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No fim do ano passado, o FleetBoston comprou o maior banco do estado de Nova Jersey, o Summit. Na mesma época, foi anunciada a abertura de 10 agências na cidade de Nova York, além das 17 já existentes. Os dois movimentos tiveram a seguinte interpretação dos analistas: o FleetBoston quer crescer na maior cidade americana […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.

No fim do ano passado, o FleetBoston comprou o maior banco do estado de Nova Jersey, o Summit. Na mesma época, foi anunciada a abertura de 10 agências na cidade de Nova York, além das 17 já existentes. Os dois movimentos tiveram a seguinte interpretação dos analistas: o FleetBoston quer crescer na maior cidade americana e em suas redondezas. Melhor teria sido dizer: Henrique Meirelles decidiu que o FleetBoston vai crescer na região. Nomeado CEO para Nova York e Nova Jersey - além de suas funções anteriores -, ele não deixa dúvidas sobre suas intenções. Mudou-se de Boston para Manhattan, onde comprou um apartamento de 5,5 milhões de dólares, no Upper East Side, uma das regiões mais caras do mundo. Assim como o apartamento, seu escritório, num dos prédios do Fleet em Nova York, na Avenida das Américas, com vista para o Central Park, também está em reforma. "Somos um dos maiores financiadores de imóveis comerciais em Manhattan. Não vejo empecilhos para crescermos como banco de varejo", diz Meirelles.

Sonhar alto e transformar o sonho em projetos viáveis é uma característica que Meirelles já havia demonstrado enquanto foi presidente do BankBoston no Brasil. Em 1984, este era mais um banco estrangeiro que dava apenas 2 milhões de dólares de lucro para a matriz (foram 250 milhões no ano passado). Meirelles não apenas sonhou em fazê-lo um grande banco, o líder entre os clientes de alta renda. Queria também fazê-lo a melhor filial do grupo americano em todos os quesitos, da satisfação dos funcionários ao nível de inadimplência. Quando deixou o país, em 1996, Meirelles tinha virado uma estrela do mercado financeiro nacional - e o nome escolhido para liderar o grupo mundialmente.

Percalços? Sim, eles existiram. Quando reuniu sua equipe para apresentar os planos de expansão no Brasil, ele próprio admite, foi tachado de doido. Mesmo assim, ele foi em frente. Conquistou aliados para compartilhar seu sonho. A executiva Rita Manso, que trabalhou com Meirelles por 20 anos, diz que seu ex-chefe combina carisma pessoal, lealdade com a equipe, justiça, inteligência e competência. "As pessoas querem estar perto dele, aprender com ele", diz Rita. "Devo a ele minha maturidade de hoje." Rita foi a primeira funcionária contratada por Meirelles no Boston, em 1974. Deixou o banco há seis meses, em busca de qualidade de vida em Florianópolis.

"O estilo do Meirelles, que virou o estilo do Boston, é de muito trabalho. Mas éramos uma equipe muito unida, doida por desafios", diz ela. Meirelles é um líder que coloca padrões elevados de expectativa para todo mundo. Esperar muito das pessoas, diz ele, não quer dizer ser um chefe autoritário. Ele explica os motivos, mostra as alternativas e conduz a conversa a um ponto em que todos concluem que sua idéia é realmente a melhor. "Os resultados depois sempre mostravam que ele estava certo", diz Rita.

O mesmo nível de exigência ele aplica a ele mesmo quando quer alguma coisa dos chefes. No começo dos anos 90, Meirelles decidiu provar aos chefões nos Estados Unidos que a filial brasileira merecia respeito e que se tornaria a melhor dentro do grupo americano. Fez isso em grande estilo: preparou com extremo esmero uma viagem dos membros do conselho de administração do banco ao Brasil. Parecia que o país estava recebendo chefes de estado. Tudo na viagem teria de funcionar perfeitamente. O assunto foi levado tão a sério que o Boston instalou num hotel do Rio de Janeiro uma equipe de cozinheiro, garçom e arrumadeira. O hotel carioca não passara no teste feito pelos executivos do banco. "Queríamos mostrar o Brasil que funciona", relembra Meirelles. "A viagem foi mágica para eles e nós conseguimos a aprovação para os nossos planos."

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