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As palavras que ninguém aguenta mais

Professor Diogo Arrais explica porque o vocabulário das mídias sociais pode tanto cansar quanto favorecer o público

Diogo Arrais: O público está cansado de muitas palavras da moda, porque o mindset não aguenta mais a oferta da dieta de zilhões (Getty Images/Divulgação)

Diogo Arrais: O público está cansado de muitas palavras da moda, porque o mindset não aguenta mais a oferta da dieta de zilhões (Getty Images/Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 19 de julho de 2023 às 10h27.

Por Diogo Arrais, professor de português (@diogoarrais)

Mindset, top, jornada, autoconhecimento, arraste para cima, é sobre isso, força do ódio... A lista é enorme de termos responsáveis pela fadiga vocabular aos olhos de quem participa das mídias sociais.

Repetição vocabular causa monotonia. Com isso, a perda do genuíno; questionamentos diante da credibilidade rondarão uma marca pessoal, negócio ou produto. O que fazer para passar uma mensagem de forma elegante e dinâmica?

As mídias sociais (aqui incluo o WhatsApp, os aplicativos de mensagem urgente e e-mail) são canais com alto potencial persuasivo. Por isso, fizeram com que pequenos empresários adentrassem os portais dos milhões. Em cursos, mentorias, livros eletrônicos, diversos apelidados “métodos” – envelopados com técnicas de convencimento – abusam de substantivos, neologismos, verbos e sentenças. O objetivo? Cravar os dez em dez (hipérbole para dez milhões de reais em dez dias de trabalho).

Com isso, aos mais críticos, o deboche. Talvez você se lembre de quando corretores do céu vendiam lotes no paraíso. E... acredite: num país em que compreensão textual é luxo, é natural que muitos caíssem no conto miraculoso. Tudo começa na construção do discurso falado e escrito.

Comunicadores éticos e profissionais com a crítica à flor dos neurônios determinam limites (jamais convenceriam alguém a adquirir “feijões contra Covid” ou “a fórmula secreta para jamais pagarem faturas de cartão”).

Em suma: o uso exacerbado de expressões, no tom sensacionalista, deve ser indagado todos os dias por aqueles que constroem um caminho à solidez na carreira e nos negócios. A revisão das peças, pensando na variedade e no ritmo das palavras, garantirá o devido respeito dos clientes.

Apesar de tudo isso, língua é liberdade. Escritores criativos, mesmo que usem expressões consideradas clichês, farão do desenvolvimento da ideia um campo de aprendizado, prova e curiosidade. Num mundo capitalista, vender é preciso. Se essa negociação vem acompanhada de conteúdo e uma oferta coerentes, a satisfação é certa.

O público está cansado de muitas palavras da moda, porque o mindset não aguenta mais a oferta da dieta de zilhões. Quem ganha com isso são os genuínos e inovadores, porque percorrerão um caminho distinto (e elegante).

Será que os nossos e-mails e postagens estão sendo criteriosos?

Um grande abraço e até a próxima!

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