Depois de mudanças corporativas, problemas de relacionamento lideram a lista de razões para demissões. (.)
Talita Abrantes
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
São Paulo - Por mais repentino que pareça, o processo de demissão sempre é anterior à cortante frase "não precisamos mais dos seus serviços". Os convites para reuniões ou tomadas importantes de decisão cessam e a pressão e os desentendimentos aumentam. É um período tenso. E as consultorias de recursos humanos não poderiam ser mais certeiras ao definir boa parte desses casos como o tempo da "fritura".
"É quando você começa a sentir fumaça. Acontecem situações que levam a pessoa para a marca do pênalti", diz José Augusto Minarelli, presidente da consultoria de outplacement Lens&Miranelli. "Trata-se de um processo lento de queimar o profissional para descartá-lo do grupo". O peso desse processo, contudo, não é regra para todas as companhias. Mesmo assim, "o chefe irá deixar transparecer alguns sinais", diz Iaci Rios, consultora da DBM.
Evidentemente, não está nos planos de nenhum profissional encarar este cenário. Apesar do tom sombrio, é preciso lembrar que todos estão sujeitos a isso. Para não ser pego de surpresa, o conselho dos especialistas é ficar atento aos sinais. Reconhecer as evidências de que seus dias na empresa podem estar contados pode ser a primeira estratégia para salvar o emprego ou dar uma guinada de mestre na sua carreira.
1. A companhia foi ou será vendida
Se a empresa está sendo vendida ou passou por um processo de fusão, fique atento. Este pode ser o primeiro indício de que seu emprego está em risco. De acordo com Minarelli, mudanças corporativas como estas estão por traz de boa parte das demissões de executivos brasileiros. "O vendedor, geralmente, enxuga as estruturas para tornar a companhia mais leve e atraente para o comprador", diz. Quando duas empresas se unem, por sua vez, é comum que algumas vagas sejam suprimidas. "Neste caso, é importante atentar se há duplicidade de cargos", afirma o presidente. "Se seu histórico dentro da empresa for bom, os riscos são menores", afirma Iaci.
<hr> <p class="pagina"><strong>2. Problemas financeiros</strong><br> O tempo de vacas magras dentro das companhias é outro fator crítico para o desligamento de funcionários. O fim do contrato com um cliente importante ou a diminuição dos lucros, por exemplo, demanda uma atenção redobrada com a carreira. Cortes de pessoal ficam mais comuns em períodos de crise. Se o rombo nas contas for muito grande, pesa sempre o custo-benefício. E a equação algumas vezes é perversa: se é possível pagar menos pelo mesmo tipo de serviço, recorre-se ao valor mais em conta. <br> <br> <strong>3. Conflitos de relacionamento</strong><br> Iaci, da DBM, calcula que, depois de questões ligadas às mudanças na estrutura corporativa, mais da metade dos casos de demissão assistidos pela consultoria têm relação com algum problema de relacionamento. "Acaba a química", diz. Isso não significa, contudo, que qualquer desentendimento esporádico já é motivo para ficar de cabelo em pé. A "falta de química" só pode ser notada ao longo do tempo. "As companhias desejam uma atitude positiva, colaborativa do funcionário. Se a pessoa é do contra, só faz o que é de sua responsabilidade e fermenta um mal-estar na equipe, é um forte candidato para ser demitido", afirma Minarelli. <br> <br> <strong>4. Não cumpre as metas </strong><br> Outro fator que pode acabar com uma história de amor entre empresa e funcionário é quando esse não consegue atingir as expectativas da companhia por meses consecutivos. As avaliações de desempenho, feitas, geralmente, a cada quatro meses, são bons indicativos disso. De acordo com Minarelli, se por duas ou três vezes você não entregou os resultados previstos, prepare-se para alguma punição.<br> <br> <strong>5. Pressão dos superiores</strong><br> A atitude do chefe sempre é um ótimo termômetro para avaliar o quanto seu emprego está em risco. Quando as broncas e a pressão sobre seu trabalho aumentam, é sinal de que, por alguma razão, seus serviços ou perfil já não são mais coerentes com as expectativas da empresa. "Geralmente, a chefia opta por pressionar o funcionário para que ele saia espontaneamente", diz Minarelli.</p> <hr> <p class="pagina"><strong>6. Desrespeito à hierarquia</strong><br> Se seus superiores começam a dar ordens diretamente para seus subordinados (sem conversar com você antes), previna-se. O tempo de fritura pode ter alcançado sua carreira. Há grandes chances de que sua autoridade já não seja mais reconhecida dentro da corporação. <br> <br> <strong>7. Foi para o escanteio</strong><br> Não foi chamado para uma reunião? Suas opiniões não são ouvidas? Cuidado. Você pode já estar esquentando o banco de reservas. "Ser convocado para participar, significa estar dentro. Parar de ser chamado para decisões que antes faziam parte da sua rotina é sinal de que está sendo deixado de escanteio ou já está fora da jogo", afirma Miranelli. <br> <br> <strong>8. Menos projetos</strong><br> A redução de atribuições dentro da companhia também pode ser um vestígio de que seus serviços já não são úteis para a empresa. O cenário é clássico. Aos poucos, os projetos que estavam sob sua responsabilidade são transferidos para outros funcionários, seus subalternos são requisitados para outras áreas ou você é enviado para algum projeto especial de curta duração. <br> <br> <strong>9. Relações antiéticas</strong><br> Ferir o código de conduta da empresa ou se envolver em questões antiéticas é um passaporte certeiro para ser eliminado do quadro de funcionários. Se seu escorregão foi digno de um escândalo dentro da corporação, é bom se preparar para o pior. <br> <br> <strong>10. Cursos cancelados</strong><br> Um indicativo claro de que a companhia não aposta mais em sua carreira é quando você não é mais foco dos investimentos em cursos de qualificação profissional. Se sua certificação foi cancelada ou você foi o único do setor a não ser convocado para algum treinamento, há boas razões para cultivar uma pulga atrás da orelha. </p>