Dúvida (SXC)
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2012 às 12h00.
Há uma história em que uma pessoa fez um compra cujo total foi de sessenta reais. Na hora de preencher o cheque, por não saber escrever sessenta, disfarçou, pedindo que o deixassem fazer o pagamento em duas parcelas. Dois cheques de trinta reais e lá se foi a dúvida ortográfica embora.
No dia a dia, é muito comum tal expediente: trocar o duvidoso pelo certo, em respeito à máxima mais vale uma palavra feia correta do que uma bonita errada.
É por isso que a palavra bastante merece um pouco de nossa atenção, pois ela parece uma palavra de forma única, imutável, imóvel e, portanto, uma roupa que sempre combina com as outras sem risco de ser deselegante. Mas cuidado, pois, de repente, sem querer, você pode estar usando de forma errada.
Bastante parece invariável, mas há usos em que a flexão plural será obrigatória. Bastante vem do verbo bastar, por isso, o sentido original nos remete a algo como suficiente. Outro uso é como sinônimo de muito. Com isso, estabelecemos as trocas: bastante = suficiente ou bastante = muito.
A lição prática é: quando as trocas variam, bastante também varia.
Eles já obtiveram lições bastantes (= suficientes)
Eles viram o filme bastantes (= muitas) vezes.
Eles estavam bastante (= muito) alegres.
Essa riqueza de possibilidades reflete sua extensa classificação:
– adjetivo: Já há provas bastantes para incriminá-lo (= provas suficientes)
– advérbio: Compraram coisas bastante bonitas (= muito bonitas).
– pronome indefinido: Vimos bastantes coisas (= muitas coisas).
– substantivo: Os animais já comeram o bastante (= o suficiente).