Segurança: prejuízos milionários com roubos e furtos puxam demanda por este profissional (Thinkstock)
Camila Pati
Publicado em 13 de setembro de 2016 às 15h58.
São Paulo – A procura por executivos para o comando da área de segurança de grandes empresas vem crescendo nos últimos tempos. “Em cinco anos, a demanda quadruplicou”, diz Lucas Rizzardo, gerente da Michael Page, consultoria de recrutamento executivo. Neste ano, o crescimento registrado foi de 50% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período de 2015.
Embora tenha havido alta na demanda, não se trata de uma posição com muitas oportunidades. É um profissional relativamente raro e com muitas nomenclaturas. Em português pode ser gerente de segurança, gerente de segurança patrimonial, gerente de segurança patrimonial e prevenção de perdas.
Cargo estratégico em multinacionais, também pode ser chamado por nomes em inglês como, por exemplo, security manager, loss prevention manager, country security manager e por aí vai. Inglês fluente é requisito primordial nesses casos, um desafio para recrutadores, já que a exigência acaba barrando muitos candidatos. O idioma é uma ferramenta de trabalho para gerentes que, muitas vezes, se reportam a diretores de segurança na matriz no exterior ou em unidades da América Latina.
Sua função primordial é zelar pelo patrimônio e pela segurança da empresa, ao prevenir furtos e roubos de produtos, tanto em ambiente interno, como no transporte das cargas. “Grandes empresas de diversos setores contratam, mas, especialmente, companhias de tecnologia, de segurança, de segurança da informação, farmacêuticas, de bebidas e de tabaco”, diz Rizzardo.
Alguns profissionais também têm a responsabilidade de proteger a integridade física de executivos do alto escalão da empresa. Ou seja, é um cargo de confiança, por excelência, e isso também faz subir o salário. A variação é entre 12 mil reais, em empresas com uma estrutura menor, e 30 mil reais, em multinacionais.
Achou o salário alto? Imagine que a companhia tenha 10 milhões de reais de prejuízo anual por conta de roubos de carga e contrate um gerente de segurança a 300 mil reais por ano. “Se ele diminuir as perdas para 6 milhões já pagou o custo dele, de longe”, diz Rizzardo.
Foi justamente esse tipo de cálculo um dos motivos que fez crescer a demanda por esses executivos. Com passagens pela polícia ou pelo exército, esses profissionais conseguem se antecipar e atuar diretamente na prevenção tendo impacto direto no caixa das empresas. Os bons contatos na área de segurança são cruciais para se destacar no mercado corporativo, segundo Rizzardo.
Além da experiência na área de segurança, muitos profissionais também têm formação superior em administração ou direito. Homens são maioria, mas há exceções como a country security and crisis manager da multinacional ABB no Brasil, Vivi Bruni. “Mulheres são minoria nessa posição, não conheço nenhuma no Brasil, além de mim”, diz ela que foi combatente de uma unidade de infantaria do Exército de Israel durante três anos.
Como country security manager da ABB ela cuida da segurança da empresa e de seus projetos, e também dos seus executivos.Há 15 anos no ramo de segurança, Vivi já trabalhou para o governo de Israel e também em países da África. Antes de assumir na ABB, há um mês, trabalhou para o Grupo Haganá e para a G4S.
Sempre em ambientes dominados por homens, ela diz já estar acostumada à desconfiança inicial. “No começo sentem medo, vejo isso claramente. Mas depois me conhecem e veem que sou capaz”, diz.
Em sua opinião, uma das melhores formas de se desenvolver na profissão e se destacar é garantir experiências no exterior. “O canal não é o Brasil, então se tiver a oportunidade de ir para fora”. Abrir o leque de trabalhos também é indicado. “Empresa de segurança é diferente do mundo corporativo”, diz. Quanto mais diversificada for a trajetória neste setor, melhor.