São Paulo – A inovação é muito mais comumente associada ao estilo de trabalho de empresas altamente tecnológicas com seus departamentos robustos de pesquisa e desenvolvimento do que ao dia a dia da esmagadora maioria de profissionais. E é justamente isso que Celso Braga, um dos idealizadores do prêmio “O Melhor da Inovação”, quer mudar.
“Não temos no DNA essa visão sobre inovação e sobre o que essa potencialidade pode exercer”, diz ele que tem promovido o conceito de inovação aplicada no cotidiano. O prêmio “O Melhor da Inovação” é de iniciativa do CRIA (Comitê de Referência em Inovação Aplicada), formado pelo Grupo Bridge, Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos de Inspeção (Abendi) e da Gestiona para fomentar a discussão da inovação no Brasil.
Para além de grandes invenções e investimentos milionários na criação de produtos e serviços inéditos, o que se pretende mostrar e estimular é a percepção de que a inovação está ao alcance de qualquer um que queira mudar sua rotina de trabalho para melhor.
Afinal, pequenas mudanças em processos, ajustes em sistemas de controle e outras modificações podem ser sugeridas e aplicadas em qualquer empresa. E por qualquer funcionário. Isso também é inovação. “E não é uma inovação cara”, diz Braga.
“O que eu sempre falo, em palestras para empresas de 30 ou 3 mil funcionários é que cada um pensa que inovação é uma coisa e todo mundo pensa que as pessoas acham que inovação é a mesma coisa”, diz Beia Carvalho, palestrante e pesquisadora sobre o futuro e os rumos da inovação.
Ela conta que é frequente ouvir iPhone como resposta para a pergunta “o que é inovação”. “Este é um exemplo de inovação dos gênios que surgem a cada 100 anos”, diz Beia.
Os diferentes jeitos de inovar sem inventar
Nem só de smartphones, tablets e afins se faz inovação. Beia dá alguns exemplos de como é possível inovar sem necessariamente ser o inventor do próximo iPhone.
Por combinação. Junte duas coisas existentes (produtos ou serviços) e da combinação surge algo inovador. “É ter um novo olhar para o que já existe”, diz. Exemplo: lápis e borracha já existiam, mas alguém teve a ideia de juntar os dois produtos dando origem ao lápis com ponta de borracha. Foi uma inovação.
Por melhoria. Promover mudanças que tragam mais eficiência, agilidade ou redução de custos é uma forma de inovar. “Olhar para o que já existe com o objetivo de melhorar a performance”, diz Beia.
Por atraso. Levar uma prática, serviço ou produto já existente em uma empresa, país ou setor para outra empresa. “Nesse caso também ninguém inventa, combina ou melhora nada. Mas tem esse olhar de avaliar o que é inovador”, diz Beia.
5 passos para ser inovador no dia a dia
Confira as dicas dos especialistas para profissionais interessados em aumentar, de fato, sua capacidade de inovar:
1. “Vá além do que está fazendo”, sugere Celso Braga. Ninguém, diz Beia, inova no dia a dia fazendo as mesmas coisas e da mesma maneira. “Por isso, o ambiente em que a criatividade é estimulada é o oposto do repetitivo, ordeiro e rotineiro”, diz a especialista.
2. Após a ideia, seja objetivo. Celso Braga sugere que seja feito um esboço do que foi pensado, um plano de execução para colocar em prática.
3. Apresente a ideia e o esboço da execução ao seu gestor. “O maior entrave para a inovação está na liderança. Ao apresentar a ideia ao gestor, o profissional permite que ele contribua também”, diz Braga.
4. Além do gestor, todos os colegas afetados pelo projeto devem ser envolvidos no seu processo de execução.
5. Meça resultados. “Mensurar a inovação é importante para mostrar que ela tem o poder de aumentar a produtividade e o engajamento das pessoas”, diz Braga.
-
1. Ajude seu cérebro a criar
zoom_out_map
1/9 (Thinkstock)
São Paulo – Ser criativo é ser capaz de criar conexões incomuns. Esta é a definição de
criatividade que o publicitário Tadeu Brettas, da Ynner Treinamentos, mais gosta. “Geralmente os melhores resultados nascem de um olhar inusitado, de associações inesperadas”, explica o especialista. Além de repertório de informações, a inspiração para conseguir estabelecer essas conexões criativas pode vir do universo infantil. De acordo com Brettas, as crianças, por estarem ainda elaborando o mundo, são mestres em estabelecer as tais conexões insólitas. Por isso, muitos treinamentos dados pelo especialista em empresas têm como objetivo resgatar a criança interior por meio do universo lúdico. A ideia é afastar momentaneamente os profissionais do turbilhão corporativo e apresentá-los a atividades divertidas e relaxantes para destravar a criatividade e estimular a capacidade de resolução de problemas. “Uma vez distante do problema, no momento em que relaxamos, a resolução aparece. O fato é que o nosso cérebro ainda estava trabalhando no desafio, só é algo que não percebemos de forma consciente. É a chamada iluminação”, explica. Confira, nas fotos, algumas atividades que têm esse poder de estímulo da criatividade, indicadas por Tadeu Brettas:
-
2. 1. Brincar
zoom_out_map
2/9 (Thinkstock)
No dia a dia de trabalho é difícil encontrar tempo para fazer brincadeiras, contar piadas, dar risadas. Mas estes momentos de descontração podem ser o gatilho que falta durante o expediente para o surgimento de novas e boas ideias. E o melhor lugar para isso - se a sua empresa não é do tipo descolada que tem as chamadas salas de descompressão – é no espaço do café, diz Bretas. Por isso, por mais que sua agenda esteja lotada de afazeres, não negligencie estes minutos mais descontraídos com seus colegas de trabalho no café da empresa.
-
3. 2. Desenhar (ou qualquer atividade artística)
zoom_out_map
3/9 (Thinkstock)
“Tive um diretor que não conseguia falar sobre suas ideias sem estar fazendo uns rabiscos em papel”, diz Brettas. Ao desenhar, as partes do cérebro relacionadas ao processo criativo são estimuladas. Mas não é só o desenho que tem esse poder. Atividades artísticas, em geral, têm esse efeito. “A mensagem aqui é um pouco mais profunda. O que quero dizer é: desenvolva sua sensibilidade através da arte. Pode ser pela pintura, pela música, pelo teatro, pela literatura”, diz.
-
4. 3. Correr riscos
zoom_out_map
4/9 (Thinkstock)
“Tem uma frase que eu gosto que é: quem não corre nenhum risco está correndo todo o risco”, diz Brettas. Em outras palavras: menos manuais e mais espontaneidade. “Teve uma ideia? Libere-a de forma autêntica, com educação mas sem receio”, indica Brettas.
-
5. 4. Pensar besteiras (também)
zoom_out_map
5/9 (Thinkstock)
“Da quantidade de ideias é que sai a qualidade”, diz Brettas. Não economize insights, deixe-os fluírem sem julgamentos ou censura. A espontaneidade estimulada resulta em constante brainstorming em relação ao mundo. E é dela que nascem as invenções revolucionárias, diz o especialista.
-
6. 5. Questionar o mundo
zoom_out_map
6/9 (ThinkStock/stokkete)
E por que não? Tempere o cotidiano com mais pontos de interrogação. "A criatividade nasce de perguntas e não necessariamente de respostas. A criatividade nasce do pensamento divergente e não do pensamento convergente", afirma Tadeu Brettas.
-
7. 6. Encontrar um ponto de fuga
zoom_out_map
7/9 (Thinkstock)
Reservar espaço para sair da rotina é o que Brettas chama de encontrar pontos de fuga. Uma viagem no fim de semana, um passeio em um jardim durante a manhã, um almoço diferente: cabe a cada um determinar a atividade dentro de suas próprias possibilidades e limitações.
-
8. 7. Reunir achados criativos
zoom_out_map
8/9 (Thinkstock)
“Uma dica que eu dou é: crie uma caixa de preciosidades”, diz Brettas. Não confie apenas na sua memória. Viu uma frase engraçada? Anote. Presenciou uma cena inusitada? Registre. Ouviu uma música diferente? Grave o nome. “Com isso a pessoa vai criando o seu repertório de achados”, diz o especialista. Ele mesmo faz isso e, na sua pasta de tesouros, há de fotos de cardápios de restaurante a frases de Millôr Fernandes. “Todas as vezes que me preparo para desenvolver um trabalho criativo eu vou mexer nesses meus achados”, diz.
-
9. Agora, veja as táticas dos executivos para estimular a criatividade
zoom_out_map
9/9 (Getty Images)