Carreira

Como procurar emprego sem ser pego pelo chefe

O assunto não é politicamente correto, é verdade. Mas todo mundo faz, portanto, saiba como agir direito

Marvio Portela, 34 anos, diretor comercial do SAS: café da manhã com recrutadores (Felipe Varanda / VOCÊ S/A)

Marvio Portela, 34 anos, diretor comercial do SAS: café da manhã com recrutadores (Felipe Varanda / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2013 às 15h45.

São Paulo - Procurar emprego é uma tarefa a ser feita enquanto se está empregado. Em primeiro lugar, é uma maneira eficaz de subir na carreira. De acordo com a empresa de recrutamento Hound, de São Paulo, entre 15% e 20% dos profissionais recebem convite para assumir uma posição maior em outras companhias quando já estão empregados.

"O poder de barganha do profissional aumenta", diz Rodrigo Miwa, sócio da Hound. Já o desempregado costuma receber proposta para cargos similares ou abaixo do que exercia anteriormente. Além de segurança, o emprego valoriza o profissional. "As organizações costumam preferir quem está empregado, pois é quase um sinônimo de competência e qualidade", diz o consultor de carreiras Gutemberg B. de Macêdo. 

A questão é como procurar emprego, algo que acaba ocorrendo durante o expediente, mas que deve ser feito sem chamar a atenção do chefe. Isso não é fácil em tempos de escritórios sem divisórias e num momento em que as pessoas estão trabalhando muito e têm pouco tempo disponível para ficar "fora do ar" por algumas horas.

Nessa tarefa, a discrição é essencial. A principal orientação é não tratar do assunto sentado na baia, perto do chefe ou mesmo de colegas. "Avise que vai ao banco sacar dinheiro e aproveite para fazer uma ligação", diz Fabiana Goes, da empresa de recrutamento Search.

Outra opção é enviar um e-mail. Nesse caso, evite usar o endereço da firma, que pode ser monitorado, principalmente se contiver o nome de um concorrente. Dê preferência por um e-mail particular. Usar o smartphone é uma opção. Se possível, espere para escrever a mensagem em casa, com calma e tempo para reler antes de enviá-la. 

E se a pessoa com quem está negociando, ou um recrutador, ligar para você durante o expediente? Uma recomendação é disfarçar. Recrutadores estão acostumados com a reação das pessoas e pegam rápido o que está rolando. "Aja como se fosse uma ligação particular, um operador de call center ou o gerente do banco", diz Fabiana.


"Tem gente que finge ter recebido a ligação de um amigo e chega até a dizer 'que bom que você ligou'." Redes sociais tais como o LinkedIn também são boas aliadas para manter a cautela, pois são ferramentas rápidas e práticas para atualizar seu perfil e oferecem uma comunicação discreta com outros profissionais.

Mas fique atento: "As redes facilitam a conexão, mas nada substitui a entrevista aprofundada, porque há muita mentira na internet e as pessoas costumam exagerar no perfil virtual", diz Gutemberg. Como muita gente tem LinkedIn atualmente, cuidado para não ser ostensivo na rede social. Evite escrever coisas como "em busca de recolocação", por exemplo. 

Também será preciso encontrar tempo para o contato pessoal com pessoas da companhia onde você pretende trabalhar e para possíveis entrevistas de emprego — coisas que acabam invadindo o horário de trabalho. "É importante manter uma relação próxima com os caça-talentos. Recomendo agendar almoços e cafés da manhã periódicos", diz Gutemberg.

É o que faz Marvio Portela, de 34 anos, diretor comercial da multinacional de tecnologia SAS Institute, que procura reservar o horário do café da manhã e do almoço para eventualmente encontrar-se com headhunters.

"O café é bom porque compromete menos a agenda do executivo", diz Marvio. Além de manter o relacionamento, ele usa os encontros para recomendar amigos e pedir indicações de profissionais para trabalhar junto.

"Mantenho um contato bastante frequente e não passo mais de um mês sem uma mínima conversa com cada um deles", diz Marvio, que se comunica por e-mail, LinkedIn e telefone, mas dá preferência para os contatos pessoais.

O sócio da Hound, Rodrigo Miwa, orienta que se tome alguns cuidados ao procurar vagas de emprego. Em primeiro lugar, não se exponha excessivamente, peça sigilo para os envolvidos na sua negociação.

E, acima de tudo, nunca deixe que a busca de novas vagas influencie sua produtividade e sua rotina no trabalho. "Deixe as portas abertas ao pedir demissão", diz Rodrigo. Enfim, aposte no respeito a todas as partes envolvidas na negociação. Isso contará pontos a seu favor. 

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