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Da escola pública para Harvard: conheça a brasileira que passou em 3 universidades americanas

Aos 18 anos, Sofia conseguiu ser aprovada em Harvard, Stanford e Yale, três das melhores faculdades dos EUA, e vai estudar em Harvard com bolsa integral

 (Acervo Pessoal/Reprodução)

(Acervo Pessoal/Reprodução)

A educação, na vida de Sofia Santos de Oliveira, de 18 anos, pode ser entendida como uma via de profunda transformação, mas também como um possível propósito.

De origem humilde, a jovem mineira de Belo Horizonte conseguiu ser aprovada em três das melhores universidades dos Estados Unidos: Harvard, Stanford e Yale após uma vida de muito estudo, bolsas de estudo e muita preparação. E já sabe o que deve estudar: Química e Ciências Sociais com foco em Educação e Saúde Pública em Harvard.

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Em conversa com a EXAME, a hoje estudante de Harvard, que embarca nos próximos meses para os EUA para realizar a sua graduação com bolsa integral, reforçou a importância de pontuais oportunidades que apareceram na sua vida de estudante, momentos antes de ingressar no ensino médio.

Sofia conta que, no nono ano, conheceu o Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos (iSmart), que viu nela uma jovem com potencial e decidiu oferecer uma oportunidade. Sofia então ganhou uma bolsa integral no Colégio Santo Antônio, uma das melhores escolas particulares da capital mineira.

“Foi uma transição muito grande na minha vida. Indo de uma escola simples para um dos melhores colégios de Belo Horizonte" conta Sofia, que também lutava com as diferenças socioeconômicas que a nova realidade impôs: acordava muito mais cedo para conseguir pegar as conduções para a escola, localizada no centro do Belo Horizonte, e estava atrasada em relação aos seus colegas da nova escola, em função da defasagem de ensino entre sua última a escola e o novo colégio.

"Precisei estudar muito para me destacar e não ficar para trás”, afirma a estudante.

Entretanto, Sofia viu que essa oportunidade de estudar em um bom colégio seria o alicerce ideal para o seu maior sonho estudantil: fazer uma faculdade no exterior.

“Era sempre apenas um sonho, mas quando entrei no iSmart, eu conheci histórias de outros jovens e vi que realmente era possível. Então, comecei a mergulhar no assunto, realmente entendendo os processos”, comenta.

A preparação no ensino médio

Focada em conseguir ser aprovada em uma faculdade nos EUA, Sofia começou o planejamento logo no começo do ensino médio. Além de manter boas notas nas matérias do colégio, Sofia passou a se engajar com projetos extra acadêmicos, participar de competições estudantis e projetos voluntários.

Os projetos em que Sofia se envolveu nesses anos de ensino médio variaram: ela aprendeu inglês de forma autodidata, iniciou uma iniciação cientifica, se inscreveu para entrar na academia de ciências de Nova York, além de participar do Parlamento do Jovem Brasileiro e realizar um trabalho voluntário para fomentar a participação de mulheres na ciência.

E todas essas experiências para além da sala de aula foram fundamentais para que Sofia conseguisse ser aprovada.

Como explica Juliana Kagami, coordenadora de estudos no exterior da Fundação Estudar, as faculdades dos EUA avaliam o aluno por todas as suas experiências, com um olhar mais holístico. Logo, tudo que o aluno fez durante sua trajetória como estudante importa, desde as notas em seu boletim, sua vivência acadêmica para além dos estudos, e, principalmente, o seu impacto positivo na sua comunidade como indivíduo.

“As universidades americanas olham para as experiências academias, pessoais e atividades extra curriculares desses alunos como um todo, buscando uma visão mais completa desses estudantes”, explica Juliana. “Assim, as faculdades escolhem não os mais inteligentes, mas sim aqueles que mais podem contribuir para a universidade e para a comunidade”, explica Juliana em conversa com a EXAME.

E foi com a Fundação Estudar, organização sem fins lucrativos criada pelo bilionário Jorge Paulo Lemann, que a Sofia conseguiu se aproximar de verdade das faculdades americanas e de seus processos.

Assim que ingressou no terceiro ano, Sofia se inscreveu e foi aprovada no processo preparativo da Fundação Estudar para levar alunos para realizar graduação no exterior.

“Na hora de fazer o processo na prática, de realizar as inscrições nas faculdades, eu me inscrevi no Prep da Fundação Estudar. E ao longo do ano fui fazendo os processos seletivos para todas as faculdades dos EUA”, conta Sofia.

A estudante conta que a mentoria de preparação da Fundação Estudar deu a ela uma direção mais clara do seu sonho de intercâmbio, ao mostrar outros brasileiros que estavam em uma situação parecida e hoje estavam formados no exterior.

“Foi essencial participar, acho que tanto pelo apoio técnico quanto pelo apoio teórico sobre as partes mais burocráticas do processo. Ele é bem importante porque oferece um acompanhamento mais individualizado e uma mentoria precisa para os desafios que a aplicação exige”, diz a estudante.

Além disso, a Fundação também banca os custos relacionados as taxas de documentos, provas, exames e eventuais gastos com vistos. Nos últimos quatro anos, 27% dos brasileiros que foram aprovados nas faculdades dos EUA passaram pelo programa da Fundação Estudar.

Para além da Sofia, outros nomes famosos foram alunos do preparatório, como é o caso da deputada federal Tabata Amaral e dos jovens bilionários Pedro Franceschi e Henrique Dubugras, criadores da fintech Brex.

“Desde 2011 vemos que começou um verdadeiro boom de brasileiros querendo se graduar nos EUA, e a nossa ideia com o programa é que esses jovens estejam preparados para o processo dessas faculdades, que é algo muito diferente do que vemos por aqui”, comenta Juliana, coordenadora da Fundação.

“A ideia é que mais brasileiros possam pleitear essas bolsas de estudo e vagas lá fora, tanto para se prepararem como profissionais, mas também para criar um vivência internacional e uma rede maior de contatos e experiências”, continua a coordenadora.

Embora o processo seletivo para o curso preparatório esteja fechado, é possível realizar uma pré-inscrição pelo site oficial do programa. Além disso, Juliana explica que o programa também vai atrás de jovens talentos brasileiros.

"Pra gente chegar nessas pessoas, a gente também mantém um relacionamento com escolas e centros de excelência, como não sendo só as escolas, mas outras organizações que também tem acesso a esses jovens de alto potencial", finaliza Juliana.

O processo para estudar fora

Diferentemente das faculdades brasileiras, que realizam apenas um vestibular para determinar os ingressantes do próximo período letivo, as faculdades americanas possuem uma série de etapas para decidir os aprovados.

Além de um teste de proficiência em inglês, o candidato deve enviar uma série de recomendações de professores e acadêmicos do seu país, referências das escolas em que estudou, além de uma série de redações. Algumas dessas universidades, ainda, exigem uma entrevista final.

Sofia concorda que o processo é longo e que a questão dos valores pode afastar possíveis interessados (cada aplicação tem uma taxa, que é cobrada em dólar), mas pensa que com uma preparação antecipada é possível superar essas questões.

“O primeiro passo é entender como funciona o processo especificamente, sempre ficar atento as oportunidades únicas da vida quando elas aparecem”, compartilha Sofia. Para quem está entrando no processo de aplicação, é fundamental trabalhar o autoconhecimento, se mostrar como você vai somar para a faculdade, você sabendo seus sonhos e sua trajetória, isso é ideal”, finaliza.

Sofia reforça: a aprovação pode não vir de primeira e isso não é motivo para desistir. As faculdades americanas recebem inscrições de todo o mundo e, principalmente as instituições da Ivy League, contam com uma taxa de aprovados baixíssima. Em Harvard, essa taxa beira os 3%.

"É um processo que vai em uma direção contraria como é no Brasil, então é importante essa preparação maior e com muito mais antecedência. É um sonho grande, mas não é inalcançável. Minha dica é pegar as dificuldades no caminho como motivação, tentar reinventar as situações e usar os problemas para impulsionar seus objetivos”, finaliza.

Embora o ano letivo da universidade só se inicie em setembro, Sofia já deve embarcar nas primeiras semanas de agosto para os EUA para já iniciar a transição para a vida universitária.

A estudante, que recebeu uma bolsa que garante sua mensalidade, custos com alimentação e moradia, já decidiu que vai viver a vida do universitário americano ao pé da letra: morar nos alojamentos oferecidos pela faculdade dentro do campus e quer conseguir um emprego para se manter por lá o mais rápido possível.

"Muitos jovens que não possuem muitas referencias positivas, mas é essencial tentar. Eu pretendo ser uma dessas. Eu acredito muito na relação entre o talento e a oportunidade. Então com cada vez mais historias divulgadas, tende a se tornar mais comum. Se eu puder inspirar outas pessoas, já está ótimo", finaliza Sofia.

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