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Covid fará com que 100 milhões de pessoas mudem de profissão até 2030

Desemprego e extinção de cargos com baixa remuneração farão com que trabalhadores sejam forçados a assumir novas ocupações até o final da década, segundo pesquisa da Mckinsey

Efeitos da pandemia: 100 milhões de pessoas serão forçadas a mudarem de prodissão até o final da década. Destas, 17 milhões são dos EUA (Bryan Woolston/Reuters)

Efeitos da pandemia: 100 milhões de pessoas serão forçadas a mudarem de prodissão até o final da década. Destas, 17 milhões são dos EUA (Bryan Woolston/Reuters)

Um em cada dez trabalhadores dos Estados Unidos - cerca de 17 milhões, ao todo - provavelmente será forçado a deixar seus empregos e assumir novas ocupações até 2030 já que os efeitos colaterais da Covid-19 irão destruir enormes faixas de cargos de baixa remuneração em um mercado de trabalho preparado para a ruptura antes mesmo da pandemia.

Mulheres, minorias, jovens e menos educados serão provavelmente os mais atingidos pelo que a empresa de consultoria McKinsey & Co. prevê em um novo relatório como um esvaziamento sem precedentes do trabalho de baixa remuneração no varejo, hospitalidade e outros setores.

“A Covid é um grande disruptor”, disse em entrevista Susan Lund, da McKinsey Global Institute, braço de pesquisa da consultoria.

Os 17 milhões de americanos fazem parte dos mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo que segundo o instituto terão de deixar seus empregos e ingressar em novas linhas de trabalho até o final da década. Isso representará cerca de um em cada 16 trabalhadores nas oito principais economias cobertas pelo estudo, que inclui China, Japão, Alemanha e Reino Unido, além dos Estados Unidos.

Em um artigo de mais de 130 páginas, o instituto vê a pandemia acelerando três tendências que continuarão a afetar o mercado de trabalho nos próximos anos: trabalho mais remoto e trabalho em casa; aumento do comércio eletrônico e uma maior “economia de entrega”; e intensificação do uso comercial de inteligência artificial e robôs.

“As forças que a Covid-19 desencadeou significam que pode haver muito menos demanda por trabalhadores da linha de frente em serviços de alimentação, varejo, hospitalidade e entretenimento”, disse Lund.

(Gráfico/Bloomberg)

Isso levou a McKinsey a elevar sua estimativa pré-pandêmica de quantos trabalhadores precisarão mudar de ocupação em 28%, ou 3,8 milhões, para 17 milhões.

As consequências da pandemia também tornarão mais difícil para muitos trabalhadores realizarem a troca. “A transição que eles precisarão fazer será ainda maior e mais assustadora”, disse Lund.

“Costumava ser o caso de muitos trabalhadores de baixa renda irem do fast food, digamos, para o varejo, depois do varejo para a hotelaria”, acrescentou ela. “Mas agora esses empregos agregados estão diminuindo, então a maioria deles terá que buscar um trabalho de qualificação média, em um ambiente de escritório ou manufatura.”

O esvaziamento projetado das posições de baixa remuneração virá após décadas de polarização do mercado de trabalho, que viu os empregos da classe média na indústria e em outros setores declinarem, mesmo com o aumento do emprego na parte inferior e superior da escala de renda.

Outra tendência que pode ser revertida, segundo Lund: o aumento da concentração de empregos nas maiores cidades do mundo após a crise financeira.

A Covid-19 - e o aumento do trabalho remoto que ela trouxe - está levando alguns trabalhadores e empresas a se mudarem para cidades menores e menos populosas. Embora as taxas de vacância de escritórios tenham aumentado em lugares como São Francisco, elas caíram em lugares menores como Charlotte, na Carolina do Norte, de acordo com o relatório.

 

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