Depois dos 60 anos,é a fase para curtir o bom planejamento financeiro (Peter Caulfield/SXC)
Da Redação
Publicado em 16 de junho de 2014 às 14h04.
São Paulo - O Brasil é conhecido mundialmente pela criatividade e pela capacidade de improviso. Em termos de planejamento financeiro, porém, o famoso “jeitinho” gera dados preocupantes: segundo pesquisa do banco HSBC, só 38% dos brasileiros poupam regularmente. Para realizar sonhos e ter uma aposentadoria segura, porém, é preciso se planejar o mais cedo possível.
Nossos planos — investir na formação acadêmica, comprar um imóvel, adquirir um plano de previdência privada — vão se alterando de acordo com a idade, o aumento de responsabilidades, a maturidade e a saúde para trabalhar.
Para cumprir nossas metas em cada fase da vida, é preciso adaptar a postura financeira, buscando, por exemplo, aplicações mais rentáveis e agressivas na juventude e opções mais seguras perto da aposentadoria.
Segundo a Global Enterpreneurship Monitor, a maior parte dos empreendedores no Brasil, 33,8%, tem entre 25 e 34 anos — um reflexo do maior apetite por riscos dessa faixa etária. Já na faixa dos 30 aos 35 anos, costumam entrar em pauta projetos como casamento, aumento da família, compra de um imóvel ou de um carro, que elevam o risco de endividamento.
A partir dos 50, a prioridade passa a ser a aposentadoria, o que exige cautela nos investimentos. A seguir, você encontra uma série de dicas dos especialistas para curtir o melhor de cada idade com tranquilidade e saúde financeira.
Cronologia de uma conta bancária
Entenda como seu planejamento financeiro muda conforme a faixa etária
Dos 20 aos 30 anos
Investimento na Educação: O foco de suas finanças deve ser o investimento em capacitação: faculdade, curso de idiomas, viagem de intercâmbio ou pós-graduação. Se recorreu ao crédito estudantil, use suas reservas para quitar as prestações e não sair dessa década endividado.
Seus ganhos são menores, mas facilidades como ainda morar na casa dos pais aumentam sua capacidade de poupar. Se começar a investir 1 700 reais mensais em previdência privada aos 25 anos, terá um benefício de 10 000 reais por mês ao se aposentar. Se começar aos 35, precisará investir o dobro para alcançar o mesmo valor.
Nesta etapa, em que provavelmente ainda não há responsabilidade com casamento e filhos, é possível correr mais riscos financeiros, como apostar em aplicações de renda variável. Uma alternativa são os fundos de dividendos, que permitem diversificar os investimentos sem ter de aplicar grandes quantias. Outra opção são os fundos de índice (ETFs) para empresas menores, com grande potencial de crescimento.
Quem desejar abrir a própria empresa deve recorrer a duas alternativas principais: o microcrédito, que tem a desvantagem de ter o volume bastante reduzido, e as linhas do BNDES para pequenos empresários, que têm as menores taxas do mercado.
Os impulsos de consumo, como a compra de eletrônicos de última geração, são os grandes vilões nessa idade. Analise com cuidado se há folga no orçamento para adquirir esses bens.
Dos 40 aos 50 anos
Fase de investimento nos filhos: Você está ganhando mais, então procure adiantar prestações do financiamento imobiliário. Poupe cerca de 15% do salário para investimentos, que podem ser mais agressivos, e faça seu dinheiro trabalhar por você. Mas não se esqueça de diversificar o mix para diluir os riscos.
Além de investir, prepare-se para eventualidades. Cargos mais altos, como provavelmente é o seu nesta fase, exigem mais tempo para recolocação. Tenha uma reserva equivalente a pelo menos seis meses de despesas mensais. Os gastos com seus filhos — principalmente com educação — só tendem a aumentar. O principal projeto deve ser a faculdade deles. Poupe para isso.
Não mexa na previdência privada sob nenhuma hipótese ou poderá comprometer gravemente o planejamento de sua aposentadoria.
Dos 30 aos 40 anos
Fase de construção do patrimônio: Nesta fase, você está envolvido em grandes projetos financeiros, como a compra da casa própria, o casamento ou a chegada de um filho.
No caso do imóvel, o ideal é poupar para dar uma entrada e evitar prestações que comprometam mais de 25% do orçamento familiar. Consulte ao menos três bancos e negocie descontos.
Suas responsabilidades estão maiores por causa da família. Crie o hábito de poupar bônus e prêmios e tenha uma reserva para emergências.
Lembre-se de que os ciclos de carreira estão mais curtos e que deverá investir regularmente em cursos de atualização ou que lhe permitam mudar de área. As reservas financeiras vão ajudá-lo nesse processo.
Projetos de custo menor ou de curto prazo demandam aplicações de baixo risco e rendimento menor, como a poupança ou a compra de títulos do governo. Se o projeto for para daqui a cinco anos, o mercado de ações ou os fundos multimercados são opções, porque o risco será diluído ao longo do tempo, e os ganhos poderão ser maiores.
Se ainda não o fez, dê entrada em um plano de previdência privada, em especial se a empresa em que você trabalha contribui. Os planos VGBL ainda funcionam como seguro de vida, uma proteção para sua família.
Dos 50 aos 60 anos
Preparando a aposentadoria: Tente reduzir seus gastos e investir mais, pensando na vida pós-aposentadoria. Reserve de 10% a 30% dos ganhos para a previdência privada e faça investimentos seguros, como a poupança e as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs).
A expectativa de vida no Brasil é de 74,6 anos, mas os consultores sugerem fazer um planejamento como se fosse viver até os 90. Lembre-se de que nessa fase ocorrerá um aumento das despesas com saúde. Invista num bom convênio.
Acima dos 60 anos
Época de relaxar e aproveitar: O esforço de poupança e de investimentos feitos ao longo dos anos deve ser recompensado com uma aposentadoria tranquila, com viagens e qualidade de vida.
Adote uma segunda carreira numa área que lhe dê prazer. Assim você vai preservar sua poupança por mais tempo, além de espantar o tédio.
Se planeja abrir um negócio, seja cauteloso para não se endividar nesta fase, pois a chance de recuperação é pequena.