Carreira

Carreiras quentes e salários em alta. Hora de aproveitar!

Pesquisa exclusiva de cargos e salários em pequenas, médias e grandes empresas no Brasil mostra um cenário ótimo para o profissional: a remuneração já está boa e, devido à falta de mão de obra, mais propostas continuarão a aparecer.


	Fique atento aos cargos e profissões em alta
 (Justin Sullivan/Getty Images)

Fique atento aos cargos e profissões em alta (Justin Sullivan/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 2 de abril de 2013 às 15h07.

São Paulo - Há um ano, a edição anterior desta reportagem informava que o mercado de trabalho brasileiro estava próximo de uma situação de pleno emprego. A taxa de desemprego no país era, em junho de 2010, de 7,5%. Em junho deste ano, o mesmo índice chegou a 6,2% — o menor para o mês desde que se passou a usar a atual fórmula para o cálculo do índice, em 2003.

Quando a taxa de desemprego chega à casa dos 6%, fica configurado o pleno emprego. Para os cargos que exigem maior qualificação, que são o objeto desta reportagem, o desemprego é ainda menor, embora não exista um índice preciso para aferir a ocupação nesse estrato da população.

"Nas buscas de profissionais com esse perfil, já não encontro desempregados", diz Mariana Horno, gerente da divisão de direito, vendas e marketing da Robert Half, empresa de recrutamento responsável pelo levantamento que acompanha esta reportagem. A pesquisa mostra o quanto recebem atualmente profissionais de nove áreas mapeadas pela Robert Half. Os números usam como base o mercado de trabalho em São Paulo.

Os efeitos desse nível de desemprego baixo são salários inflacionados — os recebimentos já estavam altos no ano passado e tiveram novos aumentos agora. Em 2011, o salário subiu em torno de 1 a 2 pontos percentuais acima da inflação na maioria das áreas, com exceção dos setores técnicos, nos quais houve um aumento de pelo menos 3 a 4 pontos percentuais acima da inflação, com destaque para engenharia.

A regra é simples: como, de modo geral, falta gente, quanto maior a qualificação procurada, maior a escassez e mais altos são os salários oferecidos. "Nos últimos dois anos, observamos que para cargos executivos tivemos 20% de aumento", afirma Christian Mattos, líder da área de dados de remuneração da Towers Watson, consultoria especializada em remuneração.


No Brasil, 92% dos empregadores declaram ter dificuldade de preencher vagas, de acordo com a Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais. Só dois países do mundo, Japão e Índia, apresentam maior dificuldade para encontrar pessoas qualificadas. Some-se a isso a forte valorização que o real vem tendo e entende-se por que os salários oferecidos no Brasil estão entre os mais altos do mundo. 

Essa tendência deve seguir durante os próximos meses. Setores como bens de consumo e automotivo têm tido bom desempenho de vendas este ano devido à economia aquecida, com elevado nível de investimento. "Isso significa que haverá reajustes salariais agressivos no setor automotivo por causa da pressão sindical", diz Pedro Pinheiro, diretor de capital humano da Mercer, consultoria de remuneração.

Em outros mercados, o déficit de mão de obra qualificada se encarregará de manter os salários em alta. “Em engenharia, obras e mineração, a demanda por gente cresce duas vezes mais rápido do que as universidades formam”, lembra Pedro, que cita clientes que têm várias vagas abertas mas não acham talentos no mercado. Nas páginas a seguir, você encontra uma relação de 200 cargos e seus respectivos salários.

Antes de ler, um importante conselho: para aproveitar as oportunidades, invista na formação. A única coisa que pode privá-lo de aproveitar esse momento incrível do mercado é a falta de qualificação.

"Em geral, as exigências são as mesmas de sempre: inglês, capacidade de análise, visão global etc.", diz Fernando Mantovani, diretor da Robert Half. "Acho que o mais importante é o profissional arregaçar as mangas e fazer o que for necessário para se habilitar aos postos que o mercado está oferecendo." Não deixe essa oportunidade escapar. 

Alta demanda na área comercial

O consumo segue em alta no país, o que torna o mercado favorável para profissionais de marketing e vendas. Os salários já estavam altos desde o ano passado e relativamente não aumentaram muito, mas a oferta de vagas na área é grande. Há forte abertura de companhias nos setores de bens de capital, tecnologia e internet — e nessas startups o departamento de vendas é quase sempre o primeiro a ser montado. 


O novo perfil do vendedor

Para gestores da área comercial, a ordem é vender, mas de forma estratégica. O perfil do profissional de vendas mudou. "Aquele cara que só se preocupava em bater meta já era", afirma Daniele Yamada, especialista em recrutamento da divisão de vendas e marketing da Robert Half. Além de bem qualificado, o vendedor precisa ter habilidade de se relacionar com todos os setores da companhia. 

Carreira digital

A febre dos sites de compras coletivas, que cresceram 30% ao mês em 2010, e o fenômeno das mídias sociais abriram 30 000 vagas para especialistas de marketing digital, programação, links patrocinados, conteúdo e search (que atuam com mecanismos de busca nos portais) segundo o IAB Brasil, entidade que representa o meio online no país.

As empresas demoram, em média, de três a seis meses para encontrar um profissional qualificado para preencher a vaga.  "Como falta gente, as companhias acabam roubando profissionais do concorrente e pagando muito acima do mercado", explica Patrícia Maschio, diretora-geral da iProspect, agência de publicidade online.

Inteligência de mercado

Num cenário de competição muito feroz, uma atividade que vem ganhando espaço nas companhias, principalmente nas de bens de consumo, é a de inteligência de mercado. Entre as atribuições do profissional que atua nessa área está antecipar as tendências e o movimento dos concorrentes. Outra carreira valorizada em marketing é a de gerente de trade marketing, responsável por traçar estratégias que atraiam o consumidor no ponto de venda.

Gestão valoriza a TI

Praticamente todos os cargos de TI tiveram reajustes para cima. Nos de gerente e diretor, aumentou o rigor por profissionais que tenham um perfil estratégico, com experiência e capacidade de propor inovações.


Nos outros cargos estão valorizados os profissionais que atuam com sistemas de gestão. Bancos e organizações que têm áreas financeiras grandes são os que mais demandam esse tipo de profissional. Na indústria, especialistas em software de gestão de logística também estão em alta — nesse caso, há demanda em praticamente todos os estados. 

Para quem busca estabilidade

O salário de analistas de ERP aumentou nos últimos meses. As empresas têm dificuldade em contratar esses profissionais. A maioria deles prefere trabalhar como PJ, pulando de projeto em projeto. Chegam a ganhar três vezes mais assim. A saída é contratar gente que cansou do esquema freelance e está em busca de estabilidade.

"Contratamos os profissionais que estão preocupados com qualidade de vida", diz Maria Paula Menezes, gerente da divisão de tecnologia da Robert Half. O consultor autônomo também segue bem: um especialista SAP, por exemplo, pode ganhar até 15.000 reais em São Paulo.

Analista de negócios

Esse profissional, que faz a ponte entre TI e outros setores da empresa, segue em alta. É um cargo curioso: exige bom relacionamento interpessoal e conhecimento de negócios, coisa rara de encontrar no ramo. Quem tem essas habilidades prefere investir em cargos de gestão.


"Ninguém quer ser analista de negócios, embora o cargo pague bem e ofereça autonomia e exposição", diz Maria Paula. Bom para quem tem as habilidades descritas e não quer ser gestor. Há oportunidade também para os profissionais que preferem trabalhar por projeto, sem carteira assinada.

Iniciantes em TI

Para quem está nos primeiros anos de carreira em TI, conhecimento técnico conta muito. A recomendação da Robert Half: escolha uma tecnologia e invista em certificação e inglês — é o que faz a diferença nos cargos iniciais. 

Alta gestão em TI

Chegar a um cargo alto em tecnologia depende essencialmente de encaixar a experiência do executivo com a demanda de TI da empresa, algo dinâmico e muito específico. De todo  modo, capacidade de liderar, inovação, comunicação e energia alta para vender projetos são requisitos para o cargo de CIO (chief information officer) — as empresas não querem gestores de TI que fiquem enclausurados no departamento.

Como ocorre em outras áreas, empresas brasileiras têm desafios mais atraentes do que as multinacionais, que têm processos tecnológicos definidos na matriz e costumam engessar a área de TI no Brasil. 

O gargalo da engenharia

O problema da falta de engenheiros no Brasil ainda está longe de chegar ao fim. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta um déficit de 75.000 profissionais de engenharia. Com a escassez de mão de obra, muitos recém-formados já saem da faculdade ganhando um salário acima de 5.000 reais. Indústria e logística são duas das áreas mais afetadas.


Engenheiro Civil em alta 

Os grandes projetos de infraestrutura, os investimentos para a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, no Rio, mais o aquecimento do mercado imobiliário em praticamente todo os estados fazem do engenheiro civil um dos mais procurados e valorizados. Ainda mais difícil é encontrar profissionais experientes e bons gestores.

"Não é fácil achar engenheiros no mercado, sobretudo que tenham habilidade para negociar, se relacionar com colegas e trabalhar em equipe", explica Valéria Fernandes, diretora de RH da Even Construtora e Incorporadora.  

Vendas no mercado de petróleo

Na área comercial do mercado de óleo e gás, concentrado no Rio de Janeiro, há muita demanda em três posições: engenheiro de vendas, gerente de desenvolvimento de negócios e diretor comercial. Para trabalhar na área, é necessário diploma de engenheiro. "Todas as companhias têm pedido essa formação", diz Jorge Martins, do escritório da Robert Half, no Rio de Janeiro.

Entre os engenheiros, o mais valorizado é o naval. Na ausência dessa especialidade as vagas são preenchidas por engenheiros eletricistas, mecânicos ou de produção, dependendo da posição. Para ter sucesso na área comercial, conhecer os mecanismos de licitação e compras da Petrobras e ter relacionamento dentro da gigante estatal é fundamental.

Carreira acelerada

Está havendo uma aceleração na carreira dos profissionais de óleo e gás. Antigamente, para deixar de ser considerado júnior, era preciso ter quatro anos de experiência após a graduação. Hoje, o período de estágio conta e em dois anos o funcionário deixa de ser júnior para virar pleno. Há engenheiro de vendas que deixa a faculdade ganhando 5.000 reais.

Funções técnicas em óleo e gás

Os geólogos são os mais disputados pelas empresas de petróleo. Quem trabalha como gerente de exploração chega a ganhar o dobro do que recebe o responsável por saúde, segurança e meio ambiente — outra função altamente valorizada. Uma terceira função em alta é o profissional de suprimentos.


"É uma das poucas áreas no mercado em que há certa abertura para pessoas sem formação em engenharia", diz Fábio Porto d’Ave, consultor da Robert Half, no Rio de Janeiro, responsável por vagas técnicas no setor de óleo e gás.

Explosão de investimentos

Com um recorde histórico de 791 fusões e aquisições em 2010, profissionais do mercado financeiro que atuam nessa área nunca estiveram tão em evidência quanto agora. "É onde estão as melhores remunerações", afirma Fábio Saad, gerente da divisão de mercado financeiro da Robert Half.

Também está valorizado quem trabalha com crédito, operações e project finance (aqueles que avaliam e estruturam projetos de investimento). De analista a diretor, todos  estão supervalorizados. A remuneração fixa inicial de um analista de operações é 5.000 reais, que pode receber de três a quatro salários extras de bônus no fim do ano.

Bônus pesados em 2012

Uma em cada quatro organizações tem expectativas de pagar variáveis melhores do que em 2010, segundo a Towers Watson. Para 44% das firmas, o bônus será equivalente ao do ano passado, e 28% ainda não têm uma estimativa. Apenas 3% dizem que o bônus deve ser pior neste ano.

Falta CFO

Empresas farmacêuticas, de energia, agronegócios e de bens de capital são as que mais demandam profissionais para liderar a área de finanças. Busca-se um perfil de gestor voltado a negócio, que tenha visão estratégica e esteja antenado com as novas regras contábeis, como o IFRS.


Cada vez mais estratégico, o profissional de finanças vem ganhando poder na figura de CFO (chief financial officer), é o segundo salário mais alto nas companhias, depois do CEO (chief executive officer), e, em geral, é visto como principal candidato ao posto de presidente. Faltam profissionais habilitados a assumir o cargo.

Uma pesquisa global da Robert Half feita com 2.525 executivos aponta que no Brasil apenas metade das empresas identifica qual será o próximo diretor financeiro. A escassez de profissionais é a principal razão para a ausência de sucessores.

Pegando carona no IPO

Num ano em que dezenas de companhias se preparam para abrir seu capital na bolsa de valores brasileira, a exemplo do Magazine Luiza e da rede de farmácias Pague Menos, há uma demanda por profissionais ligados ao mercado de capitais. "Os bancos de investimentos buscam quem consegue dar resultado", afirma Fábio Saad, da Robert Half.

"A área apresenta grande desafio após um período de queda desde que o Brasil deixou de ser o país da inflação. Antes, exportávamos muitas pessoas de finanças porque elas sabiam fazer as correções monetárias muito bem", explica Pedro Pinheiro, da Mercer. Finanças continua sendo um setor muito importante para análise de câmbio, juros e inflação, além de ter papel relevante nas fusões e aquisições de empresas, de acordo com o consultor.

RH tem reajuste 

Disputados pelas empresas, diretores de RH têm observado um aumento em seus salários semelhante ao visto em outras diretorias que até pouco tempo atrás tinham mais importância dentro das organizações. 

Novas vagas

Fique de olho nas novas fábricas de montadoras que estão sendo implantadas no país, como a sul-coreana Hyundai, em Piracicaba, a japonesa Toyota, em Sorocaba, e a chinesa Chery, em Jacareí, todas no interior de São Paulo. A Chery anunciou investimento total de 400 milhões de dólares na fábrica, que deve ser inaugurada em 2013 e gerar 1 200 empregos inicialmente.


No Brasil desde 2010, a empresa já criou uma rede de 81 concessionárias, o que significa 3.500 empregos indiretos. Na sede, trabalham cerca de 100 pessoas, número que deve aumentar em breve. “Para atender à rede de lojas, que deve crescer mais, já começamos a reforçar a equipe”, diz Vítor Franchini, diretor de pós-venda da Chery do Brasil.

Seguros 

A falta de profissionais qualificados levou as empresas a adotar uma política de remuneração mais agressiva para atrair gente. Em relação ao ano passado, o salário fixo da categoria ficou, em média, 20% maior. Destaque para o analista e o gerente atuariais, profissionais bastante disputados por bancos e firmas de auditoria.   

Mercado automotivo

A perspectiva de instalação de novas fábricas e a entrada de montadoras chinesas no Brasil fazem com que diversos cargos se abram no mercado automotivo, especialmente nos chamados sistemistas, os fornecedores de autopeças para as grandes montadoras. Engenheiros para a operação e para a logística e profissionais para a área comercial estão sendo procurados.

Para quem é do setor comercial, uma dica é mostrar serviço para os compradores das montadoras. Eles servem de fonte de informação para recrutadores e indicam quem faz um bom trabalho de vendas. 

Advogados

Dentro dos departamentos jurídicos há ligeiro aquecimento em companhias envolvidas com contratos de obras, mensuração de riscos, contratos de financiamento, licitações públicas e parcerias público-privadas. Construtoras, incorporadoras e empresas de energia têm absorvido mais advogados. Setores com muita regulamentação, como o farmacêutico, também. Em geral, os salários da área tiveram uma valorização de 15% a 30%.


Outro movimento aquecido no mercado é a migração de advogados de escritório para o departamento jurídico das organizações. "Elas precisam de advogados que tenham conhecimento técnico e optam por procurar nos escritórios gente com disposição para entender a estratégia corporativa", diz Mariana Horno, gerente da divisão de direito da Robert Half.

Escritórios de advocacia

Advogados da área empresarial estão valorizados de maneira geral e existe falta de profissionais com a qualificação exigida pelas bancas top: boa formação em escolas de ponta, pós-graduação e domínio de dois ou mais idiomas. Em setores que se envolvem com altos valores — societário, contratos, regulatório, mercado de capitais — faltam advogados plenos e seniores.

Os mais jovens, da Geração Y, em início de carreira, vêm assustando o mercado porque mudam muito facilmente de escritório, algo que não ocorria com tanta frequência.

Agronegócio

Os salários aumentaram entre 25% e 30% nesse setor. A instalação de empresas europeias de pequeno e médio porte no país puxou esse reajuste. Para estruturar a operação local, elas vêm contratando profissionais de vendas, marketing e finanças.

"Cobiçado é aquele que, além de conhecer produto e cliente, tem habilidades interpessoais", diz Caio Arnaes, consultor da Robert Half, que teve 30% das vagas de média gerência em 2010 vindas do agronegócio. A primeira opção das companhias é por profissionais de maior bagagem e experiência.  

Açúcar e álcool

Para fechar vagas nas usinas de açúcar e álcool, há uma busca de profissionais de outros setores, como químico e petroquímico. Movimentação intensa também acontece na área de defensivos agrícolas.

"Gerentes de fazenda, de produção agrícola e industrial são posições em alta", afirma o headhunter Jeffrey Abrahams. Outro cargo em evidência é o de gerente de produtos por cultura (soja, algodão, cana-de-açúcar). O inglês, que até então não era exigido, passou a ser um diferencial.  

*Com reportagem de Amanda Kamanchek
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