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Trabalhar como cliente oculto ajuda a aumentar a renda

Atue como cliente oculto e aumente sua renda mensal avaliando o atendimento e a qualidade de restaurantes, cinemas, hotéis e postos de gasolina

Victor Fernandes, de São Paulo: ele faturou 2 278 reais como cliente oculto, avaliando restaurantes pelo aplicativo Pinion para smartphones (Ricardo Benichio / VOCÊ S/A)

Victor Fernandes, de São Paulo: ele faturou 2 278 reais como cliente oculto, avaliando restaurantes pelo aplicativo Pinion para smartphones (Ricardo Benichio / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2014 às 13h46.

São Paulo - Já pensou em almoçar gratuitamente num restaurante e ainda receber por isso? Isso é possível, sim, desde que você seja um cliente oculto e esteja atento a todos os detalhes durante a refeição. Foi bem tratado? O garçom sabia explicar os pratos? A comida chegou quente? E a sobremesa nova, foi oferecida? 

O cliente oculto é uma espécie de crítico à paisana, contratado para responder a questões predefinidas pelo dono do estabelecimento que deseja ser avaliado. Essa categoria de pesquisa faz sentido principalmente para empresas do setor de serviços, cuja avaliação tem alto grau de subjetividade.

É o caso, por exemplo, de um restaurante com unidades em bairros diferentes da cidade e clientes mais ou menos exigentes, segundo a região. “O cliente oculto receberá parâmetros objetivos para fazer sua avaliação”, diz Pedro Zanni, professor da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Para ser um cliente oculto, o interessado deve se cadastrar em sites e aplicativos especializados nesse tipo de avaliação. Ali, ele responderá a extensos questionários sobre seus hábitos de lazer e consumo e será chamado quando seu perfil se enquadrar nas exigências do contratante.

“Se é uma pessoa que viaja muito, avaliará companhias aéreas e hotéis”, diz Stella Susskind, de 47 anos, presidente da Shopper Experience, empresa de São Paulo especializada nessas avaliações. O ideal é que o cliente oculto tenha perfil semelhante ao dos consumidores do produto ou serviço que analisará.

“Só não aceitamos menores de 18 anos, e os candidatos precisam ter pelo menos o ensino médio”, afirma o publicitário Alexandre Guimarães, de 40 anos, sócio da Orange, empresa carioca que contrata clientes ocultos.

No Rio de Janeiro, a nutricionista Renata Almeida, de 35 anos, faz quase todos os meses avaliações de restaurantes italianos, cinemas e postos de combustível, pelas quais recebe de 10 a 30 reais. Além disso, ganha o reembolso das despesas, que podem somar mais de 100 reais, entre estacionamento, lanche e pipoca, no caso do cinema.

Ao avaliar o posto, ela só recebe o dinheiro de volta, mas fica com o tanque cheio. Para isso, confere se o frentista fala da opção aditivada, se oferece para checar o óleo, e avalia a limpeza do local. “Não é diversão, tenho de ser observadora e crítica”, afirma. A cada semana, Renata dá uma olhada nas tarefas dos sites Orange, OnYou e GFK. “Pego aquelas que se encaixam nos meus horários.”

O engenheiro de produção Victor Fernandes, de 27 anos, de São Paulo, fez mais de 160 missões pelo Pinion, aplicativo para smart­phones por meio do qual o usuário recebe os detalhes da missão e responde com fotos e as informações pedidas. Em menos de um ano, Victor recebeu 2 278 reais pelos serviços como cliente oculto.

Em geral, os valores pagos estão associados ao grau de complexidade da tarefa. Numa sorveteria, o cliente tem poucas questões para responder, e seu relatório será breve. Numa concessionária, há muita conversa com os vendedores, e as informações são mais complexas.

A OnYou paga 15 reais para o cliente da sorveteria e 150 reais para o da loja de carros. “Não é uma forma de ganhar a vida, mas proporciona uma renda extra”, afirma Victor.

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Entenda o trabalho do cliente oculto e os itens que ele deve analisar em cada estabelecimento

• Em lojas de departamentos, observa a atitude dos vendedores, a disposição das roupas, a organização do provador e as condições de pagamento.

• No banco, avalia a facilidade de acesso à agência, o estado do caixa, o tempo para ser atendido e os serviços financeiros oferecidos.

• Nos cinemas, analisa o atendimento na bilheteria e na bombonière, a limpeza dos banheiros e a qualidade da exibição do filme.

• Na sorveteria, é preciso observar se o atendente usa crachá, se oferece água ou café e se a mesa está em bom estado.

• Na concessionária, verifica-se se o vendedor conhece bem o produto, se fala dos financiamentos e em quanto tempo dá retorno telefônico.

Por onde começar

Conheça algumas empresas que realizam esse serviço

OnYou

Site: onyou.com.br

Membros: 40 000 cadastrados

Cachê: De 50 a 500 reais

O interessado se cadastra no site e recebe treinamento online para cada trabalho que vai fazer. Uma vez enquadrado no perfil necessário, é convidado por e-mail ou telefone

Orange

Site: orangespp.com.br

Membros: 8 000 cadastrados

Cachê: De 20 a 100 reais

Como funciona: Os trabalhos são divulgados no site e em redes sociais, para que os interessados se candidatem. É preciso fazer um treinamento online cuja nota conta pontos para a contratação

Pinion

Site e aplicativo: pinion.com.br

Membros: 60 000 cadastrados

Cachê: De 0,25 a 70 reais

Como funciona: Passa desde missões mais breves, como informações sobre pontos de venda, até testes de produtos ou serviços

Shopper experience

Site: shopperexperience.com.br

Membros: 64 000 cadastrados

Cachê: De 50 a 500 reais

Ao preencher o questionário no site, o candidato receberá trabalhos conforme seu perfil 

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