Internet: segundo pesquisador, as pessoas não têm sido mais autodidatas, mas as possibilidades de educação estão mais diversas (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2013 às 09h17.
São Paulo - Não é novidade que a escola não detém o monopólio do conhecimento, mas cada vez mais gente simplesmente ignora essa figura para melhorar sua formação ou mesmo decidir novos rumos da carreira. Há quem se aprofunde na internet e outros, angustiados com tanta informação do mundo digital, buscam opções mais inovadoras.
O enfermeiro Julio Santos, de 35 anos, de Manaus, queria melhorar o inglês. Em vez de aprofundar aulas de conversação, preferiu o curso de Parada Cardíaca, Hipotermia, Ciência e Ressuscitação realizado pela internet na universidade americana da Pensilvânia. "Contemplou as duas áreas e me abriu muitas portas do conhecimento", diz ele, que trabalha no Samu de Manaus.
Formada em Artes Visuais, a empresária Fernanda Lamacie, de 25 anos, ganhou do namorado a oportunidade de receber uma caixa com tudo que precisava para entender melhor o universo da nova empreitada, um site de vendas de artigos de decoração e arte, e também sua relação com esse trabalho.
Chamado de curadoria do conhecimento, o serviço foi criado por três amigos de São Paulo, que fundaram a Inesplorato.
Apesar da execução complexa, a ideia da curadoria é simples: o cliente diz o que quer saber, a empresa entende essa necessidade e, 45 dias depois, entrega um itinerário organizado e customizado com livros, vídeos, artigos, palestras e até indicação de pessoas para trocar ideias.
"A visão de qualquer curso é muito quadrada, é sempre a mesma ideia de mercado", diz. "É diferente de pessoas jovens e inovadoras discutindo o assunto do meu interesse."
Um dos sócios da Inesplorato, Roberto Meirelles, de 27 anos, diz que os interessados variam entre pessoas em crise profissional, empreendedores e curiosos - como um empresário que pretendia se livrar de seu preconceito.
"Temos a falsa sensação de ter acesso a tudo. A produção aumenta e nossa capacidade não acompanha, isso gera uma baita angústia", diz. As caixas custam R$ 1,5 mil, investimento razoável para algo que não entra no currículo. "O processo autodidata está se amadurecendo e as pessoas começam a valorizar."
O publicitário Marcos Oliveira, de 34 anos, já fez cursos online (um de gameficação, aplicação da dinâmica de jogos no aprendizado, por exemplo) e encomendou uma caixa.
"Meus interesses estão espalhados pelo mundo e fico frustrado no dia a dia. Tinha interesse em saber lidar com isso", diz. "O viés de inovação, que me interessava profissionalmente, veio mais como curiosidade."
Segundo o pesquisador em comportamento jovem Daniel Gasparetti, as pessoas não têm sido mais autodidatas, mas as possibilidades de educação estão mais diversas.
"Hoje existe um espectro maior entre o formal e o totalmente informal", diz. "E como maneira de se sentir ativo muita gente está aprendendo o que, por exemplo, não vai usar no trabalho."As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.