Lupa: curiosidade é um ativo de carreira (Foto/Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 3 de maio de 2018 às 15h00.
Última atualização em 20 de janeiro de 2020 às 12h04.
São Paulo – “Foi fundamental”. É assim que o cientista de dados da Vagas.com, Thiago Kuma, define o peso de cursos de ciência de dados para sua carreira deslanchar.
Com mestrado em engenharia de software e cursos básicos em ciências de dados completos no Coursera e na Udacity em seu currículo, Kuma entrou na empresa em 2012 como desenvolvedor e depois de um ano deu os primeiros passos na transição de carreira para a ciência de dados.
“Eu estava estudando Big Data, que era como se chamava ciência de dados naquela época, e queria aplicar o conhecimento”, conta. Ao lado de outros profissionais da área de tecnologia, Kuma começou a manipular dados de currículo cadastrados no site.
A equipe montou um projeto e apresentou para a liderança da Vagas.com. Era o início do Mapa de Carreiras, serviço gratuito que mostra a trajetória profissional em mais de 7 mil cargos, que está no ar desde 2014. “Não foi nada encomendado, a gente começou a aplicar, mostrou o projeto e a Vagas.com quis investir”, diz.
A mudança oficial de cargo veio no passado, mas Kuma já participava de projetos de ciência de dados desde 2014. De lá para cá, a área só ganhou destaque e, obviamente, não só na Vagas.com. O mercado para cientistas de dados é promissor, garante o profissional.
As empresas, diz Kuma, já perceberam a necessidade de profissionais que saibam desenvolver soluções com base em ciência de dados. “A gente que coloca no Linkedin que trabalha como cientista de dados recebe contato de recrutadores quase que semanalmente”, diz ele.
“A demanda é grande”, confirma Renato Trindade, gerente da Page Personnel, consultoria especializada em cargos técnicos e de suporte à gestão.
Além de ciência de dados, Trindade indica outras áreas com perfis profissionais muito desejados no mercado. “Está faltando gente”, diz o especialista. Confira temas para estudar e impulsionar a carreira:
Engenharia
Curso: Engenharia de Segurança contra Incêndio e Pânico
Quem pode se interessar: profissionais com graduação em engenharia, arquitetura ou tecnologia, que busquem qualificação em projeto e execução de sistemas preventivos contra incêndio e pânico.
Objetivo: um curso de engenharia de segurança contra incêndio e pânico proporciona aos profissionais habilitados os conhecimentos necessários para gerenciar, projetar, bem como atuar em situações que envolvam sistemas preventivos contra incêndio e pânico.
Como pode ajudar na carreira: é uma área que se destaca dentro da engenharia, que, em geral, anda em baixa para emprego no Brasil. “ Nos últimos três anos o mercado de engenharia perdeu espaço”, diz Trindade. Mas, incêndios de grandes proporções tanto fora quanto dentro do Brasil dispararam, segundo o consultor, sinal de alerta nas empresas e a busca por profissionais qualificados aumentou.
Tecnologia da informação
Curso: Ciência de Dados
Público: Profissionais da área de tecnologia, inteligência artificial ou estatística são maioria entre os profissionais de ciência de dados. Mas, independentemente da área de formação, algumas características são essenciais: programação, pensamento lógico, habilidade com números e conhecimento em banco de dados. Thiago Kuma, cientista de dados da Vagas.com, destaca a habilidade na resolução de problemas como essencial ao seu trabalho.
Objetivo: ainda não existe um curso superior específico para ciência de dados no Brasil. Grande parte dos profissionais possui formação em ciências da computação, análise de dados, estatística, matemática ou análise de dados.
De qualquer forma, hoje já existem cursos online, que fornecem as habilidades para atuar com ciência de dados. Existem alguns cursos de MBA e pós-graduação que abordam o tema. Kuma fez mestrado em engenharia de software e formações online no Coursera e na Udacity. “Esses cursos dão a base da ciência de dados e explicam as novas tecnologias”, diz ele.
Como pode ajudar na carreira: a posição de cientista de dados vem sendo uma das mais requisitadas no mercado nos últimos tempos. Por ser algo relativamente novo no radar de muitas empresas brasileiras, quem se profissionalizar nessa área tem chance de se destacar e ter rápida ascensão salarial.
Kuma recomenda que o profissional tente sempre aplicar os conhecimentos adquiridos para abrir caminho para a carreira, na própria empresa em que trabalha ou por meio de outros canais disponíveis. Ele indica os sites que lançam desafios. O mais conhecido é o Kaggle. “Nada como pegar um problema real e colocar a mão na massa”, diz.
Curso: Cyber Segurança
Público: Profissionais da área de tecnologia que já tenham conhecimento na área de infraestrutura.
Objetivo: nessa área é essencial reunir certificações como a CISSP (Certified Information Security Systems Professional) e a CISM (Certified Information Security Manager). Também é preciso estar em dia com as melhores práticas na área, descritas em guias do SANS (System Administration, Networking and Security) Institute.
Além da qualificação técnica em infraestrutura, Trindade diz que os profissionais mais demandados pelas empresas são aqueles que têm visão de negócio. Formações online são um bom caminho para quem deseja se aprofundar nessa área, segundo Trindade.
Como pode ajudar na carreira: “um profissional bem formado tem emprego garantido e possibilidade de carreira internacional”, diz ele.
Vendas e Marketing
Curso: inteligência comercial ou inteligência de mercado
Público: formados em administração, marketing ou finanças, que busquem qualificação em estratégias de vendas e expansão de novos negócios.
Objetivo: Os cursos de inteligência comercial ou inteligência de mercado desenvolvem técnicas de planejamento comercial e de estruturação das estratégias de vendas da divisão e/ou da equipe. “Não é uma área nova, o que mudou é o impacto da tecnologia”, diz Trindade. MBAs e pós-graduações versam sobre o tema.
Como pode ajudar na carreira: grande parte das empresas buscam profissionais não só com experiência em prospecção e/ou gestão de contas, mas também com capacidade analítica e estratégica. Quem sabe manipular dados e extrair informações com poder de direcionar a tomada de decisão no plano comercial é valorizado.
Administrativo
Curso: Assistente Executivo
Público: profissionais da área administrativa em função de apoio a executivos. Papel de assistente evoluiu, deixando para trás o perfil meramente operacional (atendimento telefônico, agendamento de reunião e gestão de viagens). A busca hoje é por profissionais mais estratégicos. Cursos de pós em assessoria executiva que são indicados
Objetivo: melhorar capacidade de resolver problemas e permitir que o assistente consiga auxiliar na tomada de decisão, buscando informações de mercado e sugerindo soluções diante de cenários adversos. Exemplos de perguntas a que os assistentes deveriam saber responder: “qual o rumo da empresa nos próximos anos, qual objetivo de uma reunião com um executivo específico, como está o concorrente, o que há de novidade para o setor em que a empresa está inserida.
Como pode ajudar na carreira: Há uma escassez de profissionais com estas competências que pressupõem um perfil mais consultivo/estratégico. As instituições de ensino ainda não adaptaram a essa demanda, segundo o gerente da Page Personnel.
Finanças e tributos
Curso: Especialização em Legislação Tributária para Fintechs
Público: Pessoas que buscam posições em empresas de tecnologia dentro do mercado financeiro. É indicado a quem já domina a área tributária e quer migrar para esse novo mercado financeiro.
Objetivo: organização tributária de fintechs, empresas de finanças digitais, bancos digitais e etc. Em oposição ao setor bancário que é altamente regulado, a legislação atual não é clara em relação ao que já existe hoje nesse mercado, diz Trindade. Esse tema pode ser encontrado na grade curricular de cursos de pós-graduação e de MBAs.
Como pode ajudar na carreira: mercado em expansão com bom potencial de ascensão profissional já que são poucos profissionais que unem conhecimento de finanças/contábil e perfil digital inovador.