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CEO do Duolingo conta o segredo para aprender idiomas mais rápido

Estudar freneticamente uma língua não é o caminho para assimilá-la. Entenda o que realmente está por trás de um aprendizado eficiente

Idiomas (./Thinkstock)

Idiomas (./Thinkstock)

Claudia Gasparini

Claudia Gasparini

Publicado em 21 de maio de 2017 às 06h00.

Última atualização em 21 de maio de 2017 às 06h00.

São Paulo — O segredo para aprender uma língua mais rápido é...ir mais devagar. Pelo menos é o que garante Luis Von Ahn, fundador e CEO do aplicativo de ensino de idiomas Duolingo.

Ele e sua equipe perceberam que os usuários do app que praticavam a língua por 15 minutos todas as noites, antes de dormir, tinham muito mais sucesso do que aqueles que estudavam por muitas horas seguidas, esporadicamente.

“São essas as pessoas que vão continuar estudando por um longo tempo”, diz Von Ahn ao site Business Insider. “Quando vemos que elas estão fazendo isso já há uma semana, temos certeza de que vão continuar”.

Por outro lado, conta o CEO do Duolingo, aqueles que costumam fazer sessões mais longas e intensas são os primeiros a abandonar o aplicativo.

A observação pode ser generalizada para muitos outros métodos, ferramentas e modelos de aprendizado: o caminho para dominar um idioma não é a intensidade, mas sim a constância dos estudos.

Não dá para dominar uma língua em dias ou semanas — assim como não dá para completar uma maratona em 10 minutos. Se você tentar estudar de forma muito acelerada, vai acabar se cansando e desistindo.

“Transformar isso em parte da sua rotina, de forma espaçada, é muito melhor do que estudar feito um louco”, afirma Von Ahn. “Se você se apressar, vai esquecer tudo”.

O fundador do Duolingo diz que aplica esses princípios na sua vida como estudante de português. Segundo ele, sua prática diária da língua dos brasileiros está dando resultado: embora ainda tenha muita dificuldade com a pronúncia, ele já consegue ver filmes no idioma sem legendas.  

"Ir devagar e sempre” é um conselho fundamental para adquirir fluência em um idioma, mas naturalmente não é o único. Em entrevista a EXAME.com, a neurocientista Carla Tieppo, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, afirma que a velocidade de aprendizado depende também das características de cada indivíduo.

Uma delas é sua postura mental frente a um desafio. O estudante pode, por exemplo, deixar que seu aprendizado seja prejudicado por fatores como vergonha, orgulho e medo de errar. Outra postura, mais saudável, é ser humilde e não impor a si próprio a obrigação de dominar tudo de cara. Em poucas palavras, isso significa enxergar o aprendizado como um desafio, e não como um teste.

Outro fator que facilita e acelera a fluência é inserir o seu estudo em um contexto. Imagine, por exemplo que você deva dizer em francês a frase “Preciso de um telefone com urgência” em duas situações diferentes: na sala de aula, durante um exercício oral, ou numa rua escura em Paris, após ter perdido o seu celular e todo o seu dinheiro. Em qual momento você exigirá mais do seu cérebro?

Quanto maior for a necessidade de compreender uma língua ou se expressar nela, mais veloz será o aprendizado. Por isso tanta gente dá saltos na sua fluência quando faz intercâmbio no exterior. A vida real é muito mais exigente do que as simulações, explica Tieppo, daí o motivo de facilitar a assimilação de qualquer conhecimento.

 

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