo tempo”, diz Maíra Habimorad, sócia-diretora do Grupo DMRH, consultoria em RH. Segundo ela, ser uma executiva e líder é saber rodar vários pratinhos ao mesmo tempo.

É exatamente isto que faz a empresária Beatriz Alves Cricci, de 42 anos, proprietária da BR Goods, que produz cortinas antibacterianas e produtos hospitalares. Quando começou, ela fazia tudo sozinha, desde a produção até a venda e prospecção do produto. Mas, depois de quase falir, a economista que abriu mão da carreira na consultoria Ernst & Young para se dedicar ao negócio próprio e à família resolveu estruturar a empresa e delegar tarefas.

“Descobri que precisava participar de tudo, mas não podia fazer tudo. Comecei a montar uma boa equipe, catalisar as demandas e delegar tarefas”, diz. Hoje, ela exporta produtos para a Arábia Saudita e países da América do Sul. 

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