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Clube CHRO: As lições de um comandante do BOPE para líderes de pessoas

Maurílio Nunes, ex-comandante do BOPE e subsecretário de segurança pública do Rio de Janeiro, compartilhou lições sobre liderança, gestão de crises e parcerias público-privadas em segurança no evento da EXAME para líderes do RH

Clube CHRO: o evento, promovido pela EXAME, reuniu líderes de recursos humanos de empresas de diversos setores para discutir tendências da gestão de pessoas (Márcio Mercante/Exame)

Clube CHRO: o evento, promovido pela EXAME, reuniu líderes de recursos humanos de empresas de diversos setores para discutir tendências da gestão de pessoas (Márcio Mercante/Exame)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 1 de maio de 2025 às 09h05.

Última atualização em 1 de maio de 2025 às 12h00.

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"Ser líder no BOPE é uma experiência única, onde o caos e a responsabilidade de uma decisão errada podem custar vidas", disse Maurílio Nunes, ex-comandante do BOPE, tropa de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, durante sua palestra no Clube CHRO, evento promovido pela EXAME para trocas de experiências entre lideranças de recursos humanos de empresas com operações no Rio de Janeiro.

O encontro, realizado na Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa, um dos espaços culturais e gastronômicos mais sofisticados do Rio, reuniu líderes empresariais e gestores em um cenário imponente e histórico, um palacete de arquitetura neoclássica francesa construído em 1920, localizado na Praia do Flamengo.

A palestra de Nunes trouxe uma visão única sobre a liderança em ambientes de risco, com lições que se aplicam diretamente ao contexto empresarial.

Maurílio Nunes, com 28 anos de experiência na Polícia Militar, compartilhou não apenas sua jornada pessoal, mas também os desafios e as lições de liderança adquiridas durante sua carreira no BOPE, que incluiu momentos intensos como o comando de operações de combate ao crime no Rio de Janeiro.

Em sua palestra, ele ressaltou como a experiência em situações extremas o levou a desenvolver habilidades cruciais de gestão e liderança que são igualmente aplicáveis ao ambiente corporativo.

O evento é realizado pela EXAME e conta com o apoio do iFood Benefícios.

Transição de comandante para líder estratégico

A carreira de Nunes é marcada por um evento fundamental: sua transição do comando operacional do BOPE para o cargo de subsecretário adjunto da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, função que ocupa desde 2024.

"Quando você está na linha de frente, a responsabilidade é tangível e o medo é real, mas o maior desafio vem quando você precisa tomar decisões que impactam toda a cidade", comentou Nunes.

Ele explicou que essa virada de chave, de estar no campo de batalha para assumir uma posição estratégica, foi o momento de aplicar sua experiência operacional para planejar e coordenar ações em níveis mais altos.

Esse movimento de sair da linha de frente e entrar para a gestão estratégica não é apenas uma mudança de ambiente, mas de mentalidade.

"Agora, meu papel é ser um facilitador para as equipes que estão na rua. A minha função é garantir que eles tenham os recursos e a estrutura necessária para executar o trabalho", afirmou Nunes.

Ele compartilhou como, ao aprender sobre gestão empresarial na FGV, percebeu que a Polícia Militar, assim como qualquer grande organização, precisa ser tratada como uma empresa — não em termos de lucro financeiro, mas de eficiência na execução de suas tarefas para gerar segurança e estabilidade.

Liderança sob pressão e gestão de crises

Para Nunes, liderar sob pressão é uma habilidade essencial, tanto nas forças armadas quanto no setor privado. Durante sua palestra, ele falou sobre a "solidão da liderança", uma expressão que ilustra a carga emocional de decisões de alto impacto, como ordenar uma operação onde as tropas podem não voltar.

"Não se trata de ser um bom comandante apenas quando as coisas estão bem. A verdadeira liderança aparece quando o caos se instala e você precisa tomar decisões que envolvem vidas", disse ele.

A experiência de Nunes no BOPE, com suas operações em áreas de risco, proporcionou-lhe uma perspectiva única sobre o gerenciamento de crises.

Segundo ele, a habilidade de lidar com momentos de estresse extremo e pressão por resultados é algo que, embora pareça distante do mundo corporativo, se aplica diretamente a líderes empresariais que lidam com grandes responsabilidades.

"Cada decisão, cada movimento que você faz tem um impacto real. E a única maneira de se manter firme é com preparo emocional e físico", explicou o coronel.

O desafio do gerenciamento de pessoas em áreas de risco

Em sua palestra, Nunes também abordou a importância da gestão de pessoas, especialmente em ambientes de risco. "Um bom líder não só comanda, ele cuida de sua equipe. O ser humano está no centro de tudo", afirmou.

Ele mencionou que, durante sua gestão no BOPE, sempre procurou garantir que sua equipe tivesse um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. "Não adianta ser um líder de alto desempenho se você não cuida do seu time", destacou.

O líder do BOPE revelou que, uma das iniciativas que ele implementou foi o reconhecimento individual de seus soldados, uma prática que resultou em engajamento e lealdade.

"Ligar para um policial no dia do seu aniversário e reconhecer sua contribuição pode parecer simples, mas a lealdade construída por esses gestos é algo que faz toda a diferença no campo de batalha", afirmou Nunes.

Ele também ressaltou que, em seu novo papel, as lições de cuidado com as equipes e o reconhecimento contínuo são fundamentais para a gestão pública e privada.

A conexão entre liderança e tecnologia

Nunes também falou sobre o papel crescente da tecnologia na segurança pública e como ela pode ser um aliado crucial na gestão de crises.

"A tecnologia permite que a segurança pública seja mais eficiente. Estamos implementando inteligência artificial para prever crimes, reconhecer placas de veículos roubados e melhorar a comunicação entre as equipes de segurança e a sociedade", comentou.

Em um dos exemplos mais impactantes, Nunes destacou como a parceria público-privada tem ajudado a integrar tecnologias, como câmeras de segurança e ferramentas de monitoramento, para melhorar a atuação das forças policiais.

Ele também enfatizou a importância da colaboração entre o setor privado e a segurança pública, citando exemplos de como empresas de telecomunicações e plataformas de transporte como Uber e iFood têm contribuído para a troca de informações essenciais no combate ao crime.

O futuro da segurança pública

Para Nunes, o futuro da segurança pública no Rio de Janeiro depende não só de mais tecnologia, mas de uma gestão de pessoas eficiente, de lideranças bem preparadas e da colaboração entre os setores público e privado.

Ele encerrou sua palestra com uma reflexão sobre os avanços possíveis quando se une competência, tecnologia e a visão estratégica de líderes comprometidos com a segurança e o bem-estar da população.

"A liderança, seja na polícia, seja no mundo dos negócios, não se resume a dar ordens, mas a entender as pessoas, a tomar decisões difíceis, a criar conexões e a preparar todos para o futuro", concluiu o coronel, que continua sua jornada, agora como gestor estratégico na segurança pública do Rio de Janeiro.

Veja as empresas que participaram desta edição:

  • iFood Benefícios
  • TIM
  • Energisa
  • FQM
  • Naturgy
  • Wilson Sons
  • Shell
  • Petrobras
  • NTS
  • Hotel Othon Palace
  • Icatu Seguros
  • Eneva
  • JHSF
  • HAYS

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