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Brigas, leões e videogames: as lições e antilições da caótica infância de Elon Musk

Biografia conta episódios reveladores dos primeiros anos de vida do controlador da Tesla, da SpaceX e do X (ex-Twitter)

Separamos episódios da infância do bilionário retirados da biografia do magnata (Chesnot/Getty Images)

Separamos episódios da infância do bilionário retirados da biografia do magnata (Chesnot/Getty Images)

Lucas Amorim
Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Publicado em 29 de setembro de 2023 às 11h28.

Última atualização em 29 de setembro de 2023 às 11h32.

Como criar um filho em tempos de inteligência artificial? Qual o caminho que faz uma criança curiosa chegar a ser um empresário de sucesso e, no limite, a pessoa mais rica do mundo?

São perguntas para as quais a nova biografia de Elon Musk traz algumas pistas. Nem que seja ao mostrar a pais e mães de 2023 o que não fazer. O livro, do historiador e jornalista Walter Isaacson, conta episódios marcantes dos primeiros anos de vida do fundador da montadora Tesla e da empresa espacial SpaceX, e controlador do X (ex-Twitter).

Um mergulho na formação de Musk, e nos loucos anos de sua criação na África do Sul das décadas de 70 e 80, ajuda a mostrar como ele desenvolveu uma resiliência feroz e um apetite ao risco ímpar. São características que mais tarde foram essenciais para que ele chegasse aonde chegou. E que, ao mesmo tempo, fizeram com que seja rotulado como distante, insensível, irresponsável. "Não seria surpresa para ninguém se ele tirasse a camiseta e mostrasse que não tem umbigo e não é um terráqueo", escreve Isaacson.

Separamos episódios da infância do bilionário retirados da biografia e que mostram as dificuldades dos pais de lidar com uma criança que desde os primeiros dias mostrou grande capacidade de aprendizado e dificuldade de se relacionar. Sua infância acabaria marcada por grande liberdade e por traumas que moldariam sua vida adulta.

1- A escola pode ser cruel

Ambientes escolares podem ser desafiadores, sobretudo para crianças com dificuldade de se relacionar, como Musk. Como tinha facilidade de aprender em casa, ele foi matriculado na escola mais novo que seus colegas. Foi um erro, segundo Isaacson.

"Ele tinha dificuldade de entender sinais sociais. A empatia não era algo natural, e ele não tinha o desejo, nem o instinto, de tentar agradar. Como resultado, era regularmente acossado por valentões, que se aproximavam e davam socos no rosto dele". Em uma passagem, Musk foi agredido de forma tão violenta que foi para o hospital e ficou uma semana sem ir às aulas.

Aos 12 anos ele foi enviado para um acampamento de sobrevivência na selva com leões e animais selvagens, em que perdeu cinco quilos. Aos 16, voltou ao acampamento e percebeu que "se alguém me enchesse o saco, eu podia dar um soco forte no nariz do cara".

Na vida adulta, a reação impulsa segue uma característica marcante de Musk — nem que ele tenha trocado os socos por Tweets na madrugada.

2- A influência dos pais é duradoura

Errol e Maye Musk, os pais de Musk, eram dois aventureiros que gostavam de criar os filhos soltos — soltos até demais para os padrões atuais. Quando os pais se separaram, Musk viajava centenas de quilômetros sozinho pelas planícies africanas para visitar um e outro. Segundo Isaacson, seu pai Errol teve profundo impacto na formação do bilionário, por sua postura violenta e imprevisível.

"Se seu pai está sempre te chamando de débil mental e idiota, talvez a única resposta seja desligar dentro de si tudo que possa abrir uma dimensão emocional com a qual se tem capacidade de lidar", diz ao autor a primeira esposa de Musk, Justine. Os transtornos da infância, segundo Isaacson, inculcaram em Musk uma aversão ao contentamento e até hoje o fazem ter pesadelos sobretudo em momentos difíceis nos negócios.

3- Livros criam sonhadores

Diante do caldeirão que era sua vida familiar e escolar, Musk se refugiava nos livros, sobretudo de ficção científica. "A infância dele o fez humano demais, um menino bravo mas vulnerável que decide embarcar em aventuras épicas", diz sua biografia. Ele passava noites inteiras lendo e ainda muito jovem devorou as duas enciclopédias que o pai tinha em casa. Até hoje sabe de cor trechos de um livro que mostrava como um foguete poderia chegar ao espaço movido por um propulsor de íons.

O livro que mais o influenciou, diz Isaacson, foi "O Guia do Mochileiro das Galáxias". "O que aprendi com o livro é que precisamos expandir o escopo da consciência para que seja mais mais capazes de fazer perguntas que levam à resposta, que é o Universo", afirma Musk ao autor.

4- Nunca é cedo para tecnologia

Elon Musk era desde muito jovem apaixonado por eletrônicos e equipamentos, e obstinado o suficiente para consegui-los. Aos oito anos, depois de insistir por semanas, ganhou uma moto do pai. Aos 11, juntou dinheiro para comprar um computador, um Commodore VIC-20, que trouxe também um curso básico de programação. Musk o fez em três noites insones. Aos 13 anos, ele desenvolveu um videogame em que o objetivo era "destruir um cargueiro espacial alienígena". Ganhou 500 dólares de uma revista especializada. Até hoje, diz o autor, Musk adorava videogames e pode ficar horas imerso jogando. Foram sua porta de entrada para o universo da tecnologia, com habilidades que seriam desenvolvidas quando ele se mudou para os Estados Unidos, aos 17 anos.

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