Carreira

Como começar bem, do jeito que faz Tiago Leifert

Para cumprir qualquer meta de carreira, dar o primeiro passo é o movimento mais difícil e decisivo

Tiago Leifert: No programa The Voice, ele abriu uma nova frente de trabalho. E mostrou que a coragem de começar coisas novas faz a carreira  avançar (Eduardo Zappia / VOCÊ S/A)

Tiago Leifert: No programa The Voice, ele abriu uma nova frente de trabalho. E mostrou que a coragem de começar coisas novas faz a carreira avançar (Eduardo Zappia / VOCÊ S/A)

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Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2014 às 17h38.

O jornalista Tiago Leifert, de 33 anos, detesta pensar na possibilidade de errar ao vivo para todo o Brasil. Para evitar que isso ocorra, o apresentador dos programas The Voice Brasil e Globo Esporte, ambos da TV Globo, trabalha duro, pelo menos 12 horas todos os dias.

Dessa forma, se alguma coisa falhar, não terá sido por falta de preparo. "Trato o programa ao vivo como se fosse minha primeira final de campeonato", diz Tiago. "Fico concentrado no hotel, almoço, janto, leio o roteiro, penso em tudo que pode dar errado em cada bloco do programa e para onde correr caso uma falha aconteça."

Quando se deseja começar alguma coisa, a atitude mais difícil é dar o primeiro passo. Isso vale para uma tarefa banal ou para o mais ambicioso projeto de vida. As pessoas abandonam seus planos mais valiosos por achar que não conseguirão concluí-los. É um truque da mente. Quem cai nessa armadilha empaca e não inicia nada.

Diferentemente do que dizia um velho slogan publicitário, o mundo não é de quem faz. É de quem teve a coragem de começar. Tiago encontrou barreiras enormes em sua trajetória. No The Voice, teve dúvidas se acharia o tom certo para apresentar um programa de música depois de ter feito toda a sua carreira no esporte.

Também questionou se ficaria intimidado diante de Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Daniel e Lulu Santos, os músicos estrelados que compõem o corpo de jurados do programa. Passadas duas edições do The Voice, ele ainda se preocupa. O risco de errar está sempre presente, mas não o impede de fazer.

"Vou ao ar com o medo que senti no primeiro dia", diz Tiago. O que o faz seguir em frente é a capacidade de digerir os erros. "Em TV, o mais importante é aprender a se perdoar", afirma.

Na carreira, um erro pode ser um evento sério, mas não é a pior coisa que pode acontecer. Grave é não começar uma tarefa ou um plano por medo. A hesitação diante de um desafio leva a um estado de paralisia altamente prejudicial. Quando alguém busca iniciar alguma coisa — uma tarefa, um novo emprego, uma nova carreira ou um negócio —, a mente humana joga contra.


"Para proteger a pessoa da insegurança, a mente bloqueia mudanças que ofereçam perigo", diz o psicólogo britânico Rob Archer, pesquisador dos mecanismos que levam à paralisia da carreira.

Tiago superou seus fantasmas numa noite de 2007 quando era repórter do canal de Tv por assinatura SporTV. Ele vinha tentando imprimir em suas matérias um estilo informal, permeado de emoção e humor. As pessoas à sua volta cortavam sua animação. Naquela madrugada, pensou em sair. mas decidiu que antes iria para o tudo ou nada. Pelo menos tentaria fazer do seu jeito.

"Nos dois primeiros dias não funcionou, mas no terceiro deu certo, ficou ótimo e eu comecei a ser elogiado e a emplacar matérias", diz Tiago. Pouco mais de um ano depois, Tiago foi convidado para chefar e apresentar a edição paulista do Globo Esporte, levando seu estilo ao programa. Teria de começar um novo projeto. dessa vez, porém, teria de superar a resistência de dezenas de pessoas.

"Diziam que eu estava matando o jornalismo esportivo", afirma Tiago. "No dia da estreia do programa, mandei um e-mail para todos os envolvidos dizendo que estavam todos liberados para errar, que iríamos errar muito, mas no final tudo daria certo." Deu mesmo. Tiago revolucionou o Globo Esporte, ganhou destaque na emissora e sua carreira decolou.

Em 2012, ao participar do The Voice, abriu uma nova frente de trabalho. Agora está no lugar certo. O The Voice foi um dos maiores sucessos da Globo em 2013, com sua audiência subindo 70% em relação à primeira edição do programa, em 2012.

Em 2014, Tiago deve ocupar um lugar de destaque na cobertura da Copa do Mundo. A receita de Tiago para começar bem um projeto é se dedicar antes. Quando assumiu o Globo Esporte, tinha um caderninho onde rabiscava o que precisava fazer. Mas planejar não basta. assim que a tarefa começa a ser realizada, novas questões se apresentam, modificando a ideia original.

"A mudança precisa acontecer naturalmente, o que não quer dizer que ela cairá em seu colo", diz a advogada Juliane Marinho, de 38 anos, que em 2013 deixou 12 anos de carreira, os últimos cinco na construtora Odebrecht, para começar uma fase nova na área de educação.

"A mudança é um processo", diz Juliane. Nas próximas páginas, VOCÊ S/A traz estratégias para quem quer começar desde uma tarefa simples até uma nova carreira . (Com reportagem de Cibele Reschke)


Como começar uma tarefa

Como superar o bloqueio e fazer o que tem de ser feito

No momento em que 2014 está começando, a impressão é que há muitos meses, dias e horas pela frente para colocar qualquer resolução de ano novo em prática. No decorrer do ano, porém, a noção do tempo disponível se perde, num fenômeno que os psicólogos chamam de falácia do planejamento.

"Nós tendemos a superestimar a capacidade de fazer e subestimar o tempo que levamos para concluir uma tarefa", afirma Timothy A. Pychyl, psicólogo e professor da Universidade de Carleton, em Ottawa, no Canadá, que pesquisa a procrastinação. O resultado desse raciocínio torto é o costume de deixar tudo para a última hora.

No livro A Equação de Deixar para Depois (Best Seller, 278 páginas), o autor canadense Piers Steel relata ter descoberto, ao tabular pesquisas, que "cerca de 95% das pessoas admitem adiar coisas, com 25% delas indicando que essa é uma característica crônica".

Segundo o autor, procrastinadores são pessoas que querem e até conseguem executar tarefas — mas não antes de lutar e sofrer muito. "A ideia de parar de adiar é um mito", diz Timothy. Sempre existirá uma tarefa que não se quer fazer. O importante é focar-se em pequenos objetivos e atingi-los um de cada vez.

Para lidar com grandes projetos, que parecem impossíveis, o melhor é dividi-los em muitas pequenas etapas. Qualquer grande
projeto é feito passo a passo, e olhar para uma coisa de cada vez faz com que elas pareçam mais realizáveis. Diante de uma tarefa é normal surgir a ansiedade, o que serve como um impulso para começar logo.

No caso de pessoas impulsivas, no entanto, a ansiedade faz com que elas fujam da tarefa, buscando refúgio na distração e no adiamento. Mas mesmo os pouco impulsivos podem fugir de um trabalho que desperte um sentimento ruim. "O que se busca, inconscientemente, é sentir-se bem no presente", diz Timothy.

Como qualquer trabalho pode envolver desconforto — como fazer esforço intelectual ou prestar atenção em coisas desinteressantes —, é normal que bata a vontade de adiar. Mas, sabendo disso, é preciso resistir e fazer o que deve ser feito.  


Mãos à obra 

Métodos para você parar de adiar

Exercício de foco

Para o psicólogo americano e autor do livro Inteligência Emocional, Daniel Goleman, começar tem a ver com foco. Quanto mais concentrada a pessoa estiver, melhor ela cumpre a tarefa— e talvez mais rapidamente.  "A concentração é como um músculo mental que se torna mais forte quando treinado", ele escreve. Como trabalhar o foco:

1 Concentre-se em sua respiração;

2 Observe que sua mente já está pensando em outra coisa;

3 Desligue o pensamento em que estava; 

4 Retorne o foco para a respiração. Parece fácil? Tente. E depois tente de novo, até dominar a técnica. 

Pomodoro

Inventado nos anos 80, o método tem esse nome porque seu criador, o italiano Francesco Cirillo, usava um timer de cozinha em formato de tomate para marcar os tempos de trabalho e os intervalos ao longo do dia.

Como funciona: divida suas horas de trabalho em ciclos de 30 minutos. Concentre-se em uma tarefa por 25 minutos e faça cinco minutos de pausa. A depender das tarefas, podem ser melhores ciclos mais longos para concentrar-se mais — ou fazer maiores intervalos de descanso.  A ideia é, em vez de trabalhar sem refresco (afinal, quem consegue?), considerar o tempo de distração no planejamento do dia.  


Como começar uma nova carreira

Para mapear e planejar um rumo diferente em sua trajetória

Mudar de carreira é uma decisão que envolve questionamentos pessoais e profissionais mais profundos. Quando bate a vontade de realizar uma troca radical é sinal de que há algum descompasso entre a natureza do indivíduo e sua carreira.

"A primeira razão para mudar é a busca por unir habilidades profissionais a algo que faça sentido para si e para o mundo", diz o consultor Rogério Cher, autor do livro Todo Novo Começo Surge de um Antigo Começo (Évora, 210 páginas), de São Paulo.

Pessoas que iniciam uma nova carreira mudaram de opinião a respeito do que consideram sucesso. Quando escolheram a primeira profissão, tinham objetivos que com o tempo deixaram de fazer sentido. "Cada profissional tem sua própria ideia de sucesso", diz Ana Carla Scalabrin, consultora de gestão de pessoas e professora da Fundação Instituto de Administração (FIA), de São Paulo.

Uma virada drástica sempre dá medo. "É difícil porque significa abrir mão de algo que já se tem para a incerteza", diz Caroline Pfeiffer, diretora de gestão de mudança da consultoria LHH/DBM, de São Paulo. Como fazer então? Veja a seguir.

Os passos da transformação

1 Seja realista

Mudar de carreira não pode ser fuga de um trabalho ruim. Muita gente tende a enxergar apenas as vantagens de deixar o emprego que detesta. "As perdas devem ser consideradas também", diz Caroline.

 Para assumir uma postura mais realista, ela sugere observar e conversar com pessoas que fizeram mudanças de carreira, buscando entender o que deu errado e quais foram os problemas encontrados. Também é importante passar por uma etapa inicial de investigação para entender de verdade como é a área na qual se pretende entrar e conhecer o mercado de trabalho.

"Mantenha uma pequena dose de medo sempre por perto", diz Rogério. 

2 Recupere sua história

Na busca pela nova carreira é importante fazer uma reflexão de vida, olhando a própria história. Quais atividades dão prazer? O que o levou a escolher uma faculdade? "Essas perguntas fazem a pessoa chegar a uma escolha de vida, e não apenas profissional", diz Caroline.

3 Planejamento financeiro

A parte mais complicada da mudança de carreira é a remuneração. Caroline, da LHH/DBM, sugere equilibrar três aspectos: a transição traz realização? Dá qual retorno financeiro? Condiz com o momento de vida? O impacto financeiro é o mais concreto de todos, principalmente se a pessoa já tem um patamar de renda consolidado e a mudança representar uma perda.

Pense em qual padrão de vida deseja ter, quanto ele custa e faça as contas. Talvez sejam necessários uma adequação ou um sacrifício temporário. 

4 Tudo novo

"Por mais madura que a pessoa seja, quem inicia uma carreira nova é sempre um aprendiz", afirma Caroline. Mesmo que se tenha alguma experiência, o que está em jogo é fazer alguma coisa nova, o que presume algum aprendizado.

 5 Onde começar

"A rede de contatos é o caminho mais valoroso e saudável para encontrar o que tem a ver com você", diz Rogério. Vale buscar no seu círculo as pessoas e as empresas que tenham valores alinhados com os seus ou que vivam estratégias e modelos de negócios para os quais suas competências fazem toda a diferença.  "Cultivar bons relacionamentos certamente facilitará futuras recolocações profissionais", diz Ana Carla.  


Como superar o medo inicial

"Meu marido me perguntava quando eu começaria a ser feliz", diz Flávia Quintella, de 33 anos, consultora de imagem, de São Paulo, ao se recordar da época em que trabalhava como analista de marketing do banco Ibi, ligado à varejista C&A. Flávia passou um ano insatisfeita nesse emprego, adiando a saída.

Foi buscar orientação com uma psicóloga, e no processo enxergou a possibilidade de ser consultora. "Tive muito medo de mudar", afirma. "Mas pensei que o pior que poderia acontecer seria mudar de novo, e isso eu já sabia como fazer." Ela fez alguns cursos, conseguiu os primeiros clientes e foi para Londres se aprimorar.

Seu faturamento atual é três vezes maior que o salário que tinha. Além de clientes particulares, atende empresas como Natura e Santander. Flávia se sente realizada em ajudar. "Contribuir para o amor-próprio deles é motivador", diz.  

Três maneiras de encontrar uma nova carreira

No livro Como Encontrar o Trabalho da Sua Vida (Objetiva, 177 páginas), o filósofo Roman Krznaric sugere agir mais e pensar menos quando se trata de mudança de carreira. Ele propõe três formas de mapear e testar uma nova atividade. 

Períodos sabáticos radicais:Trata-se de um período de experimentação. Vale para pedir trabalho em lugares que sempre interessaram ou acompanhar um profissional de outra área. O importante é conhecer wwa carreira na prática.

Projetos paralelos: Outra forma de testar uma carreira é praticá-la fora do horário de trabalho. Talvez seja pesado e cansativo no começo, mas é uma forma objetiva de entender se vale a pena investir no projeto. 

Pesquisa boca a boca: Ouvir as histórias de profissionais é muito mais ilustrativo do que idealizar um trabalho. Perguntar também pode ser uma ótima maneira de realmente encontrar um novo emprego.


Como começar um negócio

O que saber antes de largar o emprego e empreender

Quantas vezes em uma tarde de tédio no escritório ou perto de um prazo estressante você não considerou que montar um negócio seria a solução para melhorar de vida? Cuidado. "Uma empresa não pode ser vista como a solução mais rápida para fugir de um emprego chato”, diz o consultor Carlos Matos, autor do livro O Empreendedor Viável (Leya, 158 páginas). "O melhor empreendedor é aquele que gosta do que faz. Quem está correndo do tédio do escritório vai encontrar dificuldades."

Se o profissional está cansado porque acha que trabalha muito, é bom saber que ser dono exige muito mais esforço. Para fugir de furadas, Carlos sugere que o futuro empresário faça o seguinte raciocínio: se não estivesse tão insatisfeito com a carreira, teria o mesmo ímpeto? Optaria por esse negócio? Se depois de fazer uma reflexão sobre o tema o pique continuar, então vale a pena seguir em frente.

Seu projeto de negócio

Formação: O bom empreendedor deve buscar atualização constante", diz Luiz Barretto, presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Isso vale tanto para o começo de um negócio quanto para mantê-lo bem. Ter espírito criativo e pesquisador também é qualidade fundamental.  "A essência do empresário de sucesso é buscar novos negócios e oportunidades", diz Luiz.

Planejamento: O planejamento é essencial para criar e manter uma empresa e a primeira coisa que o empreendedor deve fazer. O plano exige coleta de informações, pesquisa de mercado, identificação de local para abrir o empreendimento e mapeamento de concorrentes, fornecedores e clientela.

O empreendedor também tem de saber quanto dinheiro deve dispor para iniciar o projeto e compreender como a economia poderá afetar a iniciativa. 

Sociedade: O principal erro de quem monta um negócio com um sócio é escolher alguém com o mesmo perfil, como um amigo de faculdade. "É importante que os sócios tenham conhecimentos complementares", diz Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper, em São Paulo.

Vida de empreendedor: "Abrir um negócio significa trocar uma comodidade relativa para conquistar algo para si", diz o consultor Carlos Matos. Embora não seja regra, criar uma empresa que explore as habilidades profssionais já existentes facilita o sucesso. Por exemplo: para quem é economista e quer abrir um bar, o melhor é lidar com a parte contábil no começo. 

Quem planeja entrar nessa deve esquecer o horário de expediente: dono não tem hora nem lugar para trabalhar. Ir às ruas, pesquisar o público e analisar a concorrência (muitas startups esquecem disso) são tarefas permanentes.

Otimismo exagerado também pode ser prejudicial. É bom considerar as estatísticas de fracasso pensando que se pode, infelizmente, vir a fazer parte delas — esses dados o tornarão mais atento.


Duas alternativas para empreender

Segundo Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper, em São Paulo 

Franquia: O mercado de franquias movimenta mais de 100 bilhões de reais por ano e existem mais de 100.000 empresas franqueadas. É uma experiência formatada, em que o empresário opera um negócio já estabelecido. 

Negócio web: A internet permite criar um protótipo e lançá-lo antes de criar um negócio de fato. Mas provavelmente será importante que você ou algum sócio entenda muito bem o meio digital.

Dez dicas do Sebrae para a sobrevivência de pequenos negócios 

1 Planeje-se sempre

2 Respeite sua capacidade financeira

3 Não misture as finanças da empresa com as pessoais

4 Fique de olho na concorrência

5 Prospecte novos fornecedores

6 Tenha controle de seu estoque

7 Marketing não se resume a anúncio, invista em outras estratégias

8 Inove, mesmo que seja um produto/serviço de sucesso

9 Invista sempre na formação empresarial

10 Seja fiel a seus valores e a seu negócio

Fuja do Fracasso

De cada 100 empresas abertas no Brasil, 24 morrem em menos de dois anos. Para não seguir esse caminho, o Sebrae recomenda atenção a três importantes aspectos.

Identificação da oportunidade de negócio 

• Identificar seu diferencial 

• Ter afinidade e gostar de atuar no segmento escolhido 

• Buscar conhecimento atualizado do ramo

• Avaliar negócios pertinentes

Estudo de viabilidade 

• Mercado: estudar fornecedores, concorrência e clientes

• Finanças: investimento inicial, preço justo para cobrir os custos e gerar lucro

Capacitação empresarial

• Aprimorar a gestão continuamente

Como criei minha empresa

"Montar um negócio foi a forma de realizar um sonho de trabalhar com autonomia", diz Felipe Oroña, de 27 anos, proprietário da Blend Sucos e Café, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Durante três anos, Felipe trabalhou na área de vendas da Nextel. Nesse período, guardou 145.000 reais para empreender.

Sem uma ideia clara do que queria fazer, inscreveu-se no Empretec, curso ligado ao Sebrae que ajuda novos empreendedores a identificar vocações. Pesquisou o mercado até identificar a oportunidade de vender suco natural em Teresópolis. Com seis meses de funcionamento, a empresa fatura bem e Felipe prevê que em dois meses terá de volta o investimento inicial. 

Transformar o negócio em uma franquia está entre os planos. Para Felipe, o principal ganho foi encontrar realização. "Antes eu ganhava dinheiro, mas não me sentia realizado profissionalmente", diz.


Como Começar um novo emprego

Uma estratégia para se adaptar rapidamente a uma empresa desconhecida

Uma pesquisa feita pela empresa de recrutamento Hays em parceria com a escola de negócios Insper, de São Paulo, com mais de 700 empresas brasileiras em 2012 mostrou que a capacidade de adaptação é a habilidade profissional mais valorizada em tempos de crise ou incerteza.

A competência abrange tanto a velocidade para aprender tarefas operacionais e operar sistemas corporativos quanto a agilidade para compreender as relações políticas e a cultura da empresa. O início do ano é uma época em que empresas estão lançando novos projetos e muitas abrem vagas, o que faz desse período uma espécie de primavera de pessoas novas em seus cargos. 

Os primeiros dias no posto são momentos de muita atenção para aprender rapidamente as regras e conseguir entregar resultados mesmo sem domínio da situação.

"A postura recomendada é sempre de escuta e cautela", diz Rafael Souto, presidente da Produtive, consultoria de planejamento e transição de carreira de Porto Alegre. "Socializar também é importante." 

Por mais que o momento da contratação tenha passado, a empresa ainda está numa fase de confirmar se o profissional escolhido é a pessoa certa para o trabalho. "Ele será observado, e as pessoas farão interpretações de seu comportamento", diz a consultora americana Thuy Sindell, autora do livro Nadar ou Afundar — Emprego Novo, Chefe Novo (Gente, 280 páginas). 

É hora de causar boa impressão. No caso de entrar para substituir alguém muito querido ou de atuação muito marcante, é necessária uma atitude positiva e colaborativa. Toda entrada é uma novidade, e a adaptação ocorrerá dos dois lados. Quem chega é que tem de fazer o movimento de buscar as pessoas e mostrar que está ali para ajudar.

"Deve-se mostrar as vantagens de sua contratação para a equipe", diz Rafael. 

As cinco atitudes do estreante 

O manual dos primeiros dias

1 Faça uma análise do ambiente para se situar. É preciso atenção para ouvir e entender como as decisões são recebidas pelas pessoas e quais são as reações do grupo

2 Descubra como funciona a rede política da organização. É preciso entender não só os cargos mas quem tem poder, quem influencia os líderes. Esse movimento é importante para formar alianças.

3 Não fale comparativamente do emprego anterior. É como comparar um namoro atual com o antigo. Aproveite sua bagagem, mas busque ajuda e tire dúvidas com colegas.

4 Faça uma reflexão antes de sugerir coisas novas sobre o andamento dos projetos. Valorize o que já funciona bem na empresa em vez de derrubar o que já existia. 

5 Seja paciente. Poucos meses não são suficientes para entender uma empresa completamente. Evite tratar as primeiras conclusões como definitivas. 

Fonte: Produtive 


O que nunca fazer

Se você quer começar bem, cuidado com estas atitudes

Nunca diga às pessoas como as coisas devem ser feitas. Se fizer isso, elas vão julgá-lo ofensivo e pedante. Construa credibilidade
antes de oferecer sua opinião.

Seja rigoroso com prazos e compromissos no início. Jamais atrase a entrega de seus projetos ou deixe de cumprir as promessas que você fizer. É melhor prometer menos e entregar mais.  

Sem medo de mudar

A última mudança de emprego do gaúcho Gustavo Becker, de 40 anos, superintendente regional da GetNet, empresa de processamento de pagamentos com cartões, de Porto Alegre, teve como objetivo trabalhar próximo da família. Depois de quatro anos como gerente e diretor de vendas na GVT em São Paulo, Gustavo decidiu encontrar uma vaga na capital gaúcha.

Em sua carreira, o executivo já passou por sete empresas — Unilever, Pepsico, Parmalat, Seven Boys, TIM, Grendene e GVT. As experiências o ensinaram que o mais importante na fase de adaptação é entender rapidamente as regras que não estão escritas. "É fundamental descobrir cedo o que realmente se espera de você", afirma. "Isso dá noção de quem você é na engrenagem da empresa."

Outro aprendizado foi tirar proveito de todas as experiências, até quando elas não pareciam boas. O executivo conta que sua experiência na Parmalat foi difícil, mas, anos depois, quando entrou na TIM, ajudou-o a entender rapidamente o ambiente da operadora, que era semelhante.

Fonte: Thuy Sindell, autora do livro Nadar ou afundar – empregonovo, chefe novo

Como acabar com a paralisia e começar tudo

Acabe com a sensação de que deve haver algo melhor lá fora. Para escapar, é preciso partir para a prática, ainda que não se tenha certeza total da decisão. "Fique com o que é suficientemente bom", diz o consultor Roberto Camanho, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing, de São Paulo.

Aceite correr riscos. A mente busca repetir padrões. Isso leva à ilusão de que uma tarefa só pode ser cumprida de uma única maneira. Quando a pessoa se depara com uma tarefa inédita, não sabe como agir e trava. "Brasileiros têm medo do fracasso e preferem realidades previsíveis", diz Roberto Camanho. 

Rompa com preconceitos. A mente define certezas falsas, e a pessoa se coloca barreiras inexistentes. Dois exemplos: "Estou muito velho para mudar de carreira" ou "Estou seguro neste emprego". Em vez de acreditar nessas imposições, procure descobrir a verdade. 

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