Pessoa correndo (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 7 de julho de 2015 às 14h00.
Na semana passada, cumprindo a rotineira obrigação de movimentar músculos e articulações, alonguei-me perante uma placa com a seguinte mensagem: Corra com o movimento natural dos seus pés.
É uma frase publicitária, eu pensei. Não posso ficar aqui apenas aficionado por “erros de português”. No entanto, minha mente começou a travar músculos; meu estômago tivera a vontade de expulsar o tão benquisto suco “detox”.
Fiquei ali, frente à placa, como besta, em polichinelos revoltados, enquanto meus bons-sensos disparavam: “Esqueça isso! É apenas uma placa e passou a mensagem! Cumpra logo esses cinco malditos quilômetros e volte a casa!”
Os polichinelos aumentavam. A marca de meus tênis era a mesma da placa e logo esbravejei: “Nossa gramática normativa vem sendo apenas um suvenir! Correr descalço seria menos sofrimento! ”
Diante da guerra entre meu bom-senso e minha mente gramatical, fui embora. Fazer o quê? Correr e ver a placa assombrando meu caráter gramatical?
Caminhando, sôfrego, retornei a meu cubículo denominado lar. Tirei o par de tênis e deixei-o, solitário, lá no tanque. Um ato de retaliação aos que não consultam mais os revisores gramaticais.
Pensei: estaria eu hoje louco? Em desespero, recorri a alguns livros amigos e, para uma espécie de deleite, a sensação de alívio que somente os bons dicionários podem me proporcionar.
Todas elas - refiro-me às obras sobre nossa Língua - são enfáticas em uma regra: as partes do corpo não admitem pronome possessivo.
Em função da minha saúde, do meu bem-estar, não posso abandonar minhas caminhadas, mas garanto que já faz parte de meu desprezo aquele maldito pronome possessivo no plural.
Agora corro com o movimento natural dos pés.
Um grande abraço, até a próxima e siga-me pelo Twitter!