Guilherme Catarino, CEO da Wella no Brasil: “O cabeleireiro não corta apenas o cabelo, ele mexe com a autoestima dos seus clientes” (Wella Brasil /Divulgação)
Repórter
Publicado em 28 de julho de 2025 às 12h07.
Última atualização em 28 de julho de 2025 às 12h34.
“Quando eu era criança, eu pensava no cabeleireiro como aquela pessoa que cortava meu cabelo. E, na realidade, não é só isso. Esse profissional é a pessoa que pode transformar a tua autoestima”, diz Guilherme Catarino, CEO da Wella no Brasil.
Foi apostando na formação desses profissionais que a Wella, marca de cosméticos americana, criou em 1985, em São Paulo, o primeiro “Studio Wella”, um centro de capacitação profissional voltado para cabeleireiros e profissionais da beleza, como aulas como coloração, corte, penteado, cuidados capilares e empreendedorismo.
“Os cursos podem ser presenciais ou online e abrangem desde iniciantes até profissionais experientes”, diz o CEO.
Além de São Paulo, em seus 40 anos no mercado brasileiro a Wella também criou um “Studio Wella” no Rio de Janeiro, e neste ano traz uma novidade.
"Desde 1985, os estúdios da Wella são símbolos de excelência e inovação no Brasil. Agora, vamos transferir a nossa primeira escola, que fica na Paulista, para um centro mais moderno na Oscar Freire", afirma Catarino.
O novo “Estúdio Wella”, segundo o CEO, será inaugurado no dia 3 de agosto e será mais tecnológico, refletindo as rápidas mudanças do mercado e a necessidade de qualificação contínua.
"Este estúdio será quase duas vezes maior que o anterior e será um local mais acessível, com mais flexibilidade para treinamento. Ele vai capacitar cerca de 1.000 profissionais por ano, oferecendo um ambiente de aprendizado dinâmico e focado em novas tecnologias", diz Catarino.
Além de técnicas de corte e coloração, o novo espaço também trará aulas sobre como os cabeleireiros podem usar plataformas digitais como Instagram e TikTok para alavancar seus salões.
"A carreira do cabeleireiro se modernizou tanto quanto outras profissões e a educação agora precisa abraçar o digital", diz o CEO.
O mercado de beleza no Brasil continua em constante crescimento, afirma o CEO da Wella no Brasil.
“O setor de beleza no Brasil está aquecido já há vários anos. Se voltarmos três ou quatro anos, já vemos um crescimento acima da média”, diz.
O mercado brasileiro de higiene e beleza continua em expansão. Em 2024, o setor movimentou R$ 173,4 bilhões, marcando um impressionante crescimento de 10,3% em relação ao ano anterior, conforme dados da Euromonitor International. Esse desempenho superou o crescimento global, que foi de 3,5%, totalizando US$ 593 bilhões e garantindo ao Brasil a terceira posição no ranking mundial de consumo desses produtos, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
Dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) também mostra que entre janeiro e setembro de 2024, o Brasil testemunhou um notável aumento no número de pequenos negócios ligados ao setor de beleza. Foram abertas mais de 170 mil novas empresas, incluindo cabeleireiros, manicures, pedicures e lojas especializadas em cosméticos. Esse número equivale a uma média de cerca de 700 novos estabelecimentos por dia, destacando o crescente potencial do mercado e a sua relevância para a economia local.
“Para acompanhar esse crescimento, precisamos de profissionais preparados. Por isso estamos investindo no novo centro de treinamento", diz o CEO.
Catarino não pode abrir o valor de investimento e nem o faturamento, uma vez que a Wella é uma empresa de capital fechado. Porém, ele destaca que desde 2020 a operação no Brasil triplicou suas vendas, com crescimento de dois dígitos anuais.
“Estamos entre as 5 principais operações da Wella globalmente, o que revela a importância estratégica do mercado brasileiro para a companhia que está presente em mais de 100 países”, diz Catarino.Para acompanhar esse crescimento, o CEO volta a defender a capacitação de novos (e experientes) profissionais na área.
“O cabelereiro dita e acompanha tendências e comportamentos dos clientes, é um mercado em constante movimento e aprendizado”, diz o CEO.
Para quem pretendem investir na carreira, Catarino deixa um conselho: entenda de cabelo e do digital.
Entre alguns exemplos, o CEO destaca:
"A carreira do cabeleireiro se modernizou tanto quanto outras profissões, e ele precisa estar antenado com as novas tendências e plataformas para se destacar no mercado," diz o CEO, que revela que por meio do “Estúdio Wella”, mais de 180 mil profissionais de beleza foram capacitados no Brasil.
Para participar dos cursos, é necessário criar um perfil na plataforma “WellaEdu”. Após o cadastro, os profissionais podem explorar os cursos disponíveis, verificar preços e disponibilidade, e se inscrever conforme seu interesse e nível de experiência.
A Wella foi fundada em 1880, em Eisenach, Alemanha, por um cabeleireiro chamado Franz Ströher. Inicialmente, Ströher começou fabricando e vendendo produtos de cuidado capilar para cabeleireiros profissionais. Sua primeira inovação foi a criação de um xampu que revolucionou os cuidados com os cabelos na época.
A marca ganhou grande notoriedade em 1920, quando a Wella se expandiu e começou a vender seus produtos internacionalmente.
Com o passar dos anos, a Wella se expandiu para mais de 100 países, e em 2003 foi adquirida pela Procter & Gamble (P&G), embora tenha sido novamente vendida em 2015 para a Coty Inc. Hoje a marca segue independente.
A Wella é reconhecida mundialmente por sua expertise em coloração de cabelo, produtos para tratamento e styling, e soma hoje mais de 6.000 funcionários globalmente.
No Brasil, a marca chegou em 1956. Com escritório em São Pauloe dois “Studios Wella”, a companhia apostou em 2022 no seu terceiro maior centro de distribuição do mundo em Extrema, Minas Gerais. Em 2021, a Wella ampliou sua produção nacional, atingindo 80% de fabricação local. Por não ter fábrica, a companhia, segundo o CEO, realiza a produção dos produtos no Brasil via TPMs (Terceiros para Produção Manufaturável), que são empresas contratadas pela Wella para fabricar seus produtos.
“Nossa importação vem muito pouco dos Estados Unidos, e muito mais produtos da Europa. E no caso do Brasil, não exportamos produtos, exportamos tendências”, diz o CEO que destaca a diversidade brasileira como um motivador para o lançamento de novas linhas de produto.