Carreira

Cuidados na hora da recolocação

Não acredite na promessa do emprego perfeito

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.

Sou especialista em mercado de trabalho. Classifico-me assim porque estou longe de ser uma consultora de recolocação. Sabem por quê? A primeira razão é que o termo recolocação remete à idéia de emprego certo. A segunda é que atualmente tenho mais motivos para não gostar do que para gostar dessa área. O que vem acontecendo com esse mercado é o que acontece com tantos outros: não há regulamentação oficial nem uma entidade para delimitar regras de atuação. Com isso, os oportunistas se aproveitam para ganhar dinheiro.

A forma como esse produto é vendido à população vem provocando questionamentos e insatisfações e até mesmo o repugno de clientes. Quando o profissional chega a esse tipo de empresa, lhe são oferecidas mil e uma maneiras de recolocação. Quando isso não acontece, a bomba explode: "Fui enganado". Dou razão a quem reclama, pois certamente teve promessas de voltar ao mercado em três ou seis meses. Promessas como essas danificam a imagem de quem realmente faz um trabalho com responsabilidade. O certo seria dizer que não vendemos vagas prontas e que a seleção e o recrutamento são feitos na empresa contratante. A verdadeira consultoria em RH não oferece emprego. Temos de trabalhar esse profissional para que ele possa sentir-se seguro, consciente de suas habilidades, de suas limitações e até mesmo de seus direitos. Assim, seremos mais uma ferramenta na busca profissional, como os jornais, a internet e a rede de relacionamentos.

Há dois tipos de empresas: as de recolocação e as de consultoria de RH. Existem as tradicionais, às quais eu chamo de "fábricas de pão de queijo". Normalmente, elas praticam um preço único, sem levar em consideração as condições financeiras da pessoa, o cargo que ela ocupa ou seu salário atual. Enviam os currículos aleatoriamente, oferecem depoimentos de ex-clientes (só os de sucesso, claro), têm cadastro com 200 000 empresas (se você questionar quantas são efetivamente parceiras, elas vão engasgar), formatam sites maravilhosos, e por aí vai. Fazem produção em série de currículos e treinamentos de entrevistas como se houvesse uma única realidade. Essas são as empresas de "recolocação". Para mim, uma verdadeira consultoria em RH deveria:

  • Ouvir o que o possível cliente/parceiro quer, suas dúvidas, seus medos, seu objetivo profissional e pessoal. Não podemos tratá-lo como um produto e lançar um pacote da felicidade.
  • A empresa que realmente oferece trabalhos voltados para cada perfil profissional e pessoal tem de contratar psicólogos ou assistentes sociais para dar atendimento personalizado. Muitas que estão por aí colocam estagiários na função.
  • O papel principal do consultor de RH é justamente o do orientador, que só tem a acrescentar ao futuro dos profissionais que a ele recorrem.
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