Nem só de Microsoft, Oracle ou Sun vive o profissional que busca uma certificação em tecnologia. É cada vez maior o número de pessoas que procuram empresas como Dell, HP, Compaq e Furukawa, por exemplo, para obter um canudo de especialista em hardware e tentar um belo upgrade na carreira.

As certificações em hardware já existem há algum tempo no Brasil, mas só agora começam a decolar. A razão do atraso? São ofuscadas por suas irmãs de software. Em compensação, são bem mais baratas. Enquanto um diploma de grife em hardware pode custar de mil a 6 mil reais, as boas certificações de software custam a partir de 5 mil reais.

Mas... calma lá! Antes de se empolgar e sair correndo em busca de um desses diplomas, é bom saber que eles são dirigidos somente para profissionais que já tenham alguma experiência em hardware. E, como não poderia deixar de ser, também não são nada fáceis de obter. As provas são duríssimas, às vezes até mais difíceis que as de software.

Uma das certificações interessantes de hardware do país é oferecida pela Dell, que importou o diploma Dell Certified Systems Engineer (DCSE) dos Estados Unidos. Lá os cursos e as provas são feitos totalmente pela internet. Esse tipo de sofisticação ainda não está disponível por aqui, mas é possível obter o diploma depois de freqüentar aulas presenciais. De acordo com o diretor de serviços da companhia, Ronaldo Araki, é indicada para profissionais com formação técnica ou acadêmica que queiram se especializar na instalação e configuração de desktops e servidores. Mas, por enquanto, só os alunos do último ano dos cursos de ciências da computação e engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul têm acesso, de graça, à certificação. "É uma espécie de piloto. Nossa intenção é ampliar o alcance até o fim do ano, seguindo o exemplo americano e colocando tudo na web", diz Araki.

Além da Dell, a HP também oferece certificações para formar experts em hardware, especialmente para lidar com seus servidores. Há dois tipos de diploma: Administrador de Sistemas HP-UX (como é chamada a solução para Unix da HP que roda em máquinas de alta disponibilidade), e Administrador de Redes, voltada para profissionais que trabalham com o sistema proprietário Openview, de monitoramento e gerenciamento de redes e sistemas. De acordo com Ronaldo Frederico, diretor de educação da HP Brasil, as certificações são indicadas para profissionais de infra-estrutura e suporte técnico. O candidato a uma delas deve adquirir um Certification Pak, pacote que combina a prova de certificação e os cursos necessários para que o profissional se prepare para os exames. O pacote custa cerca de 6 mil reais para quem optar pela HP-UX ou 5,3 mil reais para administradores Openview (ver tabela nesta página). "É altamente recomendável ter noções de Unix antes de nos procurar", alerta Frederico. Mas atenção: para se certificar como administrador Openview é necessário primeiro se tornar certificado em HP-UX. As provas são feitas na própria HP.

84% de acerto
A Compaq também oferece opções para quem quer obter uma certificação. A mais básica, chamada Accredited Platform Specialist (APS), é indicada para técnicos de laboratório que desejam se tornar especialistas no hardware fabricado pela empresa. Num nível intermediário aparece a Accredited Platform Integrator (API), indicada para engenheiros de sistemas que desejam aprender a desenhar projetos mais sofisticados. No topo da tabela, aparecem as certificações ASE (Accredited Systems Engineer) e Master ASE, que formam profissionais para atuar não só com o hardware da Compaq, mas com diversas tecnologias. No caso da Master ASE, o profissional pode escolher a especialização entre sistemas de storage, tecnologias Oracle, internet/intranet e sistemas de alta disponibilidade. "É uma opção para formar profissionais de primeira linha, que com certeza ganharão de 30% a 50% a mais de salário se tiverem uma certificação dessas no bolso", diz Carlos Bretos, diretor de serviços da Compaq. É o caso do analista Carlos Aragão, coordenador de treinamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP. Aragão suou muito para obter a Master ASE no ano 2000, especializando-se em sistemas de alta disponibilidade. O índice mínimo para não bombar nos testes era de 84% de acerto. Aragão acertou 92% da prova. "Não tive aumento de salário porque trabalho numa instituição pública, mas ganhei em benefícios e prestígio", diz ele. Resta saber como as certificações da Compaq e da HP serão afetadas pela fusão entre as duas companhias. Se for concretizada, a união deve ocorrer ainda neste semestre.

A Furukawa também oferece um programa para formar especialistas em soluções para transporte e distribuição de pacotes de informação. O Furukawa Certified Professional (FCP) é composto de duas partes: Fundamental e Master. A primeira é voltada para engenheiros de redes, enquanto a segunda é para projetistas e administradores. "As duas certificações exigem um acerto mínimo de 70%", diz Marcos Costa, instrutor da companhia. Os diplomas estão entre os mais baratos do mercado: mil reais, em média, cobrem os custos totais dos exames.

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