Home office; trabalho; (PeopleImages/Getty Images)
Os brasileiros estão cada vez mais inclinados às questões de saúde mental e bem-estar. E estão demandando mais ações concretas e diretas das empresas em que trabalham sobre o tema.
Enquanto mais da metade dos trabalhadores brasileiros (61%) pensam que as empresas deveriam ampliar a cobertura do benefício do plano de saúde com serviços e atendimentos psicológicos, quase todos (90%) vão mais além e dizem que seus empregadores deveriam oferecer dias de férias remuneradas para que o trabalhador possa cuidar da sua saúde mental e bem estar.
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Isso é o que mostra a Global Learner Survey, pesquisa desenvolvida pela Pearson, um dos maiores grupos de educação do mundo. A pesquisa ouviu 1.001 brasileiros entre 16 e 74 anos, entre os dias 13 e 22 de abril. A Global Learner Survey também foi realizada nos Estados Unidos, Reino Unido, China e Índia. Ao todo, foram ouvidas 8.170 pessoas ao redor do mundo.
Para 71% dos entrevistados no Brasil, as organizações deveriam oferecer serviços gratuitos de saúde mental aos empregados.
Além disso, para 65% dos brasileiros entrevistado, as empresas deveriam ampliar a cobertura do benefício do plano de saúde com serviços e atendimentos psicológicos.
Juliano Costa, vice-presidente de Estratégia de Conteúdos na Pearson Latam, afirma que é possível traçar um paralelo entre os resultados da pesquisa e a pandemia, já que ela afetou drasticamente a forma com que o brasileiro se relaciona com o trabalho, mas, principalmente, da forma que ele percebe o trabalho na sua vida.
"Conseguimos identificar na pesquisa que os trabalhadores de forma geral, mas principalmente os brasileiros, possuem uma percepção de que a empresa na qual trabalham ou o seu empregador direto possuem uma responsabilidade sobre a sua saúde mental", explica Juliano em conversa com a EXAME.
Juliano concorda que a pandemia pode ter acentuado essa percepção, mas explica que as demandas dos funcionários sobre como a empresa passará a lidar com saúde mental dos seus funcionários irá se manter.
“É notório que, após a pandemia que vivemos, os cuidados psicológicos se tornem uma prioridade para a população. Passamos por um longo período de dificuldades mentais para absorver tudo o que temos passado", explica. "Quando colocamos isso no nosso dia a dia, vimos que as pessoas, a partir de agora, vão priorizar intensamente os cuidados com a saúde mental e bem-estar, sobretudo no ambiente profissional”
Juliano comenta que outro dado que chamou atenção na pesquisa é que, para 90% dos brasileiros, as empresas deveriam oferecer dias de férias remuneradas para que possam cuidar da saúde mental e bem-estar.
Embora o brasileiro já possua por lei uma possibilidade de férias remuneradas, um período para se afastar da empresa para cuidar da saúde mental é quase que unanimidade entre os respondentes.
"Em comparação com os respondentes de países que não possuem um modelo mais amigável com o trabalhador nesse quesito de férias remuneradas, como o Reino Unido ou os EUA, o trabalhador brasileiro valoriza muito esse tipo de benefício", explica Juliano.
A demanda por um emprego no qual a empresa saiba lidar com a saúde mental do funcionário e ofereça suporte para que isso aconteça já se tornou quase que um requisito para candidatos.
Dos respondentes, 92% dizem priorizar, na hora de procurar um novo emprego, as empresas que oferecem algum tipo de serviço ou programa voltado às questões de saúde mental e bem-estar.
Para Juliano, os empregadores não se importam se isso é oferecido através de um benefício diferente, como algumas empresas já oferecem pacotes em aplicativos de meditação e consultas mensais com terapeutas e psicólogos. Eles só querem que as empresas passem a lidar com essa questão ativamente.
Ainda segundo a pesquisa, para 59% dos colaboradores brasileiros, discussões internas, presenciais ou virtuais, sobre os cuidados da saúde mental e bem-estar já seriam muito bem aceitos.
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"Embora esses 90% acreditem que as férias sejam o melhor caminho para uma estratégia de bem estar, vemos que 60% deles já acham que realizar um webinar ou um workshop sério sobre como lidar com problemas psicológicos reais é um bom caminho para a empresa", explica o vice-presidente.
Porém, a realidade encarada pelos profissionais é bem diferente da desejada. A maioria (82%) disse que as empresas em que trabalham não aplicam quaisquer programas ou suportes de saúde mental e bem-estar que sejam.
Juliano acredita que as empresas que quiserem contratar os bons funcionários do futuro ou manter os talentos já estão de acordo com essa novas demandas dos funcionários sobre sua saúde mental.
O vice-presidente ressalta que se antigamente a síndrome de burnout era tratado internamente como mais um termo do mercado, hoje ele já é prioridade para boa parte dos times de recursos humanos de quase todas as grandes empresas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2021, classificou a a síndrome de burnout como doença do trabalho. Nas palavras da organização, a síndrome é um “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”.
"Esse empregado que está doente percebeu que essa doença é fruto direto do trabalho dele., e não pode ser assim. Definitivamente o brasileiro possui a percepção de que o trabalho deve ser sido entendido como algo que provoca doença e dor, e não como uma realização pessoal, e isso precisa mudar se quisermos um bom futuro no mercado de trabalho e profissionais saudáveis", finaliza.
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