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As lições que você pode aprender nos melhores MBAs do mundo

Entre aulas com Steve Jobs e networking intenso, brasileiros formados nas melhores escolas de negócios do mundo compartilham suas experiências como alunos

Títulos de  pós-graduação (diploma)

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Da Redação

Publicado em 7 de março de 2017 às 15h00.

Última atualização em 7 de março de 2017 às 15h00.

Todo ano, a revista britânica “The Economist” divulga seu ranking dos melhores MBAs do mundo. Por meio de pesquisas quantitativas com as instituições e qualitativas com ex-alunos, a publicação leva em conta os efeitos que um curso do tipo teve na carreira de recém-formados, tanto em termos de qualidade do corpo docente e do aprendizado quanto de aumento salarial após as aulas.

Considerando as primeiras colocadas na lista mais recente, conversamos com sete ex-alunos destas instituições para entender as principais experiências e aprendizados destes cursos, e qual o efeito que uma escola de ponta teve em suas carreiras.

Em comum, são todos bolsistas da Fundação Estudar, organização sem fins lucrativos que apoia o desenvolvimento de jovens talentos brasileiros e financia seus estudos no Brasil e no exterior. A instituição está atualmente com processo seletivo aberto para o seu programa de bolsas de estudo, e é possível se inscrever por aqui até 24/3.

1. Booth School of Business, University of Chicago

 

Líder do ranking, a Booth School of Business abriu as portas em 1898. Em agosto de 2014, Giuliana Reis começou seus dois anos de estudos.

Formada em Administração pelo Insper, em São Paulo, ela sonhava em estudar fora desde pequena. A instituição tem diversos professores formados por Chicago no corpo docente, inclusive o fundador Claudio Haddad.

Mas foi só quando Giuliana – então fundadora de uma startup e com trabalhos em bancos de investimento no currículo – esteve fisicamente na cidade que riscou os outros nomes da lista.

“Depois da visita, não tive a menor dúvida de que era lá que eu queria estar”, conta ela, que teve contato com os acadêmicos locais. Aos que pensam em um MBA, ela aconselha investir nesse tipo de conhecimento direto da fonte.

“É uma parte da preparação que vejo que muita gente dá menos valor: visitar a escola se possível, conversar com ex-alunos e alunos atuais, ler bastante a respeito e falar com quem entende do assunto”, conta. “Acho essencial tentar entender os valores da escola, a cultura de quem estuda lá e a dinâmica da comunidade.”

Hoje gerente de marketing da BRF, gigante alimentícia brasileira com presença em vários países, ela destaca a diversidade da turma e os relacionamentos próximos com colegas como pontos fortes de seu MBA.

“Isso impacta imensamente na carreira, pois você aprende a convencer os outros, lidar com diversos pontos de vista, respeitar visões”, conta. “Além disso, o MBA também é um momento muito precioso de repensar sua carreira e o que você quer deixar de legado para o mundo. Na correria do dia-a-dia, é muito raro ter tempo para pensar na vida – você simplesmente vive. Ter um momento para refletir foi muito valioso para mim.”

2. Kellogg School of Management, Northwestern University


O segundo lugar pertence à Kellogg School of Management, inaugurada em 1908. Imbuída com um espírito colaborativo nos negócios, costuma atrair empreendedores que querem saber mais sobre os aspectos administrativos e vice-versa.

“Lá, o aluno pode ter um bom mix entre estudar cases, que é uma experiência um pouco mais individual e reflexiva, e resolver problemas em grupos com pessoas diferentes e pensar fora da sua zona de conforto”, conta Caio Dimov, formado em 2016.

Engenheiro mecânico pela Escola Politécnica da USP (Poli-USP), estava há anos na consultoria Roland Berger, em São Paulo, e queria aumentar seus conhecimentos sobre administração e finanças, entre outros.

Decidiu-se pela Kellogg tanto pelo foco na colaboração quanto pela possibilidade de fazer um mestrado duplo em Administração e Design & Inovação.

“Fala-se muito sobre desenvolvimento de produtos, tecnologia, design thinking e novos modelos de negócios”, conta ele. “As aulas de design e inovação são em um prédio separado, com um laboratório de inovação, impressoras 3D e material para prototipagem, além de ter interação com empresas relacionadas. Visitamos, por exemplo, Tesla, IDEO e Harley Davidson.”

Hoje no escritório da Roland Berger em Chicago, ele aproveitou para fazer dois estágios de verão nos EUA, na AB InBev e na Maserati.

“O MBA impactou minha carreira me tornando um profissional mais versátil e com conhecimento sobre diversos tópicos e indústrias, além de abrir a minha cabeça com novas experiências profissionais e pessoais”, conclui.

Karina Hirai, administradora pela FGV-SP, era proprietária e gestora de dois restaurantes em São Paulo e tinha outro no caminho quando decidiu ir para a Kellogg, em 2006.

“Os restaurantes iam bem, mas sabiam que por serem alta gastronomia não tinham como escalar e eu estava chegando no teto de crescimento”, lembra. “Meu sonho naquele momento cresceu e eu queria empreender em escala global, criando uma linha de alimentos brasileiros e exportando-a para outros países.”

Hoje à frente da ProntoChef, startup fundada em 2015 que entrega kits de refeições semanalmente a clientes, também escolheu a Kellogg após uma visita ao campus. “Tive uma experiência especial por ter tido a oportunidade de encontrar brasileiros que estavam estudando lá na época”, conta.

Para ela, o networking e a vontade renovada de trabalhar no mundo corporativo – ela aproveitou para fazer estágios de verão na Diageo, em Nova York, e trabalhou por cinco anos na consultoria estratégica McKinsey na volta – foram importantes para conseguir tirar o negócio do papel.

“Acredito que a maioria das pessoas que iniciam o MBA não sabem ao certo o que querem fazer depois ou acabam mudando de planos – foi o meu caso”, conta. “Ele abre muitas portas e possibilita uma mudança drástica de carreira.”

4. Harvard Business School, Harvard University

 

Gabriela Weisse, engenheira formada pelo ITA, é atualmente aluna da Harvard Business School, a quarta da lista e também fundada em 1908. Ela interrompeu a carreira no Brasil para desenvolver habilidades pessoais que considera importantes para seu futuro profissional.

Ela, que prefere aprender na prática, escolheu a a escola pela ênfase dada à metodologia de casos, em que alunos precisam estudar situações de negócios reais. “É uma simulação diária de reunião e precisamos expôr nossos pontos de vista de forma concisa e convincente, além de estarmos prontos para discutir com visões de mundo completamente diferentes das nossas.”

O aprendizado vem de outras maneiras também, como em discussões, leituras aprofundadas e mesmo filmes. Um dos títulos recentes e analisado ao longo de duas aulas é o clássico “Doze homens e uma sentença”, de 1957.

O longa se passa na sala de um júri popular que precisa decidir se condena ou não o réu, e foi usado para explicar táticas de persuasão e negociação.

O conceito principal explorado pelos professores de Harvard ali é o de “líder como arquiteto”, alguém que sabe os momentos certos para apresentar uma ideia, como alinhar objetivos de cada um, quando usar a maioria a seu favor e como agir quando em minoria.

Mesmo no meio do curso, Gabriela já nota diferenças na própria performance. No dia a dia como estagiária de verão na equipe de private equity da Advent International, percebeu que está mais disposta a pedir ajuda, escuta feedbacks informais com mais atenção e se comunica com mais clareza.

“O MBA é importante por ser um ambiente livre de riscos para tentar, errar, treinar e aprender”, conclui.

5. Stanford Graduate School of Business, Stanford University

 

Gabriel Silva se lembra da apresentação sobre o iPhone que fez para o próprio Steve Jobs, em 2006. É uma das experiências mais emblemáticas que traz de seu mestrado na Stanford Graduate School of Business, fundada em 1925 e onde foi para mergulhar no mundo de empreendedorismo e tecnologia.

Quando Gabriel chegou, tinha no currículo experiência com private banking no Banco Pactual. Ao sair, já imbuído do espírito empreendedor do Vale do Silício, conseguiu fazer a transição de carreira que desejava. Hoje é CFO do Nubank, a fintech mais famosa do Brasil.

“Conheci muita gente brilhante e fiz amizades para a vida inteira”, conta ele, que é formado em Economia e Relações Internacionais pela Tufts University. “O MBA me expôs a oportunidades muito diversas.”

Foi a mesma vontade de conhecer de perto o pólo de inovação que atraiu Eduardo Vasconcellos, engenheiro formado pela Poli-USP.

Em busca de uma visão global e atualizada sobre o mundo e uma instituição que se alinhasse com seus valores – “entre as melhores escolas, uma é bem diferente da outra. Então não escolham apenas pela marca, mas sim pela cultura” –, ele deixou seu emprego numa empresa de investimentos e fez as malas em 2014.

“A Califórnia e o Vale do Silício são lugares muito especiais, de onde saíram pessoas, instituições e inovações que mudaram a sociedade”, fala. “Stanford tem uma visão, talvez até meio inocente, de que é possível ter um impacto relevante no mundo e que se você quiser e trabalhar muito por um sonho, ele pode se realizar.”

Hoje ele mora em Nova York e trabalha como analista de investimentos na Capricorn Investment Group, uma empresa de investimentos de impacto.

“O conhecimento técnico e principalmente as soft skills, como aprender a negociar, se colocar no lugar do outro e traçar ações a partir disso foram muito importantes”, diz. “E quando converso com alguém que fez Stanford no meu trabalho, a conexão é imediata. ‘Essa reunião precisamos fazer X, semelhante ao que aprendemos naquela aula Y’.”

Aluna da turma formada em 2012, Flavia Deutsch estava há quatro anos na área corporativa do Citibank quando decidiu obter seu MBA. “Stanford era um sonho meu desde a época da graduação, por me identificar com o programa e a filosofia da instituição”, conta ela, que se formou em Administração pela FGV-SP. “Quanto mais eu conversava com alunos, mais me encantava com o curso.”

Lá, conta, viu acontecer transformações pessoais e profissionais. “Adquiri uma visão estratégica de negócios, mudei minha perspectiva sobre o mundo e me questionei muito sobre a vida que eu deseja levar”, fala. Decidiu, como muitos colegas, dar uma guinada na carreira.

Voltou ao Brasil, deixou o banco e passou a trabalhar em uma startup, a Acesso Soluções de Pagamento. Hoje, é diretora de produtos e marketing. “Durante os dois anos em Stanford, não apenas me preparei para essa mudança como criei a coragem e confiança em mim de que daria certo”, resume.

O processo de candidatura pode ser extenuante e o momento precisa ser pensado com cuidado, mas é raro encontrar alguém que se arrependa dos dois anos passados em algumas das melhores salas de aula do mundo.

“A vida é tão complicada, tão cheia de caminhos a se tomar, somos bombardeados por informações o dia todo – quem me dera ter decisões tão fáceis de fazer quanto um MBA em Stanford!”, conclui Eduardo.

Top 10 MBAs do mundo, de acordo com a The Economist

 

1. University of Chicago: Booth School of Business (EUA)
2. Northwestern University: Kellogg School of Management (EUA)
3. University of Virginia: Darden School of Business (EUA)
4. Harvard Business School (EUA)
5. Stanford University: Graduate School of Business (EUA)
6. Dartmouth College: Tuck School of Business (EUA)
7. University of California at Berkeley: Haas School of Business (EUA)
8. University of Navarra: IESE Business School (Espanha)
9. HEC School of Management, Paris (França)
10. The University of Queensland Business School (Austrália)

* Este artigo foi originalmente publicado pelo Na Prática, portal da Fundação Estudar

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