Segundo a economista Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos, "As mulheres são mais detalhistas e costumam perder menos dinheiro" (Paulo Pampolin)
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2013 às 06h31.
São Paulo - Contratar mais mulheres. Essa foi uma das recomendações da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, para que o setor financeiro se fortaleça e evite novas crises.
"Os bancos iriam se beneficiar da forma diferente de avaliar riscos que as mulheres podem trazer à mesa", afirmou Christine, em maio, durante palestra no 43º Simpósio da Universidade de Saint Gallen, na Suíça.
Christine, que já foi ministra de Finanças da França antes de se tornar a primeira mulher a dirigir o FMI, não é a única a defender as virtudes das mulheres na administração do dinheiro.
Esse pensamento também está presente no recém-lançado Warren Buffett Investe Como as Mulheres (Saraiva), no qual a autora, Louann Lofton, defende que foi com um perfil normalmente associado às mulheres — negociar menos, não ser superconfiante, evitar riscos, pesquisar exaustivamente onde irá investir e aprender com os próprios erros — que o megainvestidor americano se tornou o quarto homem mais rico do mundo.
"As mulheres são mais detalhistas, avaliam mais os investimentos antes de tomar uma decisão e tendem a ser mais conservadoras que os homens, por isso costumam perder menos dinheiro", diz a economista Alexandra Almawi, da Lerosa Investimentos.
Essas características estão sendo observadas com atenção pelo mercado, já que a massa da renda feminina cresce em ritmo acelerado no Brasil. Neste ano, a renda total da população feminina no país deve atingir 1,01 trilhão de reais, o equivalente ao PIB da Suécia.
Para ter uma ideia do significado desse número, nos últimos dez anos a renda total da população feminina cresceu 83%, ante 45% da masculina — um reflexo do aumento da proporção de trabalhadoras com carteira assinada na população economicamente ativa.
Com mais dinheiro na mão, e chefiando uma maior proporção de lares, elas começam a tomar a dianteira quando se trata de decidir como investir o dinheiro da família. Segundo dados de 2011 do Instituto Sophia Mind, 52% delas poupam ou investem parte da renda.
Se primam por algumas qualidades, também tropeçam em alguns erros básicos, como não saber comparar taxas de juro quando precisam se endividar, e confessam sua carência quando o assunto é educação financeira — 50% sentem que têm de aprender muito mais sobre o assunto. Portanto, procure livros e se informe pela internet. Depois disso, vale falar com o gerente.
Para ficar melhor
Conheça algumas dicas que podem melhorar seu desempenho financeiro
1 Seja menos conservadora
Em geral, as mulheres são mais conservadoras e arriscam menos, porque temem que alguma coisa ruim possa acontecer (como desemprego ou doença). Por isso, a caderneta de poupança é o investimento preferido por 76% delas. Mas há alguns investimentos, como títulos públicos, que são uma alternativa mais rentável que a poupança.
2 Aumente sua educação financeira
Sete em cada dez brasileiras admitem ter dificuldade para entender as diversas opções de investimento. Muitas mulheres não investem em fundos multimercados — atrelados a juros, dólar ou ações — por desconhecimento. Se soubessem que a gestão desses fundos é transparente e tem fiscalização da CVM, talvez mudassem de ideia.
3 Continue sendo previdente
As mulheres costumam destinar maior porcentagem de seu rendimento mensal para a previdência privada. Enquanto os homens têm tíquete médio de até 7% de sua remuneração, o das mulheres fica entre 8% e 9%. Atualmente, dos 12 milhões de planos ativos, 42,3% têm mulheres como titular. Há dez anos a participação delas era de 35%.
4 Controle seus hormônios
Pesquisas mostram que no período da TPM as mulheres ficam mais nervosas e ansiosas. E o que fazem? Compras. Previna-se desse problema. "O ideal é não fazer compras quando se está triste, angustiada ou ansiosa", diz Roberta Omeltech, consultora financeira. Sentiu aquela tristeza chegando, saia de casa sem cartão de crédito ou cheque.
5 Escolha suas dívidas
Se sabe que vai ser inevitável se endividar, busque as opções mais baratas, com os juros mais baixos, como o crédito consignado. "Sempre há uma alternativa mais barata do que o cartão de crédito e o cheque especial", diz o consultor de investimentos Marcelo de Líbero D’Agosto. Inclua a família nas medidas de economia.
6 Aprenda a negociar
Em várias partes do Brasil, como Manaus e Salvador, as mulheres formam o maior grupo de devedores, segundo dados do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). Se a dívida foi inevitável, o jeito é negociá-la. Converse com o credor, peça desconto. Mostre-se interessada em solucionar a questão. E evite reincidir na dívida.
7 Revire seu guarda-roupa
Um dos grandes ralos do dinheiro feminino e motivo de endividamento são os gastos com roupa e beleza. Contrarie essa tendência tirando tudo do armário de tempos em tempos. Ao redescobrir a quantidade de peças que nunca usou, crescem as chances de reduzir os gastos. Pode acreditar, funciona.