O que fazer quando seu chefe não se atualiza? (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2014 às 15h41.
São Paulo - Em sua lista das dez principais tendências de tecnologia para 2014, a IDC, uma das principais consultorias do mundo na área, indica que 80% das empresas que lidam com consumidores terão de integrar seus sistemas de informação a redes sociais abertas, como Facebook e Twitter.
Bancos de todo o mundo estudam como transformar smartphones em meios de pagamento que substituam os cartões e o dinheiro de papel, o chamado mobile banking. Esses são exemplos de como o mundo digital está entrando nas empresas e transformando os negócios.
Como consequência, compreender os hábitos digitais de consumidores e vislumbrar as oportunidades de criação de produtos e serviços que as novas tecnologias trazem são habilidades esperadas de profissionais. Quem é capaz de sugerir inovações se destaca no mercado.
As empresas entenderam isso, mas sofrem com um problema: muitas mantêm no topo líderes analógicos, distantes da realidade digital e incapazes de detectar o valor das ideias de suas equipes. Uma pesquisa da firma de recrutamento de executivos Russell Reynolds com 300 empresas e 3 000 presidentes e executivos mostrou que apenas 18 companhias tinham diretorias altamente digitais.
O mesmo estudo mostrou que 210 empresas não tinham ninguém na cúpula com ligação com o mundo tecnológico. “A informação está redesenhando as empresas, e quem não se transforma fica para trás”, diz Javier Zamora, professor da Iese Business School de Navarra, na Espanha.
A situação no Brasil é semelhante. Embora existam exemplos de ações digitais muito bem-sucedidas, boa parte das empresas convive com uma diretoria pouco familiarizada com as novas tecnologias. São times que foram montados levando em conta as competências em outras áreas. Conhecimento digital não costumava ser um critério de escolha.
No dia a dia, é complicado atuar ao lado de um chefe que tem dificuldade de entender novos modelos de negócio, baseados em alta conexão, mobilidade e respostas rápidas ao consumidor. A cena comum é o momento em que funcionários e diretores, ao redor da mesa de reuniões, duelam para entender as propostas ousadas.
Os funcionários notam que o gestor não domina o vocabulário digital, ainda que ande de smartphone nas mãos para cima e para baixo. O chefe mostra-se temeroso em relação a mudanças nos negócios e incapaz de aproveitar oportunidades. Os projetos vão sendo abandonados e seus autores acabam frustrados.
A questão é como se apresentar diante de um chefe resistente às mudanças digitais. Um ponto de partida é desenvolver a habilidade de entender a personalidade de seu chefe e a cultura da empresa.
“Saber ler o ambiente é uma competência que vai ser importante para toda a trajetória profissional. Você deve reconhecer se o líder está disposto a ouvir suas sugestões”, afirma Halina Matos, da Cia de Talentos, empresa especializada em recrutamento e seleção de trainees, de São Paulo.
“A abordagem do diálogo precisa ser respeitosa acima de tudo. Bons líderes são antes de tudo pragmáticos. Se o funcionário apresentar casos e resultados positivos de experiências semelhantes, dificilmente o diretor vai ignorar a proposta”, diz Pedro Waengartner, coordenador de marketing digital da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), de São Paulo.
O trabalho não é um mundo perfeito. Quando deparar com um líder analógico, lembre-se de que lidar com diversidade é outra competência valorizada nas empresas, justamente por situações assim.