Home Office: apesar de a maioria dos profissionais ter notado aumento nas contas, apenas 3% solicitaram algum reembolso às empresas em que trabalham (Stefan Wermuth/Bloomberg via Getty Images/Getty Images)
Victor Sena
Publicado em 18 de novembro de 2020 às 13h33.
Última atualização em 18 de novembro de 2020 às 14h59.
Oito meses depois do início da pandemia do coronavírus, o Brasil tem cerca de 7,9 milhões de pessoas trabalhando em home office, segundo o IBGE. E para 79% delas, as contas de luz dispararam.
Uma pesquisa da VR Benefícios, feita pelo Instituto Locomotiva, também mostra que 57% notaram aumento nas contas de água e 34% nas conta de internet.
Apesar de a maioria dos profissionais ter notado aumento nas contas, apenas 3% solicitaram algum reembolso às empresas em que trabalham.
A lei que regulamenta o trabalho remoto foi estabelecida pela reforma trabalhista de 2017. Ela prevê que o fornecimento de equipamentos e infraestrutura deve ser estabelecido em contrato.
Assim, as disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, pela manutenção ou pelo fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado devem ser previstas em contrato escrito.
Em tese, só conseguiria o reembolso quem trabalha em uma empresa que se dispôs a criar um aditivo de contrato escrito em que explica como o fornecimento da infraestrutura será feito.
No entanto, para a advogada trabalhista Cássia Pizotti, é entendido que a empresa é responsável pelo ônus das funções de trabalho e que o trabalhador pode solicitar reembolsos, independentemente disso ter sido colocado em contrato ou não.
Cássia também destaca que é preciso observar se realmente houve um aumento dos gastos, como um upgrade em um plano de banda larga, por exemplo.
Ao colocar o funcionário em home office, mesmo que apenas enquanto durar a pandemia, a empresa precisa formalizar algum acordo com as mudanças, com algum aditivo, por exemplo.
Caso contrário, existe o risco de descumprimento da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT), mas não só isso. Ela pode ficar desprotegida por deixado de definir com seu funcionário como será o trabalho remoto.
“A lei propõe que isso seja estabelecido entre as partes em um contrato porque cada caso é um caso. A ideia da lei é que isso seja ajustado de acordo com as peculiaridades de cada caso, mas isso não impede que o funcionário peça a compensação”, explica Cássia Pizotti.
Cássia Pizotti ressalta que a pandemia chegou de surpresa, e que as empresas estão começando agora a entender suas políticas de trabalho remoto.
A pesquisa também questionou os 2.500 entrevistados sobre que tipo de bônus eles gostariam de receber devido à pandemia — 45% prefeririam que fosse em vale-alimentação, 40% em um cartão para as contas de internet e luz, e 15% no vale-refeição.
No Brasil, a opinião das pessoas sobre o home office ficou menos otimista ao longo da pandemia. Um levantamento de comentários em redes sociais feito pela Orbit Data Science mostra como isso mudou.
Em janeiro, quando o isolamento social ainda não havia sido implantado no Brasil, cerca de 70% das pessoas elogiaram a prática de home office. Entre abril e junho, na pior fase da pandemia, a aprovação caiu para 45%.
Apesar de ter ganhado mais "detratadores" ao longo dos últimos meses, o home office mantém uma legião de fãs e isso tem levado a mudanças em diversas áreas da economia.
Uma pesquisa da Ticket, marca de benefícios de refeição e alimentação da Edenred, realizada com 1.000 usuários de seus serviços, mostra que 28% dos participantes consideram mudar para outra cidade, tendo em vista a menor necessidade de deslocamento à estrutura física da empresa.