A programação contou com palestras e painel de especialistas que ocupam lugares estratégicos na sociedade (IVG/Divulgação)
Repórter
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 13h14.
“Mais coragem do que medo”, diz a jornalista Ana Paula Padrão, uma das palestrantes que marcaram o 2º Congresso da Mulher Brasileira, realizado no dia 19 de novembro, no Teatro Bradesco, em São Paulo.
O evento, promovido pelo Instituto Vasselo Goldoni (IVG), reuniu lideranças, empreendedoras, executivas e jovens profissionais em uma programação intensa de debates, homenagens e palestras que deram voz à diversidade de histórias e trajetórias femininas no país.
A edição deste ano ampliou o impacto construído em 2022 — quando o Congresso lançou o movimento pelo Dia da Sororidade — e voltou ainda maior, com apoio de Unibrad, TotalPass, Petlove e Xipp, além de parcerias com Instituto Gol, Talenses Group e ABRH-SP.
Além de Ana Paula Padrão, o palco recebeu nomes que representam diferentes vivências e lutas das mulheres brasileiras, como Ana Bavon, Carolina Ignarra, Gabriela Augusto, Juju Teófilo, Livia Mandelli, Mafoane Odara, Mayana Neiva, Izabella Camargo, Rita Batista, Lourice Scalise, Sonia Bonato e Tania Chaves, entre outras convidadas que transformaram o teatro em espaço de troca e reflexão com apresentação de Dilma Campos.
Para Edna Vasselo Goldoni, presidente do IVG e idealizadora do encontro, o Congresso é a prova viva da força coletiva feminina.
“Quando mulheres se unem, suas vozes ganham força, transformam realidades e constroem pontes para um futuro mais justo.”
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A programação contou com palestras de 15 minutos, painel com especialistas e homenagens. No palco estiveram nomes como Ana Paula Padrão, jornalista e empresária que revisitou sua infância solitária em Brasília.
“Fui uma criança solitária e descobri que isso me ajudou a ser uma criança muito sonhadora, mas aprendi desde muito cedo que sonho sem planejamento é devaneio”, afirma.
Para ela, ambição e coragem não têm prazo de validade. “Eu tenho 60 anos e estou na minha terceira carreira. Não vou deixar que me digam que é hora de sair da arena.”
Já Lourice Scalise falou sobre liberdade em todos os papeis que uma mulher pode desenvolver.
“Pensei que a liberdade viria com idade, dinheiro ou poder. Depois percebi que a liberdade não vem. Eu é que tenho que ir em busca dela.”
Ao lembrar que foi criticada por trabalhar na Suíça enquanto o filho ficava no Brasil, resumiu o desequilíbrio estrutural. “Um homem seria visto como herói. No meu caso, fui chamada de carreirista.”
E deixou a metáfora: o que você gosta? O que te faz feliz? — um convite a escolher o próprio caminho.
Lourice Scalise, CEO da Roche Farma Brasil, palestrando para mais de mil mulheres no Teatro Bradesco (IVG/Divulgação)
Diversidade também foi um tema debatido no evento e não se resumiu apenas ao gênero. A cada número trazido por Carolina Ignarra, o público parecia sentir o impacto de uma realidade ainda desconfortável: 90% das pessoas com deficiência já se sentiram excluídas no ambiente de trabalho. Em 64% dos casos, essa exclusão vem da liderança; em 62%, dos próprios colegas. E o resultado disso explode em um dado alarmante: 84% dessas pessoas têm a saúde mental afetada pela falta de pertencimento.
“Se a gente tivesse acordado para incluir, o mundo já seria outro”, afirmou. “Mas se não for intencional, a gente exclui. Sempre,” afirma Ignarra.
A apresentadora Rita Batista, por sua vez, transformou o palco em um espaço de liberdade e afirmação.
“A liberdade é escolher o caminho que a gente quer, sem que ninguém faça por nós.”
Outra mulher que tomou espaço no palco foi a jornalista Izabella Camargo usou humor e vulnerabilidade para falar de burnout e autocuidado. Ela saiu do trabalho após um caso de burnout, em uma época em que não se falava tanto sobre saúde mental. Hoje, ela é referência no tema.
“Pode ser que você esteja vivendo uma versão desatualizada de você. Se você não se incluir na própria agenda, vai acabar fora dela”, afirma.
A 2ª edição do Congresso da Mulher Brasileira reforça que políticas e dados são importantes — mas a mudança estrutural nasce da escuta, da coragem e da união.
Como resumiu Rita Batista: “A vida é um presente, mas se não presta para todas, ainda temos trabalho a fazer. Enquanto não estiver bom para todo mundo, não está bom para ninguém.”
Pata Beatriz Nóbrega, C-Level de RH e uma das voluntárias da organização do evento, o Cngresso surgiu com um propósito claro: compartilhar e força da 'sororidade' no país.
"O Congresso nasceu para dar visibilidade às múltiplas vozes femininas, ampliar nossa presença nos espaços de decisão e propor caminhos práticos rumo a um Brasil mais equânime", afirma.
E é justamente nesse trabalho coletivo que o Congresso se firma como ponte, arena e farol para a próxima geração de mulheres brasileiras.
Mulheres que organizaram o 2º Congresso da Mulher Brasileira no Teatro Bradesco, em São Paulo (IVG/Divulgação)