Amanda Carvalhal, CEO da Lifting Group: “A doença me ensinou a valorizar cada pequena vitória” (Amanda Carvalhal/Divulgação)
Repórter
Publicado em 10 de abril de 2025 às 14h56.
Aos 19 anos, Amanda Carvalhal estava às vésperas do altar quando recebeu o diagnóstico que mudaria sua vida: câncer de tireoide. O que parecia um tumor "simples", como ouviu de alguns médicos, tornou-se uma batalha de quase duas décadas. Ao longo desse período, Amanda passou por múltiplas cirurgias, iodoterapia, alterações hormonais severas e chegou a perder parcialmente a voz. Ao todo, foram 19 tumores retirados do pescoço.
Hoje, aos 38, ela não apenas superou a doença, como lidera o Lifting Group, um conglomerado do setor elétrico que inclui quatro empresas e um instituto de formação técnica. Sob sua gestão, o grupo alcançou R$ 38 milhões de faturamento em 2024 — e planeja crescer mais 25% no próximo ano, com a abertura da primeira unidade internacional, em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
“Descobri o nódulo poucos dias antes do meu casamento. Fiz a primeira cirurgia logo após a lua de mel”, conta. “Era benigno, aparentemente, mas o diagnóstico final veio um mês depois: era câncer. Foi só o começo.” Apesar das limitações físicas e emocionais, Amanda não parou. Concluiu a graduação em psicologia pela Estácio de Sá, fez um mestrado na Argentina e manteve-se ativa nos negócios da família.
A relação com o mundo empresarial vem de berço. Nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, Amanda cresceu observando de perto a rotina dos pais empreendedores. Aos 14 anos, já acompanhava o dia a dia da empresa — e aos 16 foi emancipada para poder assumir responsabilidades maiores no negócio.
“Eu queria saber como tudo funcionava, queria ajudar. Meus pais sempre foram muito exigentes, e isso me moldou. Meu pai sempre dizia: ‘Trabalhe duro, com honestidade, e você terá liberdade financeira’”, conta.
Com a aposentadoria dos pais em 2018, Carvalhal assumiu o comando da empresa, que já enfrentava um cenário desafiador. A companhia, que chegou a faturar R$ 15 milhões nos anos anteriores à Operação Lava Jato, viu seus números desabarem após a crise econômica. Em 2019, sob nova liderança, a virada começou: o faturamento cresceu 80% e a pandemia foi enfrentada com um déficit controlado de apenas 10%.
Desde 2021, o crescimento tem sido consistente, com média de 50% ao ano, afirma Carvalhal, que também divide a liderança da companhia com a irmã, Natália Carvalhal.
Carvalhal também diversificou os negócios: criou a Lifting Brasil, a Kingdom Group, a Eleve Eventos e o Instituto Lifting de Ensino, voltado à capacitação técnica em elétrica e automação. “Percebemos uma lacuna na formação técnica do país. Nossos cursos conectam teoria e prática com laboratórios de alta tecnologia. Queremos formar técnicos de verdade”, afirma.
Para ela, o sucesso do grupo está diretamente ligado ao que aprendeu com a própria trajetória — especialmente nas fases mais difíceis. “A doença me ensinou a valorizar cada pequena vitória”, diz. “Liderar, para mim, é sobre manter a visão e o propósito mesmo quando tudo parece desabar”, afirma.
Seu conselho para quem deseja empreender ou liderar vai além da técnica:
“A força mental é determinante. Quando mudamos nossos padrões de pensamento, mudamos a nossa realidade. Os desafios são, muitas vezes, oportunidades disfarçadas.”