Carreira

Investir em previdência custa pouco e compensa

Se a sua empresa oferece um plano de previdência e você ainda não aderiu ao benefício, saiba que está perdendo dinheiro todo mês

Jorge Botrel, de 36 anos, gerente da Nextel em São Paulo: ficou com a maior opção, de 6% do salário, com a empresa depositando o mesmo valor. "Se pudesse, contribuiria mais." (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

Jorge Botrel, de 36 anos, gerente da Nextel em São Paulo: ficou com a maior opção, de 6% do salário, com a empresa depositando o mesmo valor. "Se pudesse, contribuiria mais." (Alexandre Battibugli/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de março de 2013 às 14h34.

São Paulo - Em países como Alemanha, Holanda e Inglaterra é comum o funcionário aderir ao plano de previdência oferecido pela empresa assim que é admitido. No Brasil, esse comportamento vem se tornando um hábito dos trabalhadores na última década. Há dez anos, segundo as estatísticas das seguradoras de previdência, três em cada dez brasileiros têm aderido ao plano oferecido pela companhia.

“A estabilidade da economia permitiu que o brasileiro faça um planejamento de longo prazo. Essa é uma cultura que existe há anos lá fora, mas que só agora começou a ser incorporada pelo nosso trabalhador”, explica o economista Antônio Lanzana, da Universidade de São Paulo.

Atualmente, empresas como a telefônica TIM, a mineradora Anglo American e a Nívea, do setor de beleza, têm 80%, 83% e 52% de adesão, respectivamente. “Alguns funcionários ainda resistem, pois acham que vão sair logo da companhia”, diz Maurício Araújo, consultor da AON Brasil, que atua em previdência e benefícios de saúde. 

Contrapartida gorda

A principal vantagem em participar do plano corporativo é a contrapartida depositada pela empresa — para cada 1 real colocado na conta previdência pelo empregado, em geral, a companhia contribui com até 1,50 real. “É como ter um salário extra”, diz o consultor financeiro André Massaro. Portanto, se a sua empresa oferece o benefício de previdência e você ainda não aderiu ao plano, saiba que está perdendo dinheiro.

“Por mais que ao sair do emprego o funcionário não leve o que o empregador depositou, ainda assim ele tem acesso a um investimento bem gerido e com vantagens que não teria se fosse aplicar como pessoa física em qualquer outra instituição financeira”, diz Maurício, da AON Brasil.

A despeito da influência cultural, o fato é que, em geral, as empresas ainda divulgam mal o benefício da previdência. O empregado, por sua vez, também se interessa pouco por conhecer melhor essa opção de investimento. Para ele, muitas vezes é melhor ter um vale-refeição com valor polpudo do que um bom pacote de aposentadoria. Mas esse quadro vem mudando tanto do lado da empresa quanto do trabalhador.

Estudo de abrangência nacional, divulgado no mês passado pela BrasilPrev, mostra que a oferta de planos de aposentadoria complementar aumentou 20% de julho de 2011 a julho de 2012, sendo que 65% dos participantes são de empresas de grande porte e 35%, de médio porte. “Esses percentuais refletem a busca das médias pelo aprimoramento de seus planos de benefícios, tendo em vista a competitividade do mercado”, diz Mauro Guadagnoli, superintendente comercial da BrasilPrev.


A competição é pela mão de obra capacitada e por isso, além de oferecer o benefício, as empresas gastam mais dinheiro e esforço para comunicar o plano. O resultado é que mais pessoas aderem ao plano corporativo. De acordo com a pesquisa, dos 194 000 planos empresariais registrados em julho deste ano, 90% são instituídos, ou seja, aqueles em que a empresa e o funcionário realizam a contribuição. Nos 10% restantes, apenas o empregado deposita. A contribuição média é de 380 reais. 

Benefício em alta

Em uma pesquisa realizada há dois anos, a Nivea identificou que a previdência era o benefício mais solicitado pelos funcionários do Brasil. A possibilidade de aderir ao pacote oferecido pela fabricante de produtos de beleza e higiene pessoal passou a valer para todos os níveis hierárquicos só no ano passado — antes, era restrito a cargos acima de gerente.

Hoje, 52% dos empregados contribuem com o plano de previdência corporativo e a expectativa é que esse percentual suba nos próximos anos, já que ele pode ser considerado baixo quando comparado ao nível de adesão de profissionais de companhias como TIM e Anglo American, em que a participação chega a 80% e 83%, respectivamente.

“Nos últimos oito anos temos sentido um aumento no interesse dos funcionários em participar do plano corporativo, o que tem a ver com uma série de palestras e campanhas internas feitas por nós para estimular que isso acontecesse”, afirma Cristina Isola, gerente de RH da Anglo American no Brasil. A mineradora tem um fundo com gestão própria, o Fundambras, com patrimônio de 600 milhões de reais e rentabilidade que superou os 15% no ano passado.

“Em breve a previdência será parte de um pacote básico de benefícios, como já é o plano de saúde e o vale-alimentação”, diz o gerente de previdência complementar da Fundambras, João Teófilo. Para Marcelo Curvelo, da TIM, a previdência não é mais um diferencial, mas elemento básico do RH de qualquer companhia.

“Há candidatos que já olham as características do plano, percentual máximo de contribuição, rentabilidade e níveis de exposição a risco”, diz Marcelo. Se você ainda não faz parte desse grupo, é melhor se apressar, pois deixa de ganhar dinheiro ao não aderir ao plano de previdência da empresa.

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