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Conheça 4 práticas que a sua empresa deve mudar para ser skills-based

Do recrutamento a avaliação de desempenho, a sua empresa vai precisar fazer mudanças importantes para adaptar-se a nova abordagem

A skills-based valoriza as habilidades individuais no mercado do trabalho, em vez de concentrar-se apenas naquelas conhecidas qualificações formais, como diplomas ou cargos (Twenty four April/Getty Images)

A skills-based valoriza as habilidades individuais no mercado do trabalho, em vez de concentrar-se apenas naquelas conhecidas qualificações formais, como diplomas ou cargos (Twenty four April/Getty Images)

Sofia Esteves
Sofia Esteves

Fundadora e Presidente do Conselho Cia de Talentos/Bettha.com

Publicado em 1 de abril de 2024 às 12h02.

Em um dos meus últimos artigos publicados em 2023, trouxe aqui o tema da organização skills-based. Trata-se de uma abordagem que valoriza as habilidades individuais no mercado do trabalho, em vez de concentrar-se apenas naquelas conhecidas qualificações formais, como diplomas ou cargos.

Só que, para fazer essa espécie de “reforma” dentro das empresas, é preciso transformar o conhecimento teórico em ações práticas.

Por isso, gostaria de apresentar quatro processos nos quais é possível empregar esse modelo — lembrando que, antes de tudo, é necessário acontecer uma mudança de mentalidade na liderança.

Recrutamento skills-based

Se estamos falando em uma transformação profunda, logicamente será necessário revisar vários processos organizacionais, a começar pela porta de entrada em uma empresa.

Em um modelo baseado em habilidades, os critérios tradicionais de um processo seletivo perdem certa relevância. Até porque muitos desafios atuais não são necessariamente contemplados no Ensino Superior, o que torna menos eficiente focar única e exclusivamente em requisitos como nome de faculdade e área de formação.

Com o surgimento de novas agendas, como a do ESG e da Inteligência Artificial generativa, cada vez mais as organizações contribuem com parte da especialização profissional já que as pessoas não saem exatamente prontas das universidades e faculdades.

Muitas demandas corporativas são extremamente novas e as instituições de ensino não conseguem adaptar seus currículos na velocidade necessária, por isso olhar apenas para o diploma não é suficiente para sanar o gap em determinadas áreas de atuação. Neste contexto, faz mais sentido avaliar quais habilidades ajudarão a superar determinado desafio corporativo.

Na prática, as etapas do recrutamento não mudam tanto, a transformação tem mais a ver com os critérios utilizados — o que impõe uma transformação em outro processo.

O redesign do trabalho

Para estabelecer novos critérios de seleção e promoção, as empresas devem passar por um estudo minucioso da sua estrutura interna.

Isso significa olhar para uma área como a do Marketing e entender muito bem o seu papel dentro da empresa, as suas funções e os seus desafios atuais. Uma vez feito esse raio-X, é importante analisar quais são as habilidades necessárias para a realização das atividades de Marketing no dia a dia.

Percebe a diferença? A empresa deixa o organograma clássico de áreas e cargos, focando nos papéis desempenhados pelas pessoas.

Com essa abordagem, as funções passam a ser projetadas em torno das habilidades-chave para realizar o trabalho. Como consequência, pode ser necessário criar papéis ou redefinir funções para alinhar os talentos das pessoas com as demandas da organização.

Desenvolvimento de habilidades

Acho que, a essa altura, você já percebeu que uma mudança leva a outra. Por isso, ao adotar uma abordagem skills-based no design do trabalho, é preciso repensar também o desenvolvimento de habilidades.

Treinamentos, workshops e demais formações devem focar em habilidades diretamente aplicáveis às necessidades mapeadas naquele processo anterior de análise das funções de cada área. É esse estudo das atividades e dos papéis que vai indicar as necessidades de aprendizado contínuo — o que, por sua vez, impacta outro ritual corporativo.

Um novo foco na avaliação

Se vários processos passam a girar em torno das habilidades, é claro que estas também irão influenciar a forma de avaliar e de reconhecer o desempenho individual.

Levar em consideração as competências demandadas em cada papel e aquelas demonstradas por cada pessoa reforça a mudança de mentalidade da empresa. Mais do que isso, reforça a ideia de que, naquela empresa, não é o nome da faculdade ou do cargo que pesam no reconhecimento profissional, e sim o uso do conjunto de habilidades corretas para cada desafio.

Considerar esse panorama é uma forma de entender de maneira mais ampla a reforma que essa nova abordagem demanda. Não é uma transformação simples, eu sei. Contudo, é exatamente esse tipo de mudança que pode ajudar uma empresa a passar daquele modelo tradicional e rígido para um mais flexível e inovador — algo que eu acredito que todas as organizações buscam hoje em dia.

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