Inteligência emocional: jovem precisa estudar as sutilezas das suas interações com o outro (SXC.hu)
Claudia Gasparini
Publicado em 23 de outubro de 2014 às 09h44.
São Paulo - Quem faz parte da geração Y já está acostumado a ouvir todo tipo de crítica sobre seu modo de ser. Os jovens são chamados de arrogantes, mimados, impacientes e - como se não bastasse - terrivelmente carentes de inteligência emocional.
Uma recente pesquisa da consultoria YCoach mostrou que as emoções são o principal obstáculo para a carreira dos ingressantes no mercado de trabalho. Mesmo quem tem boas competências do ponto de vista técnico sofre nos primeiros anos da vida profissional, devido a fragilidades comportamentais.
O que falta a essa geração é, sobretudo, autoconhecimento. Pelo menos é o que pensa Roberto Santos, sócio-diretor da Ateliê RH. “É claro que existem exceções, mas a maioria dos Y tem dificuldade de identificar suas próprias emoções, e também as dos outros”, afirma.
Outro problema, na opinião de Santos, está no grande apego dos jovens à tecnologia. “A comunicação acontece muito frequentemente por redes como Facebook ou WhatsApp, e acaba perdendo a expressividade da linguagem corporal, gestual e oral”, afirma.
Com isso, eles acabam desaprendendo a ler sinais emocionais do outro, além de se tornarem menos empáticos. “É uma deficiência muito grave, porque o mundo do trabalho se pauta justamente pela qualidade dos relacionamentos que você trava com colegas, subordinados e chefes”, comenta o especialista.
Feitas as críticas, Santos acredita que a geração tem sim “conserto”. Com sua ajuda, EXAME.com listou alguns cuidados que podem ajudar você, Y, a fazer as pazes com as suas emoções:
1. Pense e converse sobre o que o deixa tenso
Depois de situações estressantes, recomenda Santos, nada de esquecer ou tentar se distrair com outros assuntos. “É importante parar um pouco e refletir sobre o que houve de tão incômodo para você naquele episódio”, explica.
Depois desse tempo de introspecção, é importante comparar as suas percepções com as de outra pessoa. “Não adianta falar com a mãe”, brinca Santos. O ideal é conversar com colegas de trabalho ou pessoas da mesma idade ou profissão.
2. Observe atentamente o seu ambiente
Procure prestar atenção nos detalhes do comportamento das outras pessoas. Exercitar esse olhar ajuda a perceber as emoções que elas estão expressando ou escondendo, de acordo com Santos.
Tem dificuldade em interpretar os sinais sozinho? “Busque conselhos de alguém que é bom nisso, ou pergunte diretamente ao outro como ele se sentiu em uma determinada situação, e por quê”, recomenda ele.
3. Perceba o que faz os outros concordarem com você
A capacidade de influenciar os outros tem tudo a ver com o domínio das emoções, segundo Santos. “Profissionais competentes nisso costumam ter carreiras de sucesso”, diz o especialista.
Mas como conseguir afetar os estados de espírito, ideias e comportamentos das outras pessoas? A dica é estudar as sutilezas da sua interação com elas. “Recomendo que, em cada situação vivida, o jovem note qual foi o detalhe que fez alguém aderir ou não às suas propostas”, afirma.
4. Reconheça que seu sucesso depende das outras pessoas
Um ingrediente fundamental da inteligência emocional é a empatia, isto é, a capacidade de detectar as emoções do outro e adaptar o seu comportamento a elas. "É a rara capacidade de se colocar verdadeiramente no lugar do outro", explica Santos.
Para desenvolver isso, só existe um caminho, segundo ele. “Você precisa admitir, para si mesmo, que a sua carreira depende do apoio das outras pessoas, e ele só vai existir se você respeitá-las e compreendê-las”, conclui.