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Descubra o seu perfil de liderança com o método de Priscilla Erthal, da venture builder Orgânica

Na edição de agosto do Clube CHRO Rio de Janeiro, realizado na Casa Camolese, ponto de encontro de líderes de RH promovido pela EXAME Saint Paul, a fundadora da consultoria apresentou um jeito prático para mapear perfis e desenvolver lideranças

Participantes da edição de agosto de 2025 do Clube CHRO EXAME Saint Paul no Rio de Janeiro (Márcio Mercante/Exame)

Participantes da edição de agosto de 2025 do Clube CHRO EXAME Saint Paul no Rio de Janeiro (Márcio Mercante/Exame)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 10h38.

Última atualização em 28 de agosto de 2025 às 16h59.

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"Coragem não é ausência de medo. É escolher agir apesar dele", disse Priscilla Erthal, fundadora da Orgânica, diante de uma plateia de líderes de RH durante a edição do Clube CHRO, realizada no dia 21 de agosto no Rio de Janeiro com um jantar no restaurante Casa Camolese, no Jardim Botânico.

Organizado pela EXAME Saint Paul, o Clube CHRO é um ponto de encontro reservado para lideranças de recursos humanos, criado para promover a troca direta e prática entre quem vive os dilemas da gestão de pessoas no dia a dia.

O Clube CHRO começou em junho de 2023, em São Paulo, e desde o ano passado é também realizado no Rio de Janeiro. O encontro na capital fluminense teve o patrocínio do iFood Benefícios.

O tema da vez foi “Coragem para liderar”. E o convite para Priscilla, alumni da Saint Paul e especialista na aceleração de negócios, teve motivo claro: nos últimos anos, ela transformou a Orgânica, sua empresa de consultoria e venture building, em uma referência no desenvolvimento de times de alta performance, trabalhando com nomes como Mercado Bitcoin, Netshoes, Grupo Soma e Méliuz.

"Ser líder hoje é estar disposto a se ver com sinceridade. E a coragem começa no espelho", afirmou Erthal.

A seguir, os principais pontos da metodologia apresentada no encontro — e como ela pode ajudar líderes a identificar seu perfil, minimizar seus próprios bloqueios e construir equipes mais fortes e complementares.

Os quatro perfis de liderança (e como identificar o seu)

O ponto de partida da metodologia da Orgânica é a ideia de que todo líder tende a atuar com base em um perfil dominante. A clareza sobre esse estilo ajuda a entender comportamentos, motivações e riscos — tanto para si quanto para a equipe. São quatro perfis principais:

1. Visionário

É quem enxerga o que ninguém vê. O líder visionário antecipa movimentos, conecta ideias e projeta o futuro. Normalmente é quem inicia projetos e instiga a mudança. Mas tem dificuldade de "acabativa". Acumula ideias e pode dispersar a equipe com novos caminhos sem fechar os anteriores.

2. Faz chover (Realizador)

É o “trator” que transforma ideias em entregas. Organiza listas, resolve, executa. Gosta do caos e prospera nele. Mas atropela. Pode falhar na escuta, ignorar abstrações e exigir dos outros o mesmo ritmo. Espera que a urgência seja óbvia para todos.

3. Orquestrador do caos

É quem organiza a bagunça deixada pelo realizador. Cria estrutura, estabelece rotinas e garante a perenidade da operação. É o que fecha as pontas e paga as contas. Precisa de previsibilidade, o que pode travar decisões quando a velocidade é necessária.

4. Fator “Uau”

É quem cuida da experiência. Encanta pelo detalhe, mas corre o risco de perder o essencial se focar demais na “cereja do bolo”.

“Esses perfis não são rótulos, são pontos de partida para você se entender — e entender o outro. O problema não é ter um perfil dominante. É não reconhecer que o seu não é o único jeito de fazer as coisas acontecerem”, afirma Priscilla.

Valores que regem nossas decisões

A segunda camada do método de Priscilla são os valores — motores internos que influenciam decisões, reações e motivações. “Se você entende quais valores te alimentam, entende por que topa ou rejeita certos projetos”, explicou.

São oito os principais:

  1. Reconhecimento: desejo de ser visto, validado, elogiado.
  2. Realização: prazer de fazer, entregar, resolver.
  3. Segurança: necessidade de previsibilidade e informação clara.
  4. Conexão: busca por relacionamentos reais e escuta genuína.
  5. Evolução: desejo de aprender sempre, mesmo nas férias.
  6. Justiça: senso de certo e errado como bússola.
  7. Compaixão: disposição de doar sem esperar retorno.
  8. Liberdade: autonomia para ser autêntico e fugir de estruturas rígidas.

A proposta da Orgânica é simples: descobrir os três valores que mais te alimentam — e entender os dos colegas de equipe. Essa compreensão ajuda a evitar ruídos comuns: um realizador com alto valor de entrega pode pressionar um orquestrador que precisa de segurança para decidir, por exemplo.

As armaduras que travam líderes (e como desarmá-las)

No centro da metodologia de Priscilla está o conceito de "armaduras" — comportamentos automáticos usados para se proteger da vulnerabilidade. São reações que limitam a liderança e minam relações.

Entre as principais:

  • Sabe tudo: não admite não saber, se blinda pela arrogância.
  • Colecionador de estrelinhas: busca todo o crédito, não compartilha reconhecimento.
  • Ziguezagueador: evita conflitos e conversas difíceis.
  • Preso na trincheira: recusa sair da operação mesmo quando promovido.
  • Jogador para baixo: antecipa o fracasso para não se frustrar com ele.

“Cada armadura é uma proteção para um valor importante. O ‘sabe tudo’, por exemplo, geralmente tem um valor alto de reconhecimento. Ele só precisa aprender a se nutrir disso de outro jeito, mais saudável”, disse Priscilla. “Desarmar é difícil, mas necessário. Porque ninguém lidera de verdade sem se permitir ser vulnerável.”

A fórmula do potencial

No fim da apresentação, Priscilla resumiu o raciocínio com uma fórmula prática:

Potencial = Recurso – Interferência

A maioria das pessoas busca crescer aumentando recursos: cursos, networking, conhecimento técnico. Mas segundo ela, o verdadeiro salto de performance vem ao reduzir interferências — inseguranças, vícios, crenças limitantes.

“É como ter um carro potente com o freio de mão puxado. Você não precisa de um motor maior. Precisa soltar o freio”, disse.

O exercício proposto aos participantes foi listar os projetos mais importantes e identificar quais interferências pessoais atrapalham sua execução. Isso inclui desde autossabotagem até medo de errar.

Como aplicar isso na prática

A palestra de Priscilla gerou reflexões práticas entre os executivos presentes. O consenso: autoconhecimento é hoje um ativo estratégico para qualquer liderança — e o RH tem papel central em promover esse processo.

“Profissionais de RH têm a chance histórica de protagonizar”, afirmou Priscilla. “O tema pessoas nunca esteve tão na pauta dos conselhos. É a hora de sair da retaguarda e subir no palco.”

Segundo ela, isso passa por ajudar os líderes a entenderem seus perfis, valores e armaduras — e criar ambientes onde esses elementos possam ser discutidos com franqueza.

“Uma equipe forte não é a que pensa igual. É a que se entende o suficiente para somar. E isso exige coragem.”

Clube CHRO: um espaço para praticar a coragem

Com o tema “Coragem para Liderar”, o encontro do Clube CHRO de agosto no Rio trouxe não só teoria, mas espaço seguro para troca de experiências reais. O ambiente foi descrito pelos participantes como uma “sala de espelhos” — com tempo e espaço para olhar para dentro e também escutar o outro.

O evento aconteceu no Rio de Janeiro, em uma edição que reforçou o propósito do clube: fomentar conexões autênticas, com conteúdo de alto nível e práticas aplicáveis ao cotidiano das lideranças.

Participaram do encontro representantes das seguintes empresas:

  • IFood Benefícios
  • ICS
  • Naturgy
  • ActionAid
  • Extreme Group
  • Equinor
  • Nubank
  • Koin
  • Ocean Pact
  • Omnibrasil
  • Webedia
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