Bill Gates: veja o que o plano filantrópico do bilionário pode ensinar sobre finanças corporativas (NICHOLAS KAMM/Getty Images)
Redatora
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 14h46.
Quando Bill Gates criou a Gates Foundation, ao lado de Melinda French Gates, em 2000, ele estabeleceu que a instituição teria um fim previsto: encerraria suas atividades algumas décadas após a morte de ambos.
Vinte e cinco anos depois, o bilionário decidiu antecipar esse plano. Em um artigo publicado esse ano em seu blog pessoal, Gates Notes, o fundador da Microsoft anunciou que pretende doar “praticamente toda” sua fortuna nos próximos 20 anos.
A nova meta é clara: entregar mais de US$ 200 bilhões até 2045, o dobro dos US$ 100 bilhões que a fundação distribuiu nos primeiros 25 anos. Nesse mesmo dia, segundo Gates, a fundação encerrará definitivamente suas atividades. A decisão marca o início do que o executivo chama de “último capítulo” de sua carreira.
A decisão de Gates coloca a filantropia como um braço estratégico do uso do capital privado.
O bilionário afirma que qualquer lucro obtido com seus investimentos será reinvestido integralmente na fundação. Ou seja, até mesmo os rendimentos de seus empreendimentos paralelos foram incorporados à lógica de financiamento de impacto.
Esse modelo não só reforça uma gestão eficiente de patrimônio, como também exemplifica como bilionários podem estruturar seus legados de forma a influenciar diretamente políticas públicas, saúde global, avanços científicos e sociais. A filantropia, neste caso, é uma extensão da governança de capital.
De acordo com o artigo, os gastos da fundação até 2045 incluirão o saldo atual mais as contribuições futuras de Gates. Com a nova meta, a instituição poderá investir anualmente cerca de US$ 10 bilhões por ano, aproximadamente, nos próximos 20 anos.
Esse tipo de operação — concentrar recursos privados em soluções públicas com escala global — representa uma forma de “finanças corporativas do bem”.
Com o anúncio de que a fundação terá data para terminar, Gates reforça um movimento raro: aplicar o conceito de “sunsetting” à filantropia, ou seja, definir desde já quando uma organização deixará de existir.
A lógica está em acelerar o impacto em vez de eternizar a estrutura. A fundação continuará operando de forma intensa nos próximos 20 anos, mas sem planos de perpetuação institucional.
Esse raciocínio, cada vez mais adotado por novos filantropos, responde a uma pergunta central no universo das finanças corporativas: qual a melhor maneira de garantir impacto duradouro com o capital acumulado? Para Gates, a resposta está na concentração de esforços, velocidade na aplicação e métricas de avaliação robustas.
Do ponto de vista da carreira, essa movimentação lança luz sobre o valor dos profissionais especializados em finanças corporativas que saibam transitar entre o setor privado e o terceiro setor.
O avanço da tecnologia exige que esses profissionais estejam preparados para avaliar novas formas de mensurar impacto, prever riscos e calcular o valor não apenas do retorno financeiro, mas também do retorno social.
O plano de Bill Gates é um caso concreto de gestão de finanças corporativas voltadas ao impacto social e reforça a importância de profissionais preparados para gerir não apenas cifras, mas causas.
Por isso, a EXAME, em parceria com a Saint Paul Escola de Negócios, lançou o Pré-MBA em Finanças Corporativas — um treinamento criado para quem quer dominar a lógica dos números e utilizá-la como diferencial na trajetória profissional, por R$37,00.