Rodrigo Assad, consultor de projetos: carreira em TI em Recife (Foto: Léo Caldas, Ilustração: Marcos Müller/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 18h57.
São Paulo - Esqueça a imagem do Nordeste com poucos atrativos e oportunidades e grande exportador de mão de obra. Investimentos em construção civil, indústria, minérios e tecnologia transformaram a região num mercado interesse para quem é de lá e para quem a adotou como aposta de carreira.
Não por acaso o Nordeste foi a região que mais ampliou o número de empregos formais na última década. Dados da Fundação Getulio Vargas do Rio de Janeiro revelam que 8 milhões de nordestinos saíram da pobreza de 2003 a 2008.
As projeções do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para 2011 são estimulantes. Somados, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Norte devem criar 122 395 vagas para profissionais qualificados em vários setores.
Nesse cenário de otimismo foi criado, há 15 anos, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), uma solução para diminuir a emigração dos talentos da cidade. Hoje, é uma referência no setor. A instituição ganhou o Prêmio Finep de Mais Inovadora Instituição de Ciência e Tecnologia do Brasil (2004 e 2010) e elevou o faturamento de 12 000 reais, em 1996, para 51 milhões de reais, em 2010.
O Cesar é mais um caso de sucesso do Porto Digital de Pernambuco, que reúne mais de 120 empresas de TI. Rodrigo Assad, de 33 anos, começou no Cesar em 2001 e cresceu na empresa. Formado em ciência da computação, já foi administrador de sistemas, tecnical leader team e hoje é consultor de projetos. “Não esperava chegar tão longe. Agora, eu tenho certeza de que é só o começo”, afirma.
O estado de Pernambuco é hoje um polo de oportunidades cujo centro gravitacional é o complexo de Suape — sua ampliação tem gerado uma demanda constante de pessoas, segundo o economista Josué Mussalém, de Recife. Em 2010, por exemplo, a Fiat deu início à nova fábrica, e a Companhia Petroquímica de Pernambuco avançou na unidade de polímeros e fios de poliéster.
No momento, estão sendo investidos 22 bilhões de dólares no complexo, afirma Geraldo Julio de Mello Filho, secretário de desenvolvimento econômico do estado.
Uma novidade é o estudo que está sendo feito para a instalação do polo ecologístico, um novo complexo portuário no litoral norte, que deve reunir um distrito industrial e um aeroporto. A Novartis e a Hemobrás já se instalam na região. Crescem as vagas para engenharia civil, mecânica e da informação, análise financeira e de negócios, e ciência da computação, afirma Ana Thereza de Almeida, sócia da consultoria Fator Humano.
Salvador para Engenheiros
Na capital baiana, o cenário se abre para as engenharias civil e elétrica. O setor de construção civil foi o que mais cresceu. Os números refletem o boom imobiliário de 2006 a 2008, quando as unidades construídas por ano passaram de 4 000 para 14 000. Além disso, neste ano os investimentos públicos no setor devem chegar a 2,4 bilhões de reais.
Entre os projetos estão a ferrovia Oeste-Leste, a via expressa e as obras para a Copa de 2014. A mineração também começa a se destacar nesse contexto, mas para oportunidades no futuro. Segundo o vice-presidente executivo da Bahia Mineração (Bamin), Clovis Torres, só para uma mina de ferro em Caetité (a 757 quilômetros de Salvador), serão destinados 2,3 milhões de reais. Há oportunidades em engenharia química e metalurgia.
Fortaleza aquecida
O Ceará possui o maior estoque de postos de trabalho na indústria do Nordeste, afirma Erle Mesquita, coordenador de estudos e análises de mercado do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho do Ceará. Das 49 grandes indústrias, apenas 11 estão fora da região metropolitana. O setor calçadista local assumiu a liderança no ranking nacional, e a queda de dois pontos no ranking geral não compromete sua expansão.
É nesse cenário que o engenheiro Carlos Emanuel Veras, de 28 anos, se enquadra. Ele viu sua carreira expandir-se em seis anos. Foram quatro empresas no currículo e, em apenas um ano na incorporadora Magis, ele assumiu o posto de supervisor. “Meu crescimento foi resultado tanto do desenvolvimento do setor quanto do crescimento da companhia”, avalia. Fortaleza, a capital do estado, vive uma evolução na construção civil. Os postos de trabalho aumentaram 24,45% de janeiro de 2010 a janeiro de 2011.
São Luís em ascensão
Nos últimos cinco anos, a economia local ganhou fôlego com os novos empreendimentos, e construtoras nacionais foram atraídas para o Maranhão. Além disso, a Refinaria Premium, da Petrobras, já está em fase de terraplenagem; a Suzano Papéis começa suas operações; e os setores de óleo e gás, petróleo e energia ganham visibilidade. Quem está se beneficiando dos cargos e de bons salários são os engenheiros e técnicos em petróleo, claro.
Futuro promissor em Natal
A reviravolta nos índices econômicos do Rio Grande do Norte — as perspectivas com as obras para a Copa de 2014, os projetos de mobilidade urbana e do aeroporto, além dos planos de criação do Centro de Tecnologia de Energia Eólica — transformou o estado em um polo de captação de mão de obra. “Depois de um 2009 muito ruim, tivemos recorde na geração de empregos formais em 2010”, comemora o economista e chefe do IBGE no estado, José Freire.
Em destaque estão o comércio, os serviços e a construção civil, na qual falta mão de obra especializada. O economista aponta outras áreas com oportunidades na região: petróleo, ensino privado (com a expansão das instituições de nível superior), área médica e farmacêutica. O secretário de desenvolvimento econômico do estado, Benito Gama, amplia a lista, incluindo os setores de gás e neurociência. “O setor logístico vai demandar muita gente nos próximos dez anos com o aeroporto”, conclui.