Cadeirante; deficiente físico (Huntstock/Getty Images)
Nesta terça-feira, 11, é celebrado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física, data cujo objetivo é conscientizar a sociedade sobre os direitos dos deficientes físicos.
De acordo com dados do último censo, realizado em 2010, o Brasil possui mais de 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência. Sendo que, deste total, mais de 13 milhões são pessoas com deficiência física, também chamada de deficiência motora.
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Porém, ainda falta inclusão, principalmente dentro do mundo corporativo. A subrepresentação das pessoas com deficiência nas organizações é uma das constatações do relatório Diversidade, Representatividade e Percepção - Censo Multissetorial 2022, realizado pela consultoria de diversidade Gestão Kairós.
De acordo com o estudo, que levou em consideração informações de 45 mil profissionais de setores como Mineração e Metalurgia, Agronegócio e Automotivo, Mercado Financeiro, Atacado e Varejo, as pessoas com deficiência representam apenas 2,7% dos funcionários dessas organizações.
Isto em um contexto em que 69% das empresas que participaram do estudo têm mais de 1001 profissionais, o que significa que as companhias, segundo a Lei de Cotas, deveriam contar com 5% de funcionários PcD.
"Fica evidente o quanto o mercado precisa avançar nessa temática em uma perspectiva de compromisso, inclusão e desenvolvimento, pois sejam empresas com mais ou menos funcionários, elas não atingiram a margem mínima exigida por Lei”, declarou Liliane Rocha, CEO e Fundadora da Gestão Kairós, além de Conselheira de Diversidade.
Desde 1991, com a criação da Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência, as empresas a partir de 100 funcionários precisam contar com 2% a 5% de pessoas com deficiência em seus quadros de funcionários. Mesmo assim, muitas não atingem esse patamar e optam pelo pagamento de multas pelo descumprimento da lei.
O censo da consultoria ainda pontou que, entre as pessoas com deficiência que estão empregadas apenas 0,8% deles são mulheres, número quase 4 vezes menor que o percentual de homens.
Quando analisados os tipos de deficiência mais recorrentes dentro das organizações, a deficiência física aparece em primeiro lugar, com 41% das autodeclarações. O número é mais que o dobro da segunda maior incidência, a deficiência visual, que contou com 16,9%
Em terceiro lugar aparece a deficiência auditiva com 13,3%. Já as deficiência intelectual ou múltipla apresentam representação significativamente menores, ocupando 3,5% e 1,8% respectivamente.
Entretanto, nem tudo são más notícias. Segundo o estudo, 78% dos respondentes que se autodeclaram deficientes físicos acreditam que as suas empresas estão engajados com a inclusão de PcD. Outros 8% declararam sofrer preconceito dentro do mundo corporativo. Em termos de comparação, o número de pessoas LGBTQIA+ que disseram o mesmo no estudo foi de 33%.
Mesmo assim, Liliane alerta para a necessidade de que as empresas se engajem e olhem para a temática com viés de gênero, inclusive.
"Mesmo tendo uma legislação que obriga as empresas a contratarem esses profissionais, menos de 30% da população com deficiência está no mercado de trabalho, ou seja, há uma lacuna gigantesca que precisa ser solucionada pelas empresas, principalmente quando olhamos a questão de gênero, já que as mulheres com deficiência estão em menor número nos quadros corporativos”, finaliza a especialista.
A data foi instituída pela Lei Nº 2.795 e promulgada em 15 de abril de 1981 pelo governo de São Paulo. Pouco tempo depois, todo o Brasil passou a celebrar a ocasião.