Humberto Saad, do WCare: aposta nas nanicas inovadoras (Omar Paixão / VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2013 às 19h18.
São Paulo - Depois de cinco anos como diretor operacional da divisão de cosméticos do Grupo Bertin, Humberto Saad, de 31 anos, decidiu, em agosto de 2011, aceitar um convite de emprego do WCare, site de vendas de produtos de beleza, de São Paulo, que hoje tem somente nove funcionários.
Na época, a empresa era apenas um projeto. Podia ou não dar certo, mas ele resolveu ir em frente. "Sabia do risco, mas avaliei todas as possibilidades e o quanto poderia ser bom para a minha carreira em termos de salário e crescimento", diz.
Hoje, como diretor operacional, Humberto cuida de todas as áreas do WCare, principalmente de contabilidade, finanças e logística. "Quando você trabalha em uma empresa pequena, consegue resultado mais rápido, aprende mais e tem maior reconhecimento", diz.
De executivos a analistas, muitos profissionais têm trocado grandes companhias por negócios inovadores recém-criados. As chamadas startups são pequenos empreendimentos fundados com base em uma ideia de negócio ousada e capazes de proporcionar grande retorno sobre o investimento e crescimento rápido.
Segundo a Aceleradora, empresa mineira que apoia e investe na criação de startups, existem hoje no Brasil cerca de 3.000 negócios desse tipo. E a perspectiva é que esse ramo consolide-se como opção de carreira, já que deve haver um aumento na abertura de novos empreendimentos. "Vemos muitos empresários, hoje, interessados em investir em bons projetos", diz Yuri Gitahy, fundador do Aceleradora.
As startups pedem um perfil específico de profissional, algo que deve ser levado em conta na hora de direcionar a carreira para esse ramo. Uma característica do negócio é o alto risco. Se não der certo rapidamente, o projeto pode acabar e a pessoa ficará na rua. De acordo com a Aceleradora, nove em cada dez startups fecham antes de dois anos de existência.
Por isso, é preciso informar-se bem a respeito do projeto na hora de tomar a decisão. "Avalie o perfil dos fundadores, o mercado no qual estão inseridos e se o negócio demostra bom potencial de crescimento", diz Rose Mary Lopes, coordenadora do núcleo de empreendedorismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo.
Se você é do tipo que gosta de rotina e, principalmente, se atém a sua especialidade, também vale pensar duas vezes antes de aceitar esse desafio. “Quem busca um emprego numa startup vai trabalhar muito e jogar em várias posições”, afirma Yuri. Segundo ele, há menos estabilidade e, muitas vezes, os salários são menores no início. "Mas se o empreendedor tiver uma visão clara do futuro da empresa e oferecer uma boa participação nos resultados ao novo funcionário é, sim, uma ótima opção para trabalhar", afirma Yuri.
Há regras em algumas startups que permitem, até mesmo, que o funcionário torne-se sócio à medida que ele atinja metas, caso o negócio avance. Por isso é muito importante se identificar com o projeto e com a forma com que os fundadores tocam a empresa. A divergência de identidades pode resultar em uma dificuldade similar à enfrentada em companhias de grande porte.
"Muitos deixam as grandes organizações por não mais se identificar com os valores ou com o modo como o trabalho é conduzido", diz Christian Spong, gerente da empresa EMR Recrutamento, especializada na área de marketing, de São Paulo. Segundo ele, startup significa iniciar processos, procedimentos e cultura.
O outro lado
Apesar dos riscos, quando o negócio dá certo, a satisfação para a carreira é grande. "É muito bom saber que fiz parte dessa história desde o começo", diz Letícia Leite, de 31 anos, diretora de comunicação do Peixe Urbano, site de compras coletivas, do Rio de Janeiro — ela foi a primeira funcionária contratada.
"Quando eu entrei na empresa, não havia nem nome definido, mas acreditava na ideia e no potencial dos sócios e do projeto." No início, Letícia fazia de tudo um pouco: ajudou a escrever os primeiros textos do site, a fechar as primeiras ofertas, a contratar outros funcionários e até a definir o nome e o logo.
"Foram noites editando dezenas de ofertas por dia, conferindo cada uma delas antes de serem colocadas no ar", conta Letícia. Nas startups, a regra é fazer de tudo um pouco e não esperar reconhecimento tão cedo. Mas, no fundo, qualquer trabalho deveria ser assim, não é?