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Claudia Gasparini
Publicado em 16 de fevereiro de 2018 às 06h00.
Última atualização em 6 de dezembro de 2018 às 12h34.
São Paulo — Em um ano difícil para a economia como um todo, o agronegócio teve fortes motivos para comemorar. Em 2017, foi responsável por mais de 44% das exportações brasileiras, que superaram 96 bilhões de dólares.
Segundo estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o setor contribuiu com 23,5% do PIB brasileiro no ano passado — a maior participação em 13 anos.
Diante desse quadro positivo, a busca por profissionais qualificados e experientes disparou no ano passado. De acordo com dados da consultoria de recrutamento Michael Page, as contratações no agronegócio aumentaram em 25% entre 2016 e 2017.
As posições mais solicitadas estão nas áreas de operações (50% das contratações), finanças (30%) e vendas (20%). Os salários, em média, variam entre 6 mil e 25 mil reais por mês.
“Há um movimento de profissionalização dos grandes grupos desse segmento e uma crescente necessidade de contratar gestores para posições estratégicas”, afirma Marcelo Botelho, gerente da Michael Page para o setor agro. "Essa tendência deve continuar em 2018".
A consultoria EXEC também registrou esse aquecimento: o volume de contratações no agronegócio cresceu 40% entre 2016 e 2017, e já havia subido 20% entre 2015 e 2016.
A curva ascendente aparentemente continua este ano, já que as vagas abertas em janeiro de 2018 superaram em 10% o volume de posições trabalhadas no primeiro mês de 2017.
A alta nas contratações é acompanhada pelo aumento do interesse do brasileiro por carreiras no agronegócio. Segundo o gerente da Michael Page, o segmento está atraindo cada vez mais profissionais por oferecer salários competitivos e boas perspectivas de crescimento profissional.
Segundo a EXEC, a solidez do setor em momentos de crise tem atraído executivos oriundos de outros mercados. Nos últimos três anos, 50% dos profissionais presentes nas short lists (listas finais com 4 ou 5 candidatos a serem escolhidos pelo empregador) vieram de outros setores — um fenômeno inédito para esse mercado.
A procura por cursos e treinamentos específicos para atuar na área também está crescendo, já que atualmente o agronegócio exige profissionais mais qualificados do que no passado.
“É preciso ter capacidade de dialogar, além de formação técnica apurada, de preferência em universidades de referência”, diz Botelho, da Michael Page. “MBA e um segundo idioma também são diferenciais”.
Para os cargos de liderança, a barra subiu: há 10 anos, apenas metade das posições de gestão trabalhadas pela EXEC exigiam pós-graduação. Hoje, 100% das vagas para esse nível hierárquico geridas pela consultoria pedem diploma de especialização.
Diante do aquecimento das contratações no setor, a Michael Page compilou os cargos e perfis mais demandados pelas empresas do agronegócio, com sua respectiva remuneração média. Confira a seguir:
Salário médio: de 10 mil a 25 mil reais
O que faz: Responsável pela gestão direta da fazenda, lidera a equipe técnica e desenvolve pessoas. Também pode assumir a gestão financeira do negócio.
Perfil mais buscado: Formação em engenharia agronômica, de preferência, com pós-graduação em agronegócio. É importante conciliar domínio técnico com capacidade de gestão.
Salário médio: 6 mil a 12 mil reais
O que faz: É o “braço direito” do gerente da fazenda no contato com os colaboradores do campo. Cada coordenador é responsável por um certo aspecto técnico da produção e trabalha para garantir produtividade e qualidade, além de mitigar riscos.
Perfil mais buscado: Forte conhecimento técnico associado a boas noções de gestão. Também é preciso ter habilidade de comunicação e liderança. É esperado que esse profissional tenha experiência com capacitação e motivação de equipes.
Salário médio: 12 mil a 16 mil reais
O que faz: Planeja, organiza e desenvolve planos financeiros. Além disso, analisa informações contábeis e indicadores de performance para acompanhar as projeções de faturamento do negócio.
Perfil mais buscado: Formação em contabilidade e sólida capacidade analítica. O mercado também busca profissionais capazes de conversar com outras áreas para entender a composição dos custos e aumentar a eficiência do negócio.
Salário médio: 7 mil a 12 mil reais + variável
O que faz: Cuida da estratégia comercial do negócio. Seu papel é atender clientes e motivar funcionários e representantes técnicos para a difusão do produto.
Perfil mais buscado: Formação técnica em engenharia agronômica, zootecnia ou veterinária, pela necessidade de “falar a mesma língua” do cliente. É importante ter habilidade para relacionamentos e pensamento estratégico. Fluência em idiomas estrangeiros tem sido mais exigida graças à alta nas exportações.
Está interessado no futuro desse mercado de trabalho no Brasil? Confira a seguir 4 depoimentos sobre as perspectivas para o agronegócio no país, colhidos no EXAME Fórum Agronegócio 2017:
Marco Túlio Moraes da Costa, diretor de agronegócios do Banco do Brasil, analisa os principais entraves para a eficiência no campo e as soluções para esses desafios:
Nizan Guanaes, fundador do Grupo ABC, fala sobre o que ainda falta para consolidar o Brasil como símbolo de potência do agronegócio na cabeça dos consumidores:
Luiz Herrisson, diretor de sustentabilidade do Walmart, fala sobre como conciliar rentabilidade, sustentabilidade e transparência no setor:
https://www.youtube.com/watch?v=gXKwT0GvIXw
Pedro Paulo Diniz, fundador e CEO da Fazenda da Toca, fala sobre as oportunidades trazidas pelo aumento do consumo de alimentos orgânicos no Brasil: