Carreira

Sergio Chaia, ex-Nextel, volta ao jogo na Symantec

Sergio Chaia, há três meses no cargo de diretor-geral da Symantec no Brasil, fala de sua saída da Nextel, dos 13 meses que ficou desempregado, das reflexões que fez no período e do plano que criou para redirecionar a carreira

Sergio Chaia, da Symantec: “Você fica tão apegado ao sucesso que esquece o que o levou até lá” (Camila Fontana / VOCÊ S/A)

Sergio Chaia, da Symantec: “Você fica tão apegado ao sucesso que esquece o que o levou até lá” (Camila Fontana / VOCÊ S/A)

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José Eduardo Costa

Publicado em 9 de julho de 2014 às 10h50.

São Paulo - Ao ter seu afastamento da presidência da Nextel anunciado, em novembro de 2012, Sergio Chaia, de 48 anos, nem sequer pôde parar para refletir sobre o que havia acontecido. Além de lidar com a repercussão do anúncio inesperado, Sergio estava ocupado com o lançamento de seu livro Será Que É Possível? (Integrare).

Em março, depois de mais de um ano desempregado, Sergio fechou contrato para ser diretor-geral no Brasil da Symantec, dona do antivírus Norton. Em conversa com a reportagem de VOCÊ S/A, Sergio fala o que aprendeu com seus erros e acertos na presidência da Nextel, dos oito processos de seleção dos quais participou no ano passado e dos livros que leu durante o período sem trabalho:

A primeira coisa que fiz quando a poeira baixou, depois da saída da Nextel, foi fazer uma profunda reflexão dos meus acertos, erros e aprendizados. Para abrir um novo ciclo, é preciso fechar o anterior.

Na passagem pela Nextel, meu time e eu fizemos com que a empresa ganhasse prestígio. De dona de uma tecnologia antiga, passou a ser vista como uma marca que ditava tendências. Mais que isso, a empresa se tornou um lugar em que as pessoas tinham prazer em trabalhar. Esses foram os acertos.

Meu maior aprendizado foi perceber que não se controla tudo. Eu era um cara muito planejador. Aos 20 anos, desenhei minha carreira para estar na presidência antes dos 40. Assumi a direção-geral de uma empresa (a Sodexo Pass) aos 37. Sinais como esse reforçaram em mim a ideia de que era possível controlar tudo. Minha saída da Nextel me mostrou que eu estava enganado.

Reforcei algumas convicções. Por exemplo, a certeza de que não se deve ter um olhar tradicional, conformado, para as coisas. Essa forma de pensar o leva para a frente. Nos negócios, melhora as empresas.

Toda essa reflexão gera desconforto. É um processo de autoanálise e depois de exposição, pois você sente necessidade de conversar com as pessoas sobre o que passa pela sua cabeça. Conversei muito com minha mulher e amigos próximos.

Sobre os erros, a lição mais valiosa foi perceber como é importante combater o sucesso. Você fica tão apegado ao status que esquece o que o levou até lá. Você deve ter sempre postura de aprendiz.

Passado o ciclo de reflexão, com a ajuda de uma coach, retomei um plano de vida que havia feito há três anos, de novo o cara planejador.
A primeira dimensão desse plano envolvia ações de voluntariado, algo que eu já fazia na Nextel e quero continuar fazendo. Comecei a dar mentoring para três empreendedores da Endeavor.

A segunda parte do plano era dividir o que aprendi na vida. O livro que escrevi tem a ver com essa ideia, e hoje faço palestras para jovens carentes. Essas coisas me ajudam a evoluir, pois vejo diferentes perspectivas de mundo.

A terceira dimensão foi aprender coisas novas. Fiz um curso de coach na Universidade Colúmbia, em Nova York, e um curso de story telling, em Londres. O executivo tem de aprimorar a capacidade de se comunicar.

Li duas biografias de que gostei muito. A do lutador de boxe Mike Tyson achei impressionante. Principalmente pela forma como ele se expôs. Fico admirado com histórias de superação, e ele teve de passar por vários obstáculos para se tornar o número 1.

A história de Phil Jackson, ex-técnico de basquete que treinou o Chicago Bulls, também me cativou. É uma aula de gestão sobre como lidar com um time de estrelas para ter alto desempenho.

No ano passado participei de oito processos de seleção. Em dois deles, não fui o candidato finalista. Em cinco, não me enxergava no cargo.

Soube da Symantec por um headhunter. Fui consultar a internet e depois conversar com amigos executivos de tecnologia. Só tive sinalizações positivas. Fiquei com a sensação de que estava indo para um barco forte. Depois de 11 entrevistas na Symantec, fechei com uma empresa em que me sinto motivado por fazer uma coisa nova.

Dez dias depois de assumir o cargo, ocorreu a demissão do presidente, Enrique Salem, que havia me contratado. Fiquei surpreso, mas percebi que aqui eles têm sede de crescimento. Tem tudo a ver comigo.

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