Pintinhos verdes sobre maço de dinheiro (Fábio Heizenreder/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2013 às 13h44.
São Paulo - Todo mundo quer ter um dinheirinho extra no fim do mês para gastar onde quiser, ou então aplicar para aumentar as reservas. Saiba que desenvolver uma segunda atividade não precisa ser um trabalho extenuante — afinal, você já dá um duro danado no dia a dia.
Tem gente que consegue fazer do hobby uma atividade lucrativa, sem deixar de lado o tempo para o lazer, para a família e para os amigos. É o caso da advogada carioca Luciane Matias, de 35 anos, casada e mãe da menina Sophia Grace, de 5 meses, que transformou sua paixão pela fotografia num segundo trabalho.
Com os bicos que faz nos fins de semana, ela chega a faturar até 6 000 reais por mês. Com a grana extra, Luciane e o marido estão pagando um apartamento novo para a família.
Outro exemplo é o do publicitário paulista Eduardo Carvalho, de 32 anos. Ele é sócio de um bufê infantil em São Paulo. Nas horas vagas, Eduardo, que é fascinado por música desde quando era adolescente, dá uma de cantor na banda Trinca Acústica.
A banda fez 220 apresentações no ano passado, sendo que pelo menos 30 delas aconteceram em festas corporativas de grandes empresas, como Citibank, Vivo e Banco do Brasil. A atividade rende a Eduardo quase metade do salário que fatura como sócio do bufê. Essa grana financia os gastos dele com gadgets tecnológicos, como o iPad que comprou recentemente.
É essencial separar a renda extra do salário fixo. Quem inclui o dinheiro a mais no orçamento mensal corre o risco de não saber se o trabalho que está desempenhando vale realmente a pena. “A pessoa trabalha, trabalha e não vê resultado efetivo no bolso”, diz Elaine Toledo, consultora financeira de São Paulo. Se não quiser virar escravo da atividade extra, evite modificar de maneira drástica o padrão de consumo.
Além disso, se a receita além do salário não tem periodicidade certa, é melhor não fazer novas despesas contando com o dinheiro. “Quem depende do valor excedente para viver e pagar as contas nunca vai poder parar a atividade secundária”, diz Alfredo Melo, professor de finanças pessoais da Universidade Federal de Minas Gerais.
Para saber quanto de fato rende a segunda atividade, contabilize tudo. Um fotógrafo, por exemplo, tem gastos com álbum, equipamento fotográfico — máquina, luz e miniestúdio —, além da manutenção dos equipamentos. Após um mês de trabalho, deve-se subtrair esses gastos do valor embolsado, pois só assim será possível saber se houve lucro ou prejuízo e quanto tempo foi dedicado à profissão secundária. Sacrificar o convívio familiar ou deixar de fazer o que dá prazer é válido? Bem, tudo vai depender de quais são seus planos.
“Se a pessoa sabe que vai antecipar a compra da casa própria, por exemplo, o sacrifício pode ser benéfico”, diz Maurício Galhardo, sócio da Praxis Education, de São Paulo. Portanto, para não se perder nas contas, defina o que você vai fazer com o dinheiro excedente. Se decidir quitar uma dívida e sair do vermelho, faça antes uma faxina financeira. Coloque todos os gastos em uma planilha e reavalie cada item. Dessa forma, fica fácil saber o que você pode dispensar da lista de despesas.
De acordo com Reinaldo Domingos, educador financeiro de São Paulo, entre 20% e 30% dos gastos de uma família são com itens excessivos e supérfluos. “Muita gente corre atrás de uma renda extra para pagar dívidas, mas lá na frente se enrola outra vez”, diz Maurício, da Praxis. Isso porque, com mais dinheiro disponível, quem não controla o orçamento gasta ainda mais.
Por isso, o dinheiro que entra da atividade extra deve ser usado para sanar os débitos pendentes. Confira nesta reportagem a história de dois profissionais que estão faturando uma boa grana explorando outro dom. Pedimos a dois consultores de finanças para analisar os acertos e os erros de cada um deles. Faça bom proveito dessas lições.
Luciane Matias, advogada, carioca, de 35 anos
Segunda atividade: fotógrafa.
Tempo que dedica à atividade: 15 horas semanais para editar imagens. Sextas e sábados para fotografar.
Quanto ganha a mais: em média, 6 000 reais por mês, quando fotografa dois eventos.
O que faz com a grana: aumentou o valor da prestação do imóvel e planeja viagens ao exterior.
Mãe, fotógrafa e advogada: a advogada carioca Luciane Matias, de 35 anos, transformou a paixão pela fotografia num segundo trabalho. Em 2008, após fazer um curso de fotografia e divulgar o trabalho aos amigos, decidiu qual seria o seu público-alvo. ”Escolhi trabalhar para pessoas que gastam pelo menos 200 000 reais com uma festa”, diz. Ela começou a fotografar casamentos, festas de 15 anos e bebês. Hoje, vende pacotes de serviços cujos preços variam de 4 500 reais a 9 100 reais. Quando se dedica a dois eventos por mês chega a faturar 6 000 reais (já descontados os custos), o que aumenta em 40% seus rendimentos. Com a grana extra, Luciane e o marido bancam 40% a mais das parcelas de um imóvel. Além disso, planejam viagens ao exterior. As próximas serão para o Havaí e para a Tailândia.
Fábio Gallo, professor de finanças da FGV-Eaesp, em São Paulo, dá dicas para Luciane usar melhor suas receitas
Eduardo Carvalho, publicitário e empresário, paulista, de 32 anos
Segunda atividade: vocalista de uma banda.
Tempo que dedica à atividade: 22 horas semanais, incluindo sábados.Quanto ganha a mais: 6 000 reais por mês.
O que faz com a grana: gasta com tecnologia e bons restaurantes.
Música que enche o bolso: o publicitário Eduardo Carvalho, de 32 anos, se sente feliz com seu trabalho — ele é sócio do bufê infantil Cata Vento, em São Paulo. Mesmo assim arranjou tempo para fazer de seu hobby uma atividade lucrativa. Em 2002, se juntou à banda Trinca Acústica, que faz, em média, 220 apresentações por ano.
A renda chega a 6 000 reais, o que representa quase metade do salário que fatura como sócio. Eduardo não tem uma planilha para esmiuçar o orçamento, mas desembolsa pelo menos 2 500 reais com restaurantes e a compra de novas tecnologias, como iPad e iPod. Ele quer comprar um imóvel daqui a cinco anos e já tem 20% do valor aplicado em poupança. “A reserva poderia ser maior, mas reinvisto parte do que ganho na empresa”, diz ele.
Maurício Galhardo, da Praxis Education, dá dicas para Eduardo usar melhor suas receitas