Carreira

Biologia na guerra dos sexos

As escolhas profissionais de homens e mulheres podem ser determinadas pela genética, segundo o livro O Paradoxo Sexual, de Susan Pinker

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de junho de 2013 às 17h24.

São Paulo - A psicóloga canadense Susan Pinker, autora do recém-lançado O Paradoxo Sexual (Editora BestSeller), coloca pimenta na tradicional discussão da guerra dos sexos. Para ela, a disparidade entre os gêneros pode ser explicada a partir de fatores biológicos: por ter hormônios e genes diferentes, homens e mulheres fazem escolhas diferentes na carreira.

De acordo com o livro, se elas não chegam ao topo não é apenas por preconceito ou falta de oportunidades oferecidas pela empresa. O organismo, afirma Susan, também influi no destino profissional. “A genética pode orientar as decisões de carreira de qualquer pessoa”, diz.

“Um jogador de basquete pode ter decidido entrar nessa profissão por causa de sua estrutura corporal. Minha proposta é usar a biologia como ponto de partida para analisar também as diferenças de gênero”, escreve Susan.

Munida de pesquisas científicas e anos de experiência clínica, a psicóloga afirma que, por terem conexões cerebrais e hormônios distintos, os homens são mais propensos à rivalidade e a atividades que envolvam sistemas padronizados (como a engenharia e a física) e as mulheres são mais predispostas a ter empatia e sensibilidade e a trabalhar em áreas que estimulem a linguagem e o cuidado com o próximo.

“É por isso que profissões como recursos humanos e comunicação atraem mais mulheres”, afirma a autora. Mas ela alerta: os comportamentos padrões podem variar de acordo com a personalidade de cada um. “É claro que os traços individuais e o ambiente influenciam muito.” 

De acordo com Susan, os cargos de alta chefia atraem hoje mais os homens do que as mulheres porque eles desenvolvem melhor as conexões cerebrais que estimulam a competitividade — característica importante para quem quer subir até a presidência.

Apenas 3% das 500 maiores empresas americanas, segundo a revista Fortune, possuem mulheres na alta liderança. No Brasil, entre as 150 corporações do Guia VOCÊ S/A-EXAME – As Melhores Empresas para Você Trabalhar de 2009 a proporção de chefia feminina é semelhante: 4%.


Susan não nega que a cultura masculina, que ainda predomina na imensa maioria das companhias, seja um componente dessa situação — ao lado das questões biológicas. “As mulheres são uma força relativamente recente no mercado de trabalho, por isso a gestão das empresas é prioritariamente masculina.” 

Para Regina Madalozzo, professora de economia do Insper, de São Paulo, as profissionais estão começando agora a impor suas vontades e características. Mas, para as mulheres, buscar incansavelmente o topo pode não ser a melhor opção de carreira. “Elas abandonam uma carreira bem-sucedida por não terem tempo de cuidar do lado pessoal, algo valorizadíssimo pelo público feminino”, escreve Susan. “Isso ocorre mesmo quando o casamento e as crianças pequenas não são o motivo relevante.”

Obviamente, a regra geral não impede que ocorram casos de profissionais que desejam ser presidentes das empresas. Contradizendo a autora, a diretora jurídica do HSBC, Márcia Freitas, de 43 anos, do Rio de Janeiro, pertence ao time das que querem crescer (e muito). “Minhas características femininas só me estimulam a buscar o topo”, conta Márcia. “Eu me sinto culpada por não estar tão presente na vida de minha filha, mas sei que ela vai valorizar meu esforço no futuro.”

Segundo Susan, a empresa que não entender as diferenças de raciocínio entre os sexos corre o risco de perder executivas talentosas. Um exemplo de ação direcionada à funcionária vem da consultoria Accenture, que permite que as mães trabalhem remotamente durante os primeiros anos dos filhos. “Isso faz com que elas fiquem mais felizes e continuem a crescer dentro da companhia”, diz Ronald Munk, responsável pela área de responsabilidade social.

Devido a essa política, a gerente financeira da área de tecnologia da Accenture, Carla Cavalcanti, de 32 anos, de São Paulo, não precisou fazer a escolha entre carreira e vida pessoal. “Só estou tranquila e trabalhando bem porque consigo conciliar trabalho, lazer e família. Sem flexibilidade, teria adiado a maternidade”, garante Carla. 

Acompanhe tudo sobre:Edição 142[]

Mais de Carreira

10 habilidades que um bom líder deve ter para avançar na carreira

5 conselhos de Charlie Munger para quem quer trabalhar no mercado financeiro

Como o CEO da Nvidia usa a técnica de 'primeiros princípios' para tomar decisões

Quer fazer um intercâmbio ou trabalhar em outro país? Veja as feiras deste ano