Christopher Podgorski, CEO da Scania América Latina: “Estamos investindo fortemente porque acreditamos no potencial do Brasil” (Leandro Fonseca/Exame)
Repórter
Publicado em 19 de julho de 2025 às 08h01.
“Liderar é como soltar pipa: é preciso dar linha para que ela voe alto, mas também manter o controle para que não se perca com o vento”. Essa é a metáfora que guia a liderança de Christopher Podgorski, CEO da Scania América Latina. À frente da operação industrial da montadora sueca no Brasil - a maior fora da Suécia - ele acredita que a transformação para um transporte mais sustentável exige equilíbrio entre metas ousadas e escuta ativa.
Com 27 anos de empresa e passagens pela Suécia e México, o executivo se define como um “blend multicultural com tempero brasileiro”. Foi o primeiro brasileiro a assumir a presidência da operação industrial da Scania na região e, desde então, tem liderado a transição para um portfólio de baixo impacto ambiental.
“Estamos investindo fortemente porque acreditamos no potencial do Brasil”, diz ele, em entrevista ao podcast De Frente com CEO, da EXAME.
Sob sua liderança, a Scania concluiu um ciclo de R$ 4 bilhões em investimentos no país e já deu início a um novo plano de R$ 2 bilhões até 2028 — parte deles destinados à produção local de caminhões elétricos. “Se não acreditássemos no Brasil, não estaríamos investindo mais”, afirma Podgorski. Em 2024, a fábrica de São Bernardo do Campo bateu recorde com 30 mil caminhões produzidos, atingindo sua capacidade máxima. A planta será expandida para incorporar novas tecnologias limpas.
Podgorski iniciou sua jornada na Scania na área comercial. A virada de chave veio com um conselho do CEO global: “Preciso de alguém que traga a voz do cliente para dentro da fábrica”. Desde então, o executivo levou esse mantra à risca e passou a alinhar a estratégia de inovação com as reais necessidades dos transportadores. “O futuro será eclético: elétrico, gás, biometano, dependendo da região. O importante é garantir custo-benefício e viabilidade”, defende.
Hoje, aos 67 anos, Podgorski mira um legado de transformação. Ele acredita que o Brasil pode ser vitrine global de descarbonização na COP30, em 2025, especialmente com o avanço dos biocombustíveis.
Fora do trabalho, mantém a disciplina e o espírito de equipe com o futebol amador, que pratica há mais de 50 anos. “O esporte ensina companheirismo. E ninguém faz nada sozinho,” diz.
Sua liderança segue os pilares de conduzir transformações, delegar com empoderamento e oferecer feedbacks consistentes. E, como na metáfora da pipa, ele sabe que liderar também é confiar. “Você dá linha, mas continua ali, presente, garantindo que tudo caminhe na direção certa.”