Carreira

Fatura mínima do cartão é o crédito mais caro que existe

O juro que incide sobre o saldo devedor do cartão de crédito caiu pela metade, mas isso só vai beneficiar quem souber usar o meio de pagamento

Cartões de crédito (Raul Junior/EXAME.com)

Cartões de crédito (Raul Junior/EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - A queda de braço entre o governo e os bancos chegou, quem diria, ao cartão de crédito. O juro do rotativo, que incide quando o consumidor não paga a fatura integral no vencimento, foi cortado pela metade em algumas instituições financeiras.

Havia quase três anos que essa taxa não sofria nenhuma alteração, a despeito da trajetória de baixa da Selic — o juro básico da economia, que serve de parâmetro para todo o mercado nacional.

O movimento de redução do juro no cartão de crédito pode ser considerado, nesse sentido, emblemático. Ele abre espaço, inclusive, para que consumidores já “pendurados” no rotativo renegociem suas dívidas em condições mais vantajosas. Os motivos para comemorar, porém, acabam aí. Mesmo com os cortes significativos promovidos até agora, pagar a fatura mínima do cartão continua sendo o jeito mais caro de ter acesso ao crédito.

“O consumidor deve evitar o rotativo e considerá-lo a última opção”, diz Selma do Amaral, diretora de atendimento do Procon São Paulo.

A recomendação ganha mais peso quando as contas são colocadas na ponta do lápis. Se tomarmos, por exemplo, a taxa máxima de juro do crédito rotativo cobrada pelo Bradesco, que passou de 14,9% ao mês para 6,9%, alguém que tivesse um saldo devedor de 500 reais no rotativo do cartão veria essa dívida subir, ao fim de seis meses, para nada menos do que 746,17 reais — sem contar os encargos como multa e mora. No prazo de um ano, essa mesma dívida mais do que dobraria, para 1 113,53 reais, o equivalente a um juro de 122,71%.

Note que o cálculo desconsiderou novos gastos, levando em conta somente o saldo devedor de 500 reais. O que costuma ocorrer, na prática, é a acumulação de mais despesas, já que o mecanismo do pagamento mínimo libera automaticamente um saldo renovado para o cliente usar no mês seguinte. E é justamente aí que mora o perigo.

Não à toa, o rotativo do cartão de crédito é um dos vilões da inadimplência no país. Ao lado do cheque especial, ele responde por 27% do gasto mensal das famílias brasileiras com pagamento de dívida, de acordo com os dados do Banco Central (BC).

Bola de neve

Como as taxas de juro do cartão permanecem elevadas, quem entra no rotativo por alguns meses encontra sérias dificuldades para sair. Se esse é o seu caso, tente saldar a dívida o mais rápido possível para que ela não se transforme em uma bola de neve. Aproveite o dinheiro extra de fim de ano, como 13o salário e bônus, para quitar integralmente seu débito. Com o dinheiro na mão, fica bem mais fácil negociar um abatimento com a administradora do cartão.

A redução dos juros do rotativo pode ser pretexto eficiente para que o consumidor endividado pleiteie um bom desconto no caso de dívidas contratadas anteriormente, com alíquotas maiores.

“As empresas de cartão estão fazendo pacotes para que a dívida seja repactuada em outras bases e paga em prestações que caibam no bolso do consumidor”, afirma Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian, líder no fornecimento de informações para análise de crédito. “As taxas do crédito rotativo são muito altas, daí a necessidade de uma renegociação.”

Quitada a dívida, é hora de repensar o modo de usar o cartão de crédito para que o problema não se repita. O maior erro, segundo especialistas, é utilizar o rotativo como um complemento da renda, para cobrir gastos que estouram o orçamento. Disciplina, portanto, é a palavra-chave. “O cartão é um excelente meio de pagamento, mas não pode virar uma muleta financeira”, alerta Fábio Sousa, da consultoria de finanças pessoais FTN.

Quando se tem controle sobre as finanças e o pagamento da fatura do cartão é feito em dia, o chamado dinheiro de plástico pode ser um ótimo aliado.

As compras parceladas sem juro, o acúmulo de pontos em programas de milhagem e a possibilidade de pagar compras à vista em até 40 dias (dependendo da data de vencimento do cartão) são algumas das facilidades para quem faz bom uso do cartão de crédito. Nesses casos, o juro cobrado no rotativo passa a ser irrelevante, pois ele simplesmente não será usado.

Acompanhe tudo sobre:BancosCartões de créditoDívidas pessoaisEdição 173FinançasJurossetor-de-cartoes

Mais de Carreira

O segredo para unir marketing e vendas (e tomar decisões que realmente funcionam)

Black Friday: EXAME libera maratona de aulas sobre inteligência artificial com 90% de desconto

Redes sociais: conheça 8 dicas para transformar o seu perfil no melhor cartão de visitas

Do esporte para o cacau: a trajetória ousada do CEO da Dengo Chocolates