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Boreout: o tédio profissional que ameaça a saúde mental e a Geração Z no mercado de trabalho

Depois do burnout, ‘desmotivação silenciosa’ nas empresas acende alerta sobre inteligência emocional e impactos para o futuro do trabalho

O ‘boreout’, conhecido como a ‘síndrome do tédio extremo’, está ganhando espaço no mercado de trabalho - veja os sintomas (Deagreez/Getty Images)

O ‘boreout’, conhecido como a ‘síndrome do tédio extremo’, está ganhando espaço no mercado de trabalho - veja os sintomas (Deagreez/Getty Images)

Publicado em 28 de abril de 2025 às 11h35.

Última atualização em 28 de abril de 2025 às 16h02.

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Enquanto muito se fala sobre o burnout - esgotamento causado pelo excesso de demandas -, um outro fenômeno começa a ganhar espaço nas conversas sobre saúde mental e o futuro do trabalho: o boreout, conhecido como a “síndrome do tédio extremo”. E, ao contrário do que muitos imaginam, ele não atinge profissionais sobrecarregados, mas sim os que vivem o oposto disso: falta de tarefas significativas, ausência de desafios e, com o tempo, um profundo desengajamento.

Segundo a consultoria global Gallup, 7 em cada 10 brasileiros estão desengajados no trabalho. Esse dado reforça um cenário preocupante, em que o ‘boreout’ pode se manifestar de forma silenciosa, afetando a saúde mental e emocional dos funcionários, o clima organizacional e, consequentemente, os resultados das empresas.

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Geração Z em alerta: o risco de desmotivação crônica

Para Dado Schneider, especialista nas Gerações Z e Alpha, o debate sobre o tema é urgente - especialmente quando se observa a chegada da Geração Z ao mercado de trabalho.

“O tédio profissional tende a impactar ainda mais os jovens dessa geração, que estão entrando com força nas organizações. Trata-se de uma geração que busca intenção, desafios constantes e resultados rápidos, diferente do que muitos pensam. Quando esses elementos não estão presentes, o risco de desmotivação crônica aumenta”.

Essa nova geração, cada vez mais conectada, imediatista e empreendedora, muitas vezes se vê presa em estruturas tradicionais e engessadas - um terreno fértil para a insatisfação e a perda de sentido profissional.

Grande parte dos jovens da Geração Z não busca mais “construir uma carreira” nos moldes antigos, mas sim empreender, inovar e experimentar, segundo Schneider. E quando se deparam com tarefas repetitivas, pouca autonomia e falta de perspectiva de crescimento, a frustração se instala.

Liderança e cultura: caminhos para combater o boreout

Eliane Aere, presidente da ABRH-SP, destaca que o tema precisa entrar de vez na pauta das lideranças.

“Durante muito tempo, associamos produtividade apenas à quantidade de entregas ou ao número de horas trabalhadas, mas produtividade real vem do engajamento genuíno, da conexão com um propósito e do sentimento de pertencimento. O’ boreout’ nos mostra que o vazio também tem custo e ele pode ser alto”, afirma.

Para a presidente da associação, iniciativas que promovam a escuta ativa, o redesenho de cargos, a oferta de desafios coerentes e uma cultura organizacional mais aberta à inovação e à cocriação são fundamentais para combater o ‘boreout’, especialmente em um momento de transformação tão profundo no mundo do trabalho.

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